Dinube: A empresa espanhola que quer desafiar a Visa e a Mastercard
A start-up espanhola Dinube desenvolveu um meio de pagamento 100% digital, que se distingue dos actuais cartões de crédito e de débito analógicos.
Pagar as compras do supermercado com o smartphone e não com o cartão de crédito. A start-up espanhola Dinube desenvolveu um "meio de pagamento 100% digital". Jonathan Hayes, líder desta start-up, esteve em Lisboa no âmbito da The Digital Summit e contou ao Negócios como é possível pagar as compras com um smartphone.
Depois de desbloqueado o telefone e com a aplicação Dinube aberta "aproxima-se o telemóvel do terminal dos cartões" e surge a factura das compras na aplicação, igual à que actualmente é dada nos supermercados. Depois pode ser feito o pagamento. Jonathan Hayes explica que, actualmente, como este método de pagamento é já utilizado, nomeadamente, em supermercados na área de Barcelona, acabaram por criar uma solução de pré-pagamento.
Os utilizadores desta aplicação fazem a transferência da sua conta bancária para a sua conta Dinube. Contudo, o objectivo é que os utilizadores possam fazer o pagamento directamente através da sua conta. Em Espanha, esta start-up tem já um acordo com uma instituição financeira para que os pagamentos sejam transferidos directamente das contas bancárias. Neste caso, para concluir o pagamento das compras é necessário inserir o código (PIN) do cartão de crédito ou débito.
"Dinube é um meio de pagamento novo que vai concorrer com cartões, algo que todos usamos mas que é um meio antiquado, custoso, com graves problemas de fraude e é um modelo analógico para a era digital. Dinube é um meio de pagamento 100% digital. Estamos a trabalhar com comércio e bancos para criar um serviço com um alto nível de privacidade e segurança para o utilizador final", disse.
O líder da start-up espanhola refere também que este mecanismo tem também vantagens para as empresas, dado que, além de saberem em tempo real quantos produtos estão a ser vendidos, permite-lhes igualmente conhecer o perfil dos consumidores. Podendo, assim, lançar iniciativas mais direccionadas para o consumidor. "O grande ponto diferenciador é que estamos na caixa registadora", afirma.
A solução está já ser usada em Espanha e Jonathan Hayes conta que a ambição é entrar no mercado italiano no próximo ano.
"O ADN de empreendedor estava no meu interior"
"O ADN de empreendedor estava no meu interior"
A ideia para o lançamento desta solução nasceu no MIT, onde o líder da start-up era investigador. Em 2012, regressou a Espanha, mais concretamente a Barcelona, e começou a construir o projecto. "Estamos há três anos a criar a tecnologia e a construir a infra-estrutura. Agora estamos no mercado", assinala.
Avançar com o projecto em plena crise da dívida na Zona Euro foi uma das dificuldades, pois a incerteza no mercado colocou entraves à obtenção de financiamento. Por outro lado, "quando dizes que vais concorrer com duas empresas que há 40 anos dominam [o mercado], muitas pessoas não acreditam que seja possível. Hoje estamos a demonstrar que conseguimos e estamos já no mercado", salienta.
Ainda assim, e apesar das dificuldades, incluindo ao nível de financiamento, esta é a terceira start-up em que Jonathan Hayes está. Diz que tem o "ADN de empreendedor" há muito. "Gosto de criar coisas e a investigação tem de servir para algo. É algo que temos de aprender na Europa como os Estados Unidos: aqui há investigadores fantásticos, pessoas muito qualificadas mas muitas vezes esta investigação fica apenas em investigação e é preciso levá-la à sociedade", remata.
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