Em Outubro passado, o presidente da Câmara de Gaia revelou ao Negócios que estava próximo de conseguir captar para o concelho um grande investimento industrial de origem norte-americana.

"Temos um grande investimento, da ordem dos 25 milhões de euros, para a zona industrial de Sandim. Trata-se de uma unidade fabril norte-americana, ligada à indústria agro-alimentar, que irá criar 600 postos de trabalho", revelou então Eduardo Vítor.

Sem identificar o promotor nem o tipo de investimento em questão, o autarca mostrava-se optimista: "Estamos a fazer tudo para conseguir cativar este investimento."

Nove meses depois, ficou-se a saber que Gaia perdeu este investimento para o concelho vizinho de Santa Maria da Feira.

Na passada sexta-feira, 22 de Julho, o primeiro-ministro apadrinhou, na Feira, a assinatura do contrato de investimento com a Amy’s Kitchen, que vai construir junto ao Europarque uma fábrica de confecção de refeições embaladas "vegan" (vegetarianas) pré-cozinhadas.

Quando questionado pelo Negócios sobre a perda deste investimento, o presidente da autarquia de Gaia preferiu destacar os benefícios que a cidade que lidera poderá ainda amealhar com a instalação da Amy’s Kitchen na Feira.

"Apesar de a empresa em concreto ter optado por um concelho vizinho para se fixar, estamos certos de que o seu impacto económico e social beneficiará todos os concelhos vizinhos, gerando novos empregos para muitos gaienses", afirmou Eduardo Vítor.

Foi em competição com outros países, numa primeira fase, e com outros concelhos portugueses, que Santa Maria da Feira ganhou este investimento, o primeiro da Amy’s Kitchen fora dos Estados Unidos, onde foi fundada, no estado da Califórnia, e emprega cerca de 1.600 pessoas.

Será no Lusopark, zona empresarial da feira situada junto do Europarque, que a Amy’s Kitchen vai instalar a sua fábrica, que ocupará uma área de cerca de 80 mil metros quadrados, equivalente a oito campos de futebol.

As obras de construção deverão começar no início do próximo ano, devendo a unidade industrial começar a laborar em pleno em 2018.

Para um investimento total de 60 milhões de euros e a criação de 600 postos de trabalho, em cinco anos, a primeira fase do projecto deverá implicar 37 milhões e envolver a contratação de 160 pessoas.

Este investimento é também relevante pelo facto de não existir actualmente nenhuma instalação industrial dotada para a produção deste tipo de produtos em território europeu.

Resultado: a Amy’s Kitchen da Feira deverá gerar 99% das suas vendas estimadas de 36 milhões de euros, no ano cruzeiro, nos mercados internacionais.