Um negócio "bifocado" no passado e no futuro
A POLO tem uma longa história no negócio das lentes oftálmicas. E, actualmente, exporta mais de metade da sua produção
Nasceu há 44 anos (1967) para produzir lentes unifocais. Na década de oitenta acompanhou a evolução do produto e lançou-se no fabrico das bifocais. Hoje, junta a estas as progressivas, sem, no entanto perder o mercado que ainda possui para as "ultrapassadas" lentes bifocais. Olhando para o percurso da empresa esse parece ser o seu lema: olhar para o futuro, sem esquecer o passado.
Em 1980, a empresa atingiu o seu máximo de produção com um registo de 300 mil lentes unifocais a saírem todos os meses da fábrica, das quais 97% eram destinadas a exportação (Europa e EUA).
Com o evoluir das lentes ópticas e o aumento de salários registado na década de oitenta, a empresa passou por alguma dificuldades e decidiu apostar no novo produto - à data, tratava-se da tecnologicamente avançada lente bifocal.
Actualmente a empresa é o maior produtor europeu de lentes bifocais, uma vez que também é o único fabricante deste tipo de lentes no velho continente. Os responsáveis da empresa consideram haver ainda um mercado que justifica o investimento e os números parecem dar-lhes razão. A empresa fabrica cerca de duas mil lentes bifocais por dia e, embora as encomendas tenham apresentado um decréscimo (2010 registou uma queda de 19,1%) o que é facto é que, no ano passado, a empresa recebeu quase 350 mil encomendas para este tipo de lentes tendo facturado mais de três milhões de euros.
Em 2006, perante a conclusão de que as lentes progressivas já representavam mais de 90% do mercado português, a POLO viu-se obrigada a fazer novo investimento e, a troco de cerca de três milhões de euros, adquiriu a tecnologia necessária para fabricar as mais avançadas lentes progressivas do mercado e criou a FIBO - Fábrica Ibérica de Óptica para comercializar o novo produto.
As empresas exportam actualmente 63% da sua produção com destino para a Alemanha, França, Irlanda e Norte de África, no caso das bifocais, e Alemanha, Espanha e Cabo Verde no caso da progressivas.
O futuro passa por consolidar o mercado das lentes progressivas (facturou 1,3 milhões de euros em 2010) e a conquista de novos mercados para este produto.
Perguntas a ...
ARMANDO GUIMARÃES
ADMINISTRADOR DA POLO, SA
"Estamos a sondar o mercado de Angola. Achamos que é um mercado com grande potencial"
O mercado das lentes oftálmicas tem sofrido uma evolução tecnológica assinalável nos últimos 40 anos. Este facto tem obrigado a empresa a adaptar-se às novas condições do mercado.
Ainda há procura para lentes bifocais, com o aparecimento das progressivas?
Ainda há procura e nós produzimos cerca de duas mil lentes bifocais por dia. As pessoas de idade ainda continuam a procurar. Habituaram-se e agora já não vão mudar para a lente progressiva.
Mas de qualquer forma é um produto que tem uma "esperança de vida" curta...
É um produto que está em decadência. Há uns nichos de mercado ainda, mas é um produto ultrapassado pela progressiva e por isso tivemos que nos adaptar. Em 2006 começámos a ver que o vidro estava a ser ultrapassado com o aparecimento de novos materiais plásticos, por isso a empresa decidiu criar uma nova empresa, a FIBO - Fábrica Ibérica de Óptica, que se destinava a comercializar as lentes plásticas progressivas. Fizemos um investimento de cerca de três milhões de euros e que nos permite fazer lentes progressivas à medida dos clientes. É como fazer um fato à medida.
Como está a correr?
O nosso volume de vendas divide -se em 63% respeitante a exportação e 37% respeitante ao mercado interno. A POLO facturou três milhões e cinquenta e dois mil euros e a Fibo facturou um milhão e trezentos mil euros. As lentes de vidro [bifocais] exportamos para a Alemanha, França, Irlanda e também alguma coisa para o Norte de África. As lentes plásticas [progressivas] ainda só exportamos para Alemanha, Espanha e Cabo Verde. Estamos a sondar o mercado de Angola. Achamos que é um mercado também com um potencial grande.
Ideias-chave
Começou num esforço de desenvolver o interior do País e o caminho deverá levar a abertura de filial em espanha
1. Único alvará existente a nível nacional
A POLO foi constituída em 1967, em Vila Real, porque, à data, numa política de desenvolvimento do interior do País, o único alvará existente a nível nacional era para essa cidade.
2. Exportadora desde o início
Desde a sua constituição que a POLO tem uma forte componente exportadora. Na década de 80, 97% da sua produção era para exportação. Hoje cifra-se nos 63%.
3. Angola em estudo
A empresa está actualmente a estudar a hipótese de exportar para Angola, um mercado que, reconhece, tem "grande potencial".
4. Internacionalização em estudo
A abertura de filiais fora de Portugal também está a ser estudada pelos responsáveis da empresa. Actualmente, a hipótese mais forte é Espanha, devendo haver decisões a esse respeito em 2013.
5. Maior empregador de Vila Real
A POLO é actualmente o maior empregador de Vila Real, empregando 84 trabalhadores.
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