Como a metalurgia está a vencer no exterior
Neste nicho de mercado do sistema de corte por jacto de água aplicado à indústria do calçado, a CEI ocupa uma posição de destaque a nível mundial, com uma quota de mercado de 30%. A empresa actua ainda no sector automóvel, onde cria sistemas por jacto de água para serem aplicados ao corte de estofos, por exemplo, e no sector das rochas ornamentais, exportando em larga escala para o Médio Oriente, onde a quota de mercado se situa nos 30%.
A CEI é apenas um exemplo do que se faz no sector metalúrgico e metalomecânico em Portugal, um sector que foi responsável por 28,5% das exportações entre Janeiro e Setembro de 2010, quase um terço do total, de acordo com dados do Eurostat, o instituto de estatística da União Europeia.
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"O sector das máquinas é importante não só pela exportação directa, mas também pela alavancagem que proporciona", explica Fernando Sousa, gerente da CEI. A empresa explica que, neste caso, o processo funciona a dois níveis: a CEI exporta as máquinas de corte para outras empresas e estas vão usá-las no fabrico de bens que, por sua vez, também exportam.
Um sector inovador e exportador
Como se conseguem estes números? Apostando na inovação e na formação dos trabalhadores, explica Rafael Campos, vice-presidente executivo da AIMMAP - Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal.
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Também Aníbal Campos, presidente da AIMMAP, destaca que Portugal tem "PME do melhor que existe no mundo. Ainda hoje, o aumento das exportações não surpreende. Há um tecido empresarial muito dinâmico".
Rafael Campos defende que a inovação, a todos os níveis, é importante porque, sem ela, é difícil conseguir um cenário mais competitivo. "É necessário inovar para poder competir", afirma.
Os mesmos dados do Eurostat mostram ainda que, entre Janeiro e Setembro do ano passado, as exportações do sector metalúrgico e metalomecânico ascenderam a quase 7,7 mil milhões de euros, tendo crescido 11,6% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
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Afirmação pela diferença
"Há um conjunto enorme de PME que tem tido estratégias bem pensadas, que lhes permitem afirmar-se pela diferenciação face às pares alemãs, por exemplo", afirma Rafael Campos. A Silampos integra este leque e a variedade de produtos da empresa vai muito além da conhecida panela de pressão.
"Alargámos o conceito tradicional de louça, explorando a cozinha de outros países", explica Aníbal Campos, presidente da empresa. Exemplo disto é o wok, característico da cozinha asiática, que é muito procurado em Portugal.
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Já fora do nosso país, a tradicional cataplana portuguesa, em aço inoxidável, faz sucesso. Além de fabricar utensílios para a sua cozinha, a Silampos aposta também em linhas de louça industrial para o mercado da hotelaria e restauração, tendo já recebido vários prémios de design. O mais recente foi o Prémio Sena da Silva, atribuído pelo Centro Português de Design em 2010, ao Garden Grill, um grelhador de exterior criado pela Silampos com linhas urbanas e que pode ser usado tanto em jardins como em varandas, como explica Aníbal Campos.
A empresa aventurou-se na exportação nos anos 80, tendo como primeiro destino a Dinamarca. Desde então, aumentou a presença internacional e apostou no design, criando um gabinete próprio dedicado ao desenvolvimento e estética dos produtos. "Se não modernizarmos, acabamos por morrer", afirma Aníbal Campos.
"A inovação é uma mentalidade"
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A aposta das empresas na inovação está presente de forma vincada na ColepCCL. Francisco Rodrigues, director-geral da divisão de embalagens da empresa, defende que a inovação não existe apenas no trabalho de laboratório e passa por uma rede de conhecimentos desenvolvida em parceria com os clientes, fornecedores, associações do sector e universidades.
Exemplo desta produção multidisciplinar é o gel dentífrico Aquafresh iso-active, cuja embalagem em aerosol foi desenvolvida pela ColepCCL para acolher um produto da GlaxoSmithKline. Neste caso, a tradicional pasta de dentes foi substituída por uma embalagem de aerossol, semelhante àquela que é usada nos desodorizantes em spray.
"A inovação é uma forma de estar, é uma mentalidade". Aos olhos de Francisco Rodrigues, esta visão é fundamental para que a empresa continue a merecer a credibilidade e preferência dos seus clientes, que incluem nomes como a Colgate, a Procter & Gamble e a Unilever.
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"Queremos que, quando os nossos clientes pensam num produto, o associem de imediato à ColepCCL", refere o gestor. Foi com esta ideia em vista que a ColepCCL criou, em 2006, um centro de inovação com o objectivo de diversificar a sua carteira de produtos.
A internacionalização, com a aquisição de uma unidade fabril espanhola em 1993, foi o ponto de partida para assumir o lugar de destaque no mercado europeu de enchimento de aerossóis para produtos de cosmética, higiene doméstica e parafarmácia, com aquele país a absorver hoje a maior parte dos produtos exportados. Actualmente, a ColepCCL tem unidades de produção em Portugal, Espanha, Alemanha, Polónia e Brasil.
Com a liderança ibérica no que respeita à produção de embalagens industriais, como as usadas em tintas e vernizes, a ColepCCL sentiu, nos dois últimos anos, o peso da quebra do mercado de construção espanhol. Em Portugal, este peso também se fez sentir, mas foi compensado pela exportação dos principais clientes nacionais da ColepCCL - Tintas Cin, Barbot e Dyrup - para Angola. A empresa encara 2011 com optimismo, apesar de saber que vão ser tempos difíceis, e pretende manter o esforço para optimizar as suas operações, apresentar propostas concorrenciais aos seus clientes e conseguir localizar-se em zonas competitivas, para evitar o "custo da periferia", sentido em Portugal.
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