ERSE dá luz verde à REN para testar hidrogénio na rede em Braga

O regulador garante que a empresa "acompanhará e informará os clientes que irão ser abastecidos pela mistura de hidrogénio e gás natural durante os períodos de injeção de hidrogénio".
Bloomberg
Bárbara Silva 24 de Junho de 2025 às 18:47


A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) anunciou esta terça-feira que deu luz verde à REN - Redes Energéticas Nacionais para testar em contexto real, na rede de transporte, uma mistura de gás natural e hidrogénio, que chegará aos fogões e esquentadores dos consumidores  no distrito de Braga. No entanto, o regulador garante que a empresa "acompanhará e informará os clientes que irão ser abastecidos pela mistura de hidrogénio e gás natural durante os períodos de injeção de hidrogénio". 

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"Uma vez que os níveis previstos de concentração de hidrogénio estão de acordo com os limites de operação dos equipamentos para a queima de gás natural, não se preveem constrangimentos para os clientes", diz a ERSE.

O regulador do setor energético acaba assim de aprovar o projeto-piloto da REN Gasodutos denominado “Injeção de hidrogénio para testes na Rede Nacional de Transporte de Gás”, no âmbito do Regulamento da Qualidade de Serviço dos setores elétrico e do gás. Na prática, trata-se de um projeto de investigação e de demonstração, com duração de um ano e meio, enquadrado no Programa H2REN, um dos projetos apresentado no Capital Markets Day da empresa em 2024.

"Preparar a REN para a operação com hidrogénio e poder dar resposta às necessidades do mercado é o objetivo deste programa. Iniciado em 2020, o H2REN conta com mais de 10 entidades parceiras, nacionais e internacionais, que avaliam a adaptabilidade das infraestruturas quanto ao transporte, distribuição e armazenamento subterrâneo. Já estão a decorrer atividades de preparação das infraestruturas para a implementação de gasesrenováveis. Desafios como o controlo da qualidade do gás distribuido aos clientes levaram à primeira fase de instalação de contadores inteligentes", explica, por seu lado, a REN. 

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Durante os próximos 18 meses a REN vai então testar a injeção de hidrogénio num troço da Rede Nacional de Transporte de Gás (RNTG) , que opera, para "posterior veiculação na rede de distribuição da REN Portgás e, assim, abastecer um conjunto de clientes no distrito de Braga com uma mistura de hidrogénio e gás natural", refere a empresa no mesmo comunicado.

Segundo ERSE, objetivos deste projeto-piloto passam por avaliar e testar: o desempenho das infraestruturas já preparadas para operar com misturas de até 10% de hidrogénio; os testarprocedimentos de articulação entre operadores de rede de transporte e de distribuição no âmbito da injeção de gases renováveis; o novo sistema desenvolvido para controlo da qualidade do gás na rede de distribuição.

"A experiência e as recomendações que venham a resultar do projeto-piloto terão reflexo na implementação e consolidação dos processos de ligação para injeção de hidrogénio nas redes, no regime comercial, e permitirão avaliar em ambiente controlado e em diferentes regimes de operação o desempenho de uma Estação de Mistura e Injeção (EMI), equipamento associado às instalações de produção de gases renováveis, como o hidrogénio", explica o regulador, garantindo que  A REN Gasodutos divulgará informação sobre a implementação e os resultados do projeto. 

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Em janeiro deste ano, a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, assinou um despacho que autoriza um pedido "extraordinário e autónomo" por parte da REN Gasodutos para  investimentos no valor 36,1 milhões de euros por forma a "viabilizar a injeção de hidrogénio verde na rede nacional de transporte de gás natural". Antes disso, em outubro, de 2024, a REN anunciou que todas as suas infraestruturas já estão certificadas para o transporte, distribuição e armazenamento de misturas de gás natural e hidrogénio (entre 10 e 20%). 

Este valor será aplicado não só na rede, mas também no Terminal de GNL de Sines e nas infraestruturas de armazenamento subterrâneo no Carriço (perto da Figueira da Foz), onde deverão ser construídas duas novas cavernas (já preparadas para guardar hidrogénio), a somar às seis já existentes.

Depois de em 2023 a ERSE ter recomendado "especial ponderação" nos investimentos em projetos que permitem o "blending" entre gás natural e hidrogénio - avaliados nessa altura em 170,6 milhões de euros -, a REN atendeu ao pedido do regulador e em maio de 2025, na sua nova proposta de plano de investimento entre 2026 e 2035 (PDIRG 2025), reviu este valor em baixa para 111,2 milhões (-35%). 

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