"Data centers" vão contribuir com 3,7 mil milhões de euros para a economia em 2031
"Portugal está a passar de uma economia de periferia para ser pivô no cenário europeu e global". Quem o diz é Luís Duarte, presidente da Portugal DC, refletindo a atratividade que Portugal está a apresentar para captar a instalação de "data centers".
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O setor dos "data centers" está em crescendo em Portugal, contrariando a tendência observada nos países nórdicos. De acordo com dados da Portugal DC, a associação portuguesa que representa os "data centers" instalados em Portugal, o contributo que este setor dá ao país vai disparar nos próximos anos, passando do peso de 160 milhões de euros de 2024 para 3,7 mil milhões de euros em 2031.
Contudo, Luís Duarte e Rita Lourenço, presidente e vice-presidente da Portugal DC, respetivamente, alertam que este valor não é fixo e que as perspetivas indicam que pode mesmo aumentar. Neste contributo não está incluída a infraestrutura de sete mil milhões de euros que deverá nascer em Abrantes, e está envolta em secretismo e mistério, que pode vir a acrescentar um peso significativo à contribuição para o PIB português.
A alavancar este crescimento estão, segundo os mesmos responsáveis, os investimentos diretos, que ascendem a 13 mil milhões de euros, impulsionados pelas tecnológicas de escala global (hyperscalers), fornecedores de servidores e as novas empresas especializadas em infraestrutura de inteligência artificial (IA). Este valor, no entanto, exclui o "hardware" instalado nos centros.
"Vivemos tempos absolutamente incríveis, em que Portugal está a passar de uma economia digital de periferia para ser um pivô no cenário europeu e global", destacou Luís Duarte num encontro com jornalistas. A ajudar está então o facto do país estar a conseguir "atrair muito investimento estrangeiro", à boleia da saturação de outras geografias, nomeadamente as nórdicas. "Este posicionamento como um destino alternativo a outras geografias europeias, que já estão saturadas, permite trazer benefícios que passam pela expansão da rede elétrica e pela expansão da rede de conectividade".
A vice-presidente reitera que Portugal tem de saber aproveitar este esgotamento da capacidade energética das outras capitais europeias, alavancando o seu potencial. Ainda assim, recorda que nem tudo é duradouro e que é preciso saber aproveitar ao máximo este crescimento. "Nos últimos anos temos assistido à deslocalização de projetos para o sul da Europa, como Marselha, Milão, Espanha e Portugal", lembrou.
Os números também são positivos no que toca ao emprego. Se em 2024 se registavam 2.800 postos de trabalho, em 2031 estes devem crescer até aos 9.500, com a vantagem de ser mão de obra altamente qualificada para o efeito. Contudo, o mercado ainda está em falha e é preciso criar talento qualificado ou requalificar o que já existe. "Sem esforços direcionados, como programas de requalificação e maior inclusão, o setor corre o risco de enfrentar sérios desafios, o que pode comprometer a expansão do setor", alertam os responsáveis.
Entre as vantagens de Portugal para o setor dos "data centers" está, segundo Rita Lourenço, o segmento energético. "Em Portugal, o custo de energia é muito mais baixo [que em outras geografias] e a percentagem de energia verde também é maior do que em qualquer outro país da Europa". Isto porque o relatório "Market Outlook Data Centers Portugal 2025" evidencia um crescimento da potência de Tecnologias de Informação de 40 vezes até 2031, altura em que se prevê serem consumidos 8,5 terawatts-hora anuais.
No mesmo encontro, os responsáveis elogiam a velocidade com que o país, especialmente as autarquias, adotou o potencial de crescimento. Luís Duarte e Rita Lourenço evidenciam então os licenciamentos de Projeto de Interesse Nacional (PIN), os incentivos fiscais e o alinhamento com fundos europeus para justificar a atratividade de Portugal.
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