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Apagão. EDP não espera "resultado material nos resultados financeiros", diz Stilwell

"Do ponto de vista financeiro, não esperamos que [o apagão] tenha um impacto material nos resultados", disse o responsável em entrevista à Bloomberg, sublinhando que "a raiz do problema ainda não foi identificada".

Miguel Stilwell de Andrade , EDP
Miguel Stilwell de Andrade , EDP Miguel Baltazar
12 de Maio de 2025 às 09:06

O CEO do Grupo EDP, Miguel Stilwell d'Andrade, desvaloriza os possíveis efeitos negativos na empresa do apagão que há duas semanas deixou Portugal e Espanha sem energia elétrica durante mais de 12 horas. "Do ponto de vista financeiro, não esperamos que tenha um impacto material nos resultados", disse o responsável em entrevista à Bloomberg, sublinhando que "a raiz do problema ainda não foi identificada".

Na semana passada a EDP e a EDP Renováveis apresentaram os seus resultados relativamente ao primeiro trimestre de 2025, período no qual alcançaram lucros de 428 (+21%) e 52 milhões de euros (-24%), respetivamente. 

Na sexta-feira, o gestor tinha já dito aos analistas que a EDP ainda não fez as contas aos prejuízos causados pelo apagão de 28 de abril. "Esse número não temos ainda. Não há estimativas do impacto", disse o CEO da elétrica. Stilwell não aponta o dedo a ninguém, nem atribui culpas pelas oscilações de tensão que tiveram origem na rede espanhola e se estenderam a Portugal, em efeito "cascata", até chegar a "zero".

"Ainda não sabemos o que é originou verdadeiramente aquele apagão. Está a ser investigado pelas autoridades espanholas. A verdade é que temos que todos contribuir para tornar o sistema mais confiável e mais robusto", disse Stilwell, lançando um "apelo geral" a todos os operadores do setor elétrico - do sistema, das redes, de renováveis - para que haja mais investimento em infraestruturas, tais como redes e sistemas de armazenamento com baterias. 

Além disso, também defende a necessidade de uma maior interconexão elétrica entre a Península Ibérica e o resto da Europa. "Precisamos de mais investimento nas redes, e temos pressionado para isso. Não só em Portugal, mas também em Espanha, onde a EDP tem operações relevantes", acrescentou.

Na mesma entrevista à Bloomberg, Miguel Stilwell disse ainda estar confiante que os créditos fiscais atribuídos a projetos de energias renováveis ??nos EUA, no contexto do Inflatio Reduction Act,  permanecerão em vigor durante a Administração do presidente Donald Trump. "Obviamente, há mais resistência agora em relação às energias renováveis, mas há uma discussão e negociação em andamento em relação ao IRA nos EUA", disse o CEO. "Continuamos confiantes de que os créditos fiscais e a base do crescimento das energias renováveis ??no país se manterão nos próximos dois anos."

Isto porque, defende, há um "enorme" crescimento na procura por eletricidade nos EUA, devido à inteligência artificial e aos data centers, e a tecnologia mais rápida para fornecer essa energia são as energias renováveis, disse o CEO.

No que diz respeito aos créditos fiscais, a empresa dá conta de mais de 1,5 GW "garantidos" até final de 2024, para projetos a desenvolver em 2026 e 2027, além de que os novos contratos de venda de energia (PPA) que estão a ser negociados nos EUA incluem "cláusulas de proteção adicional em caso de mudanças na lei com efeitos retroativos" e tendo em conta potenciais impactos tarifários. 

 "Temos de deixar assentar a poeira em toda esta discussão sobre o IRA nos EUA", diz Stilwell

Também na passada sexta-feira, a EDP disse estimar um "impacto muito limitado" na empresa por via das tarifas impostas pela Administração do presidente americano Donald Trump à importação de painéis solares para projetos de energia renováveis nos EUA.

Pelas contas da elétrica, as tarifas de Trump custarão à EDP em 2025 e 2026 menos de 25 milhões de dólares (22,2 milhões de euros, ou seja, cerca de 1% do investimento alocado a estes projetos), e dizem respeito a "equipamento secundário" que é importado da Europa, Canadá ou México.

"A maioria do equipamento está já nos locais de construção dos projetos, em solo americano, ou então não está sequer sujeiro a tarifas", garante a EDP. Isto graças ao acordo que a EDP Renováveis fechou com a americana First Solar em 2023, para o fornecimento de painéis solares fotovoltaicos "made in" EUA até 2028. 

Tendo já dito e repetido que os EUA são (a par da Europa) uma das principais geografias para a EDP, e tendo também já reconhecido o impacto das novas leis de Trump, desde que chegou ao poder, a empresa tem planos para adicionar 1,3 GW de capacidade instalada (este ano e no próximo) no país, dos quais 1,1 GW estão já em construção. 

"No passado tivemos problemas nos EUA com a cadeia de abastecimento", reconheceu Stilwell na sua conversa com os analistas. O CEO garante que o problema está ultrapassado: "É importante termos feito uma reestruturação, para podermos atravessar este período de incerteza com um risco muito menor. Em termos financeiros, estimamos que as tarifas tenham um impacto imaterial nas nossas receitas e na nossa capacidade instalada garantida".

No entanto, aos analistas, o CEO disse "apesar de o IRA estar a ser debatido neste momento, não há registos deste tipo de decisões retroativas sobre créditos fiscais em projetos de renováveis, por isso estamos confortáveis". E lembrou: "70% das novas instalações de energia solar em 2024 foram feiras em estados republicanos nos EUA. Há interesse em manter o ritmo".  

 "Temos de deixar assentar a poeira na discussão sobre o IRA nos EUA. Temos boas oportunidades na Europa e noutras geografias. O Brasil, por exemplo, está lent, sem leilões nem PPA, e sem perspetivas de novos projetos. Na Ásia Pacífico há boas oportunidades em Singapura, Japão, Auistrália. O mundo não tem a incerteza que os EUA têm. O país é um bom motor, mas metade do crescimento da EDP está fora dos EUA", disse Stilwell. 

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