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Stilwell: Tarifas de Trump vão custar menos de 22 milhões à EDP em 2025 e 2026

"Em termos financeiros, estimamos que as tarifas tenham um impacto imaterial nas nossas receitas e na nossa capacidade instalada garantida", garantiu aos analistas o CEO da EDP, Miguel Stilwell.

Miguel Baltazar
08 de Maio de 2025 às 16:52

A EDP estima um "impacto muito limitado" na empresa por via das tarifas impostas pela Administração do presidente americano Donald Trump à importação de painéis solares para projetos de energia renováveis nos EUA.

Pelas contas da elétrica, apresentadas esta quinta-feira aos analistas (depois de a empresa reportar uma quebra de 24% nos lucros do primeiro trimestre, para 52 milhões de euros), as tarifas de Trump custarão à EDP em 2025 e 2026 menos de 25 milhões de dólares (22,2 milhões de euros, ou seja, cerca de 1% do investimento alocado a estes projetos), e dizem respeito a "equipamento secundário" que é importado da Europa, Canadá ou México.

"A maioria do equipamento está já nos locais de construção dos projetos, em solo americano, ou então não está sequer sujeiro a tarifas", garante a EDP. Isto graças ao acordo que a EDP Renováveis fechou com a americana First Solar em 2023, para o fornecimento de painéis solares fotovoltaicos "made in" EUA até 2028. 

Tendo já dito e repetido que os EUA são (a par da Europa) uma das principais geografias para a EDP, e tendo também já reconhecido o impacto das novas leis de Trump, desde que chegou ao poder, a empresa tem planos para adicionar 1,3 GW de capacidade instalada (este ano e no próximo) no país, dos quais 1,1 GW estão já em construção. 

"No passado tivemos problemas nos EUA com a cadeia de abastecimento", reconheceu Stilwell na sua conversa com os analistas. O CEO garante que o problema está ultrapassado: "É importante termos feito uma reestruturação, para podermos atravessar este período de incerteza com um risco muito menor. Em termos financeiros, estimamos que as tarifas tenham um impacto imaterial nas nossas receitas e na nossa capacidade instalada garantida".

No que diz respeito aos créditos fiscais atribuídos à EDP no contexto do Inflation Reduction Act (IRA) nos EUA, a empresa dá conta de mais de 1,5 GW "garantidos" até final de 2024, para projetos a desenvolver em 2026 e 2027, além de que os novos contratos de venda de energia (PPA) que estão a ser negociados nos EUA incluem "cláusulas de proteção adicional em caso de mudanças na lei com efeitos retroativos" e tendo em conta potenciais impactos tarifários. 

No entanto, aos analistas, o CEO disse "apesar de o IRA estar a ser debatido neste momento, não há registos deste tipo de decisões retroativas sobre créditos fiscais em projetos de renováveis, por isso estamos confortáveis". E lembrou: "70% das novas instalações de energia solar em 2024 foram feiras em estados republicanos nos EUA. Há interesse em manter o ritmo".  

Ainda assim, o CFO, Rui Teixeira, admitiu que a imposição de tarifas tem impacto em termos de investimento. 

"Temos de deixar assentar a poeira em toda esta discussão sobre o IRA e os EUA. Temos boas oportunidades na Europa e noutras geografias. O Brasil, por exemplo, está lent, sem leilões nem PPA, e sem perspetivas de novos projetos. Na Ásia Pacífico há boas oportunidades em Singapura, Japão, Auistrália. O mundo não tem a incerteza que os EUA têm. O país é um bom motor, mas metade do crescimento da EDP está fora dos EUA", disse Stilwell. 

EDP prevê EBITDA de 1,9 mil milhões em 2025

Sobre o primeiro trimestre - e apesar da queda de 24% nos lucros - Stilwell disse ao analistas tratarem-se de "resultados sólidos, apoiados pela expansão da capacidade e pela eficiência operacional". "Dispomos de bons recursos eólicos nos EUA e no Brasil, em comparação com o ano passado. Mas tivemos um trimestre de vento muito fraco na Europa. De facto, foi o mais fraco dos últimos 86 anos", revelou. 

Os planos da EDP incluem o aumento de 2 GW na capacidade instalada em 2025, "com todos os projectos já em construção e cerca de 70% com entrada em funcionamento prevista para o quarto trimestre". EUA e Europa dizem respeito a 80% por cento do total de adições. 

Para 2025, a EDP avança com um guidance de 1,9 mil milhões de EBITDA (lucros antes dos juros, tributos, depreciação e amortização), dos quais 100 milhões dizem respeito a ganhos relativos a rotação de ativos renováveis. Quanto à dívida da elétrica, as estimativas apontam para cerca de 8 mil milhões de euros, considerando três mil milhões de investimentos brutos e dois mil milhões de receitas da rotação de ativos.

"Estamos confiantes com o programa de rotação de ativos, com uma forte procura e bons preços. Já garantimos 1,2 mil milhões em receitas e temos alguns processos adicionais que estão a avançar, que esperamos poder anunciar este verão, ou num prazo muito mais curto", disse o CEO. As restantes transacções serão finalizadas no segundo semestre de 2025.

O CEO avançou que em novembro a empresa realizará o seu Capital Markets Day, no qual dará mais novidades sobre a estratégia da empresa além de 2026. 

"Estamos a trabalhar no plano de negócio a partir de 2027. Em novembro já teremos mais visibilidade".  

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