Waydip - Gerar energia em todo o lado
Dois jovens empreendedores criaram um solo gerador de energia eléctrica. Basta passar-lhe por cima, de automóvel ou a pé. O sistema chama-se Wayenergy e está quase a chegar ao mercado.
Escola a poucos metros, entrada ou saída de parque de estacionamento, proximidade de passadeira de peões. São vários os locais onde se instalam lombas para refrear os ânimos dos condutores, obrigando-os a abrandar.
Deixar de usar estas lombas como simples "freios", para que os veículos reduzam velocidade e passar a usá-las como um sistema que absorve a energia dos automóveis transformando-a em energia eléctrica é uma das propostas da Waydip. A energia gerada poderá ser usada no próprio local ou então, simplesmente, armazenada para usar quando for necessária.
Os promotores da Waydip, sedeada na Covilhã, querem instalar este sistema, o Wayenergy, sobre ou em substituição do actual pavimento e vários são os destinatários possíveis, explica Filipe Casimiro, um dos dois promotores desta empresa. Os principais clientes serão entidades que tutelam estradas e auto-estradas, parques de estacionamento, centros comerciais, estações de transportes públicos, ginásios ou discotecas, ou seja, todo os locais de grande afluência de pessoas ou veículos e com necessidades energéticas. Reduzir-lhes a factura de electricidade é o benefício que o sistema Wayenergy promete, uma vez que todos estes espaços poderão gerar parte significativa da energia que consomem.
É este o argumento que a Waydip utilizará junto dos seus potenciais clientes assim que entrar no mercado. Para já, a empresa está a terminar o desenvolvimento dos seus produtos e o arranque do negócio, a nível nacional, acontecerá no primeiro semestre de 2012.
O desígnio de apostar nas renováveis é nacional, mas nem assim a vida dos empreendedores tem sido fácil. "Continuamos à procura de financiamento para a fase final do projecto, nomeadamente a entrada no mercado e a internacionalização". As empresas reconhecem o valor do projecto e demonstram vontade de investir, "porém, nesta fase, nota-se alguma falta de capital, o que atrasa a implementação dos produtos no mercado", relatam os empreendedores.
O orçamento para 2010 e 2011 foi de 150 mil euros, obtido através da vitória no Prémio de Inovação EDP Richard Branson e ISCTE-IUL MIT Portugal Venture Competition, mas, depois, é preciso mais, explica o promotor da Waydip,empresa constituída por três engenheiros, dois sócios e um recentemente contratado.
O financiamento é essencial nesta fase de chegada ao mercado mas é, também, vital para que, em 2013, a internacionalização do projecto vá para a frente. Os empreendedores querem concorrer lá fora porque garantem ter algo novo para oferecer.
Aposta na tecnologia electromagnética
Embora existam a nível internacional alguns concorrentes no mercado de "energy harvesting" [captação de energia], cujos produtos se baseiam na tecnologia piezoeléctrica - diferente da que a Waydip desenvolve e utiliza - o maior trunfo desta empresa, afirmam os seus promotores, está na tecnologia utilizada.
A opção assumida, "ao ser electromagnética, permite-nos gerar mais energia face à tecnologia concorrente e apresentar menores custos nos nossos produtos, permitindo, assim, aos clientes ter um 'payback' mais rápido dos seus investimentos", explica Filipe Casimiro.
Depois de a Waydip fazer entrar no mercado, nacional e internacional, os seus produtos, os empreendedores vão apostar no desenvolvimento de novas soluções na área de energias renováveis e captação de energia, de modo a aumentar a oferta da empresa. As novas ideias estão, para já, guardadas no edifício Parkurbis do Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã onde a Waydip está instalada.
Bilhete de identidade
Nome Waydip - Energia e Ambiente, Lda.
Fundação 12 de Outubro de 2010
Postos de trabalho 3
Localização Covilhã
Site www.waydip.com
Sub30 com ideias vencedoras
O projecto Waynergy surgiu no âmbito de um concurso lançado pela EDP, com o objectivo de desenvolver soluções que promovessem a eficiência energética em habitações. Na cabeça dos dois empreendedores, a ideia começou a desenvolver-se ainda na Universidade da Beira Interior. Foi lá que os pais da Waydip começaram a trabalhar no conceito de captar e gerar energia eléctrica a partir do pavimento. A convicção foi crescendo e tudo indicava que a solução tinha pernas para andar. Por isso, mal terminaram o mestrado em engenharia electromecânica, os dois colegas e amigos deram continuidade ao projecto, tendo começado a estudar as tecnologias com maior viabilidade para colocar em prática a ideia, dando origem à Waynergy. Vencer dois prémios - Inovação EDP Richard Branson 2010 e ISCTE-IUL MIT Portugal Venture Competition (Sistemas Sustentáveis de Energia e Transportes) 2010 -, permitiu a Francisco Duarte, de 27 anos, e Filipe Casimiro, de 25, dar alguns passos em frente. Agora, são embaixadores do Ano Internacional da Juventude na área de Inovação, uma nomeação do Instituto Português da Juventude. Antes da Waydip, Filipe Casimiro já havia desenvolvido projectos nas áreas de energias renováveis, ambiente e automação industrial. Áreas em que Francisco Duarte também se revelou, já depois de ter criado fama na universidade por ter ganho quatro bolsas de mérito académico ao longo da sua formação.
Mais lidas