Os resultados do banco liderado por Fernando Ulrich sofreram, no ano passado, um impacto negativo não recorrente de 319,8 milhões de euros, sendo que o total das rubricas de provisões, imparidades com o crédito e outras imparidades e provisões ascendeu a 603,3 milhões de euros. Destes, 338,9 milhões deveram-se a perdas relativas à posição que o banco constituiu em dívida grega.

Uma aposta de que Fernado Ulrich, presidente executivo do BPI, disse não ter “nenhum orgulho” e que considerou uma “má decisão”. “Com a informação que tínhamos na altura, não se via o risco que se veio a verificar. Mas ultrapassado este caso, a situação do banco como um todo é muito sólida em capital e liquidez.”

O BPI teve de registar imparidades no valor de 64% da dívida grega que detém e que está disponível para negociação e contabilizou uma desvalorização de 50% da dívida que está registada como destinada a ser mantida no balanço até à maturidade.

As perdas não recorrentes, que incluem 70,9 milhões de euros que resultam de diferenças actuariais na transferência dos fundos de pensões para a Segurança Social, foram parcialmente compensadas por receitas não recorrentes relativas à recompra de títulos do banco e de contribuições em espécie para os fundos de pensões.

Excluíndo eventos não recorrentes lucro caiu mais de 30%

Excluindo o impacto de itens não recorrentes, o BPI teria registado um resultado líquido positivo de 115,9 milhões de euros em 2011, que compara com lucros de 184,8 milhões registados em 2010 e que representaria uma quebra de 37,3% nos resultados apurados durante o ano passado.

Resultados que "em base recorrente", não surpreenderam o analista André Rodrigues do Caixa BI, que considera o prejuízo do banco um “facto negativo”. “Positivamente, destacamos mais uma vez a actividade internacional, que voltou a apresentar uma rentabilidade elevada” com um retorno dos capitais próprios de 28,9%.

Na restante banca, o BCP perde 0,71% para 0,14 euros por acção, enquanto o BES valoriza 0,62% para 1,308 euros. Ambos os bancos apresentarão resultados hoje após o fecho do mercado, sendo que a perda do BCP em 2010 se terá saldado em torno dos 500 milhões de euros e a do banco liderado por Ricardo Salgado terá sido na ordem dos 15 milhões de euros, segundo estimou o BPI Equity Research na semana passada.