AEP: "Cada imigrante que entra no nosso país não é só mão de obra, é um cidadão"
Em tempo de eleições, o presidente da Associação Empresarial de Portugal defende a redução do peso da carga fiscal na atividade das empresas e sublinha a importância de integrar os imigrantes.
A tributação sobre o lucro das empresas é tema comum a todos os programas eleitorais, mas com sentidos divergentes. Enquanto AD, IL, Chega e PAN querem baixar o IRC, o PS prefere falar noutros incentivos ao crescimento e PCP, Livre e Bloco de Esquerda defendem agravamento de impostos. Perante estas propostas, Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), mantém o que já defendeu no contexto de outras eleições: uma redução progressiva do IRC para os 17%.
"É claro que nós sabemos e temos consciência que temos de fazer isto de forma progressiva, até porque não é possível fazê-lo de outra forma e porque entendemos que era importante conciliar isto e conjugar isto com uma redução do IRS. Do IRC porque é importante não só para as empresas, mas também um sinal para a captação de investimento e para a atração de outras empresas e de outros investimentos. Do IRS porque permitirá, por um lado, melhorar o rendimento disponível dos que já temos no país e, por outro lado, estimular o regresso de muitos portugueses que emigraram voltarem ao nosso país", explica em entrevista ao Negócios.
Luís Miguel Ribeiro é taxativo e considera que "não existe um país que possa ter boas políticas sociais, que possa ter boas condições de vida para quem cá vive, que possa ser atrativo se não tiver políticas públicas que estimulem a criação de riqueza, que estimulem a atividade empresarial e que criem condições, de facto, para que os que cá estão tenham mais oportunidades, não tenham de emigrar".
Por outro lado, acrescenta o presidente da AEP, também é importante o país ser "atrativo" devido à questão demográfica. "A questão da imigração é uma questão fundamental que nós temos de saber viver com ela, ter políticas e ter forma de controlar esta questão da imigração, mas percebermos que cada imigrante que entra no nosso país não é só mão de obra, é um cidadão que deve ser integrado, que deve ser acolhido, que tem vida social e que tem também uma atividade profissional".
"É fundamental termos consciência disto, é fundamental que as políticas públicas criem condições para que os imigrantes não sejam olhados como um problema, mas sim como uma solução importante para o nosso país", sublinha.
Finalmente, diz Luís Miguel Ribeiro, é essencial que "o Estado diminua a burocracia, seja na relação com as empresas, seja na relação com os cidadãos. A imigração é um caso claro e um bom exemplo daquilo que é o impacto da burocracia do Estado, as dificuldades que isto cria às empresas na legalização, no enquadramento destas pessoas que vêm trabalhar para o nosso país, nos problemas sociais que isto está a criar. Mas as empresas sentem-no também diariamente na relação com o Estado, seja em termos da fiscalidade, seja nas questões laborais e, por isso, é fundamental a redução da burocracia na relação do Estado com as empresas e com os cidadãos".
Mais lidas