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Capitais europeias exigem “3,5 milhões de campos de futebol no oceano” para se alimentarem só de vento

Moscovo, Londres, Berlim, Roma e Viena de Áustria são as capitais europeias que exigem um maior número de turbinas eólicas para satisfazerem as suas necessidades energéticas.

Reuters
24 de Janeiro de 2021 às 12:00

A energia eólica é uma das soluções renováveis que pode trazer energia às cidades ao mesmo tempo que se contrariam as alterações climáticas. Mais recentemente, as turbinas começaram inclusivamente a serem construídas no oceano, ganhando o nome de "offshore" – para lá da costa, numa tradução mais literal.

Contudo, seria preciso dispensar uma área no oceano que supera o tamanho do conjunto de todas capitais da Europa – e que é equivalente a quase 3,5 milhões de campos de futebol -, de forma a que estas cidades pudessem confiar apenas na energia do vento para fazer face às suas necessidades atuais.

Estas são as conclusões de um estudo da Uswitch, já que uma turbina offshore é composta por um "moinho" de pás com um diâmetro de 148 metros. As capitais europeias ocupam um total de 17.605 quilómetros quadrados (km2) e, tendo em conta as 11.480 turbinas que são necessárias para as abastecer, seriam necessários 22.424 km2 de área no oceano para instalar estas turbinas.

O número torna-se mais impressionante se tivermos em conta que um quilómetro quadrado é o equivalente a 155 campos de futebol, pelo que seria necessário o equivalente a quase 3 milhões e meio de campos de futebol para instalar todas as turbinas que suportariam as exigências energéticas das capitais da Europa.

Cinco capitais concentram mais de metade das turbinas

Moscovo, Londres, Berlim, Roma e Viena de Áustria são as capitais europeias que mais exigem. Apesar de só ocuparem 6.674 km2, precisariam de 13.333 km2 de oceano para reunirem toda a energia eólica de que necessitam – o equivalente a 6.808 turbinas, ou seja, mais de metade do total europeu.

Só a russa Moscovo pede um total de 3.781 turbinas offshore, que se estenderiam uma área de 7.409 quilómetros quadrados (km2). Segue-se Londres, com uma área de 1.572 km2 e uma necessidade de 2.920 km2, para instalar 1.491 turbinas.

O Reino Unido possui o maior mercado de energia eólica do mundo, batendo países líderes como a Alemanha e até a China. Um quinto das necessidades energéticas do Reino Unido são satisfeitas através do vento, e o ímpeto não deve ficar por aqui: montantes elevados de financiamento continuam a ser dirigidos a campos eólicos, afirma a Uswitch. O primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, comprometeu-se a quadruplicar a capacidade eólica offshore – ou seja, instalada nos oceanos – até 2030, o que seria suficiente para abastecer todas as casas do país.

A fechar o pódio está Berlim, com uma necessidade de 1.409 km2, para instalar 720 turbinas, já mais distante dos 878 km2 que Roma exige e os 717 km2 que caberiam a Viena de Áustria.

Lisboa entre as menos exigentes

Lisboa aparece no 31.º lugar entre as 39 capitais que são analisadas. A cidade das sete colinas precisaria de 43 turbinas offshore, que ocupam 82 km2, ou seja, um valor inferior à área do concelho, de cerca de 100 km2.

Foi contudo em Portugal que surgiu o WindFloat Atlantic, o primeiro parque eólico flutuante da Europa Continental, que já está plenamente operacional e a fornecer energia limpa à rede elétrica desde julho do ano passado, anunciou na altura a EDP, que o construiu numa parceria com a Engie, Repsol e Principle Power. Este projeto, instalado na zona que banha Viana do Castelo, produzirá energia que será suficiente para abastecer 60 mil casas e poupar quase 1,1 milhões de toneladas de dióxido de carbono, adiantaram as elétricas.

No fundo da lista fica Podgorica, a capital do Montenegro. Esta cidade requer apenas 17 turbinas eólicas para satisfazer os seus propósitos, que ocupariam uma área de 31 km2, muito inferior aos 108 km2 que completam a área da cidade.

A Uswitch explica que fez estes cálculos tendo por base a população de cada cidade e o consumo per capita do país onde esta se localiza, dados recolhidos junto da Agência de Energia Internacional. Já o número de turbinas resulta do consumo anual de energia da cidade em causa a dividir pela quantidade de energia que uma turbina pode gerar por ano, utilizando como padrão uma turbina da Siemens de 11 megawatts de capacidade, que é classificada pela Uswitch como de "alta capacidade". Tive-se ainda em conta a eficiência de 41% de uma turbina, tal como calculada pela Associação Europeia de Energia Eólica. O espaço entre turbinas teve como referência as recomendações do governo britânico.

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