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Concorrência refuta críticas e acusa Idealista de "falta de cooperação"

A troca de acusações entre o regulador e o portal imobiliário continua. Após nova investida do Idealista contra a Autoridade da Concorrência, esta responde de forma detalhada às questões apontadas pelo portal.

Idealista desiste da compra do portal Kyero após atraso da Autoridade da Concorrência
Idealista desiste da compra do portal Kyero após atraso da Autoridade da Concorrência Idealista / Europa Press 2020 via AP
20:22

A desistência da compra da Portal47, dona da Kyero, por parte do portal de imobiliário Idealista continua a motivar uma troca de acusações com o regulador. O Idealista disse que a decisão da Autoridade da Concorrência (AdC) de avançar para uma segunda fase de investigação atrasou o processo e tornou a operação "inviável". Depois de uma primeira reação do regulador, o portal voltou a criticar a atuação da AdC. Agora, a Concorrência detalha os motivos porque o processo demorou e "desmonta" as críticas.

Numa nota a que o Negócio teve acesso, o regulador começa por dizer que "O Idealista apresentou inicialmente a operação em causa como uma mera aquisição de um player com uma quota negligenciável de mercado. No entanto, ao longo da sua investigação, a AdC pôde verificar que os vários participantes do mercado percecionavam a Kyero como uma empresa relevante, configurando até um dos principais concorrentes no segmento internacional de plataformas imobiliárias online".

E, acrescenta, "o Idealista afirma que apresentou a notificação ad cautelam. Não obstante, e tal como o Idealista está ciente, qualquer operação que resulte numa quota de mercado superior a 50% deve ser notificada à AdC. Ora e tal como resultou da análise da investigação de primeira fase, o Idealista tem uma posição muito superior a tal patamar, pelo que qualquer acréscimo nessa posição teria de ser comunicada à AdC".

A Autoridade da Concorrência sublinha que o Idealista tem "uma posição de liderança de mercado muito destacada". E, perante este cenário, questionou diversas vezes o portal para recolher informações. "Diversas vezes, a AdC viu-se confrontada com respostas circulares e pouco claras do Idealista", frisa.   

O regulador detalha que "as preocupações da AdC foram devidamente comunicadas ao Idealista, primeiro através de duas reuniões, em 23 de abril de 2025 e 5 de junho de 2025, com os representantes da mesma, e, depois, através da adoção de um projeto de decisão de passagem a investigação aprofundada, relativamente ao qual o Idealista exerceu o seu direito de contraditório".

O regulador assinala ainda que desde que o processo entrou numa segunda fase "conduziu, num prazo curto, várias diligências de investigação – incluindo um inquérito a mais de 1.400 agências imobiliárias – de forma a confirmar ou informar as suas preocupações".

A Concorrência aponta ainda que caberia ao Idealista sugerir compromissos que resolvessem as "preocupações identificadas", os chamados "remédios", mas que "a única intervenção do Idealista a partir da segunda fase resumiu-se a um pedido de acesso ao processo, e, tendo o mesmo sido concedido em 25 de agosto de 2025, o Idealista nunca se pronunciou ou teve qualquer reação".

A AdC "não pode substituir uma falta de cooperação das empresas interessadas – e, no caso particular, o Idealista tinha o ónus de contribuir para a resolução das preocupações identificadas, com toda a transparência, pela AdC", remata o regulador.  

Por último, a Autoridade da Concorrência lembra que a sua homóloga espanhola [a CNMC] também identificou problemas suscetíveis de afetar a concorrência. 

"A CNMC estaria a exigir compromissos que o Idealista considerou excessivos e, nessa medida, desistiu da operação de concentração em Espanha e Portugal", conclui.

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