As armas dos espanhóis que são motivo de inveja em Portugal
As companhias espanholas estão a deixar a sua pegada um pouco por todo o mundo. Em qualquer ponto do globo consegue-se encontrar um balcão do Santander, uma bomba da Repsol ou uma loja do grupo Inditex, com forte destaque para a Zara.
Negócios
29 de Maio de 2025 às 16:30
Sabe o que é o ego? Todos sabem, mas no mundo dos negócios a explicação é ligeiramente diferente. "É o pequeno espanhol que vive dentro de nós", diz, em tom de brincadeira, Carlos Mota Santos, CEO da Mota-Engil, mas traduzindo, no entanto, um sentimento que inunda muitos empresários. E porquê? Por todos os apoios a que as empresas de "nuestros hermanos" podem aceder, fomentados pelo Estado espanhol, para que consigam crescer, tornarem-se grandes e chegarem ao estatuto de campeãs mundiais.
Portugal e Espanha têm formas muito distintas de olhar para o tecido empresarial dos seus países. Há apoios às empresas dos dois lados da fronteira, mas há uma lógica muito mais amiga das empresas na economia do vizinho. Os acordos para travar a dupla tributação existem tanto lá como cá, mas são muito mais abrangentes no caso espanhol, procurando promover a internacionalização através da redução da carga fiscal dos rendimentos obtidos no estrangeiro. Mas isso nem sempre chega para as empresas darem o passo em frente.
Focada em fazer crescer a marca "Espanha" no mundo, o país adotou, à semelhança de outras grandes economias europeias, uma diretiva europeia que permite a amortização do "goodwill" nas concentrações empresariais. E faz isso desde 2016, permitindo, desde então, uma poupança fiscal para as empresas que lhes dá uma vantagem competitiva face às restantes concorrentes. A Inditex, a Telefónica, o Banco Santander e a Acciona são exemplos de empresas que adquiriam empresas internacionais, tirando partido deste benefício que por cá continua sem existir.
A medida fez parte do pacote de 60 medidas para "Acelerar a Economia", que chegou a ser aprovado pelo Governo de Luís Montenegro no verão do ano passado. Contudo, continua sem ser possível deduzir o valor excedente de uma aquisição, isto é, a diferença entre o que é pago e o valor de mercado da empresa-alvo.
Máquinas a funcionar no exterior
No sentido de promover a internacionalização, os dois países não diferem assim tanto. Espanha possui o ICEX, que apoia as empresas diretamente ou através de assessoria, dando-lhes ferramentas que permitam aumentar a sua competitividade no mundo e acrescentar valor à economia espanhola. Em território nacional, esse papel cabe ao AICEP, que dá suporte, mas também ajuda no financiamento das empresas que querem expandir-se lá para fora, nomeadamente através dos fundos do PRR, PT2030 e do Compete 2030.
Também o Instituto Oficial de Crédito, dependente do Ministério da Economia espanhol, tem linhas destinadas a financiar atividades e projetos autónomos para a expansão internacional de companhias hispânicas, dando ainda acesso a capital de risco por via da Axis, nomeadamente a startups, que lhes permite dar o salto para novas geografias. Por cá, este papel é desempenhado pelo Banco Português de Fomento que tem vindo a ganhar maior peso no suporte às empresas portuguesas, cabendo-lhe, entre outros, o papel de ajudá-las a enfrentar as tarifas dos EUA.
Portugal e Espanha têm formas muito distintas de olhar para o tecido empresarial dos seus países. Há apoios às empresas dos dois lados da fronteira, mas há uma lógica muito mais amiga das empresas na economia do vizinho. Os acordos para travar a dupla tributação existem tanto lá como cá, mas são muito mais abrangentes no caso espanhol, procurando promover a internacionalização através da redução da carga fiscal dos rendimentos obtidos no estrangeiro. Mas isso nem sempre chega para as empresas darem o passo em frente.
Focada em fazer crescer a marca "Espanha" no mundo, o país adotou, à semelhança de outras grandes economias europeias, uma diretiva europeia que permite a amortização do "goodwill" nas concentrações empresariais. E faz isso desde 2016, permitindo, desde então, uma poupança fiscal para as empresas que lhes dá uma vantagem competitiva face às restantes concorrentes. A Inditex, a Telefónica, o Banco Santander e a Acciona são exemplos de empresas que adquiriam empresas internacionais, tirando partido deste benefício que por cá continua sem existir.
A medida fez parte do pacote de 60 medidas para "Acelerar a Economia", que chegou a ser aprovado pelo Governo de Luís Montenegro no verão do ano passado. Contudo, continua sem ser possível deduzir o valor excedente de uma aquisição, isto é, a diferença entre o que é pago e o valor de mercado da empresa-alvo.
Máquinas a funcionar no exterior
No sentido de promover a internacionalização, os dois países não diferem assim tanto. Espanha possui o ICEX, que apoia as empresas diretamente ou através de assessoria, dando-lhes ferramentas que permitam aumentar a sua competitividade no mundo e acrescentar valor à economia espanhola. Em território nacional, esse papel cabe ao AICEP, que dá suporte, mas também ajuda no financiamento das empresas que querem expandir-se lá para fora, nomeadamente através dos fundos do PRR, PT2030 e do Compete 2030.
Também o Instituto Oficial de Crédito, dependente do Ministério da Economia espanhol, tem linhas destinadas a financiar atividades e projetos autónomos para a expansão internacional de companhias hispânicas, dando ainda acesso a capital de risco por via da Axis, nomeadamente a startups, que lhes permite dar o salto para novas geografias. Por cá, este papel é desempenhado pelo Banco Português de Fomento que tem vindo a ganhar maior peso no suporte às empresas portuguesas, cabendo-lhe, entre outros, o papel de ajudá-las a enfrentar as tarifas dos EUA.
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