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O adeus a Dresden: Volkswagen fecha a sua primeira fábrica esta semana

Depois de terça-feira não sairão mais veículos daquela unidade "transparente". Espaço será transformado num hub digital para promoção de projetos ligados à IA e robótica.

A Volkswagen em Dresden era conhecida como a fábrica transparente
A Volkswagen em Dresden era conhecida como a fábrica transparente Robert Michael/AP
11:30

É conhecida como a fábrica de vidro - ou fábrica transparente - e considerada a mais bela unidade de produção de automóveis do mundo. Depois de terça-feira, deixará de produzir veículos automóveis naquele que será o primeiro encerramento de portas que o grupo alemão Volkswagen faz na sua história de 88 anos, segundo o Financial Times.

O encerramento acontece também numa fase em que a fabricante está pressionada pelas fracas vendas na China e reduzida procura na Europa, bem como pelas tarifas dos EUA, que pesam sobre as vendas na América.

Num primeiro cenário, a marca alemã ponderou encerrar totalmente aquela unidade, mas negociações com o estado da Saxónia e com a Universidade Técnica de Dresden permitiram que o espaço pudesse vir a ser transformado num hub de inovação, com incorporação de startups e integração de projetos de investigação nas áreas da robótica e inteligência artificial.

Quanto aos trabalhadores, com o fim da produção de automóveis, parte dos funcionários está a ser convidada a integrar outras unidades da Volkswagen e outros a aderir a programas de reforma antecipada. Quem escolher ir para a fábrica de  Wolfsburgo, exercendo novas funções, será abrangido por um programa de incentivos que passará pelo pagamento de cerca de 30 mi euros, segundo a imprensa alemã.

Dresden produziu menos de 200.000 veículos desde o início da produção em 2002, ou seja, menos da metade da produção anual da fábrica central do grupo em Wolfsburgo.

 A mudança representa um pequeno passo em frente nos planos da Volkswagen de reduzir a capacidade na Alemanha e faz parte de um acordo firmado com os sindicatos, no ano passado, que também levará ao corte de 35.000 empregos na marca Volkswagen na Alemanha.

 O CEO da marca, Thomas Schäfer, já veio afirmar este mês, citado pelo FT, que a decisão de encerrar a produção não foi tomada "levianamente", mas que "do ponto de vista económico era essencial".

A Volkswagen em Dresden era conhecida como a fábrica transparente
Trabalhadores e sindicatos protestaram no início do mês contra o encerramento da fábrica em Dresden e transforma espaço em hub digital Sebastian Kahnert/AP

A história de Dresden

A fábrica de vidro teve como primeira tarefa a montagem do VW Phaeton, um modelo topo de gama. Após a descontinuação deste veículo, em 2016, a fábrica de Dresden tornou-se um símbolo dos esforços de eletrificação da Volkswagen, tendo sido reformulada em 2017 para a produção do e-Golf e, após 2021, do ID.3.

O problema é que aquela unidade nunca foi verdadeiramente uma fábrica de montagem total daquelas unidades, já que não possui zona de estampagem, pintura ou de montagem dos motores e transmissões.

No fundo, os clientes eram convidados a assistir ao final da montagem dos veículos naquela unidade, que funcionava também como uma espécie de montra da engenharia alemã.

Ao Financial Times, os analistas dão conta da enorme pressão que sobre o cashflow a que o grupo alemão tem estado sujeito, resistindo a abandonar o modelo de produção baseado nos veículos a combustão.

"Certamente haverá pressão sobre o fluxo de caixa em 2026”, disse o analista Stephen Reitman, da Bernstein, ao jornal britânico. Segundo este responsável, citado pelo FT, o grupo está à procura de formas de reduzir as despesas e aumentar os lucros operacionais. 

Segundo o analista, a Volkswagen enfrenta desafios "generalizados", com a expectativa de uma vida útil mais longa para os motores a combustível fóssil a exigir novos investimentos. 

 

 

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