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Intel diz que entrada do "Uncle Sam" no capital da empresa pode prejudicar vendas

A posição de 10% do Governo dos EUA no capital da Intel não vem sem riscos associados. Vendas internacionais e subsídios noutros países ficam em risco, esclarece a empresa.

Entrada do 'Uncle Sam' no capital da Intel pode prejudicar vendas, diz tecnológica
Entrada do "Uncle Sam" no capital da Intel pode prejudicar vendas, diz tecnológica AP Photo/Don Ryan
25 de Agosto de 2025 às 15:51

A entrada do Governo dos EUA no capital social da Intel, através da conversão de subsídios em ações, pode vir a ter impactos negativos na empresa. Num documento apresentado esta segunda-feira à Securities and Exchange Commission (SEC), o regulador norte-americano, a tecnológica reconhece que a posição de 10% detida pelo Executivo liderado por Donald Trump pode vir a prejudicar as suas vendas internacionais, bem como impedir a obtenção de subsídios noutros países. 

Apesar de ter a sua sede em território norte-americano, 76% das receitas da Intel em 2024 foram obtidas noutros mercados. Só a China representou 29% do valor total de vendas - uma posição que fica agora ameaçada com a entrada do "Uncle Sam" no capital da empresa, uma vez que expõe a tecnológica a regulamentações ou a restrições adicionais, de acordo com o mesmo documento. 

A concretização da conversão deste financiamento em capital da empresa vai fazer do Estado norte-americano o maior acionista da Intel, numa altura em que também o Softbank está a entrar na estrutura da tecnológica. No entanto, na semana passada, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, garantiu que a, não vai ter direitos de voto nem vai pressionar as empresas a fazerem negócios com a Intel - afastando, assim, uma intervenção política direta da atual administração nos destinos da empresa. 

A ao abrigo da Lei CHIPS em ações, no valor de 7,9 mil milhões de dólares, bem como de outros 3,2 mil milhões provenientes do programa Secure Enclave - ambos criados na administração Biden, que precedeu a atual liderada por Trump. Através do primeiro programa, a Intel já recebeu 2,2 mil milhões e espera, agora, receber os restantes 5,7 mil milhões - dinheiro destinado a reforçar a produção de semicondutores para uso militar e comercial. 

O acordo foi assinado no dia 11 de agosto e espera-se que as transações, ao abrigo da Lei CHIPS, estejam concluídas na terça-feira, dia 26 de agosto. A entrada do Governo norte-americano na Intel acontece numa altura em que a tecnológica tem enfrentando dificuldades e enfrenta uma restruturação, isto depois de, em 2024, ter registado o primeiro ano de prejuízos em quase quarenta anos, com perdas em torno dos 18,8 mil milhões de dólares. 

Para inverter as contas da empresa, a tecnológica decidiu contratar Lip-Bu Tan como o seu novo CEO - um nome que, recentemente, foi criticado por Trump, com o republicano a acusar Tan de ter laços "altamente conflituosos" com empresas chinesas. Apesar de terem começado a relação com o "pé esquerdo", o Presidente dos EUA e o líder da Intel conseguiram pôr a animosidade de parte e chegar a um acordo para a entrada do Governo norte-americano no capital da empresa. "Ele [Lip-Bu Tan] entrou a querer manter o seu emprego e acabou a entregar-nos 10 mil milhões de dólares", escreveu Trump na sua rede social, a Truth Social, após uma reunião com o presidente da Intel. 

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