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China proíbe uso de chips da Nvidia e testa primeiros modelos avançados de produção própria

Empresas como a Alibaba e ByteDance receberam ordem para interromper a utilização de chips norte-americanos. Entretanto, a China reforça aposta em soluções domésticas para competir no setor de IA.

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chips, semicondutores, visteon Rui Minderico
13:01

A China reforçou recentemente a sua postura sobre o uso de chips de inteligência artificial (IA) produzidos pela americana Nvidia, numa medida que evidencia a estratégia do país de reduzir a dependência de tecnologia estrangeira e impulsionar a produção doméstica de semicondutores.

O que a Administração do Ciberespaço da China (CAC) instruiu várias das maiores empresas tecnológicas do país, incluindo a e a Alibaba, a suspender imediatamente todas as compras e testes do chip RTX Pro 6000D, bem como a cancelar os pedidos já realizados.

Segundo a Bloomberg, várias destas empresas já tinham planeado encomendar milhares de unidades deste modelo e iniciado testes e processos de verificação com fornecedores de servidores da Nvidia antes de receberem a ordem da CAC para interromper estas atividades.

Esta medida insere-se num contexto mais amplo de controlo regulatório e industrial. De acordo com o Financial Times, a CAC tem vindo a convocar fabricantes de chips domésticos, como a Huawei e Cambricon, assim como gigantes da internet como a Baidu e , para reportarem como os seus próprios produtos se comparam aos chips da Nvidia. Segundo a Bloomberg, esta pressão regulatória surge ao mesmo tempo que a China procura garantir que o seu setor tecnológico desenvolva soluções internas competitivas e consiga reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras avançadas.

Em paralelo, a China tem vindo a acelerar os seus esforços para desenvolver tecnologia de “chipmaking” própria. Conforme , a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC) está a testar o primeiro equipamento de 28 nanómetros para produção de chips avançados fabricado inteiramente no país: uma máquina de litografia DUV (Deep Ultraviolet) desenvolvida pela startup de Xangai Yuliangsheng.

Esta máquina, segundo o FT, permite a produção de chips de 7 nanómetros através de técnicas de “multi-patterning”, com potencial para chips de 5 nanómetros, embora com rendimentos mais baixos. A capacidade de produzir estas máquinas em território nacional representa um passo importante para contornar as , que bloqueiam o acesso chinês às máquinas de litografia EUV (Extreme Ultraviolet) necessárias para os processadores mais avançados, incluindo os da Nvidia.

De acordo com o FT, embora a maior parte dos componentes da máquina da Yuliangsheng seja fabricada na China, alguns ainda são importados, mas há esforços contínuos para tornar todos os componentes nacionais. Os testes preliminares mostram resultados promissores mas a utilização em produção em massa ainda poderá demorar, já que o ajuste das máquinas e o alcance de rendimentos estáveis normalmente exigem pelo menos um ano de trabalho intensivo.

O impacto destas medidas é significativo para o mercado. Segundo a Bloomberg, as ações da Nvidia chegaram a registar ganhos no início das negociações mas inverteram a tendência e caíram cerca de 1%, enquanto a AMD recuou 0,6% no pré-mercado. De acordo com a Reuters, estas restrições e a intensificação do desenvolvimento de chips domésticos indicam uma clara estratégia chinesa: reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros, aumentar a produção interna de semicondutores e garantir que as grandes empresas locais utilizem tecnologia própria sempre que possível.

Os especialistas alertam que esta combinação de proibições de importação e aceleração tecnológica doméstica terá efeitos duradouros no setor. Segundo o Financial Times, a China planeia triplicar a produção de chips de IA em 2026, utilizando em grande parte equipamentos DUV existentes, enquanto os novos equipamentos domésticos poderão entrar em produção em massa a partir de 2027. Esta transição, no entanto, enfrenta desafios técnicos, incluindo a dificuldade em reproduzir máquinas EUV para os chips mais avançados, que continuam a ser dominadas por empresas como a ASML na Holanda.

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