Portuguesa 33N lidera investimento de 10 milhões em espanhola para travar “money mules”
O fundo de capital de risco do Porto criado por dois ex-homens Sonae encabeçou a ronda de financiamento da Acoru, startup sediada em Madrid que combate a fraude e o branqueamento de capitais potenciados pela inteligência artificial.
“Os burlões de hoje têm ferramentas mais poderosas do que nunca. A nossa abordagem permite antecipar futuras vítimas, ‘money mules’ [pessoas que transferem fundos ilícitos sem o saber] e contas em risco, identificando sinais de alerta que outros sistemas não conseguem detetar”, garante Pablo de la Riva Ferrezuelo, CEO e cofundador da Acoru.
Sediada em Madrid, operando no combate a fraude e o branqueamento de capitais potenciados pela inteligência artificial, esta startup acaba de angariar 10 milhões de euros numa ronda de investimento Série A liderada pela 33N Ventures, capital de risco fundada há três anos pelos ex-quadros da Sonae Carlos Alberto Silva e Carlos Moreira da Silva.
Este novo financiamento permitirá acelerar a missão da Acoru de “ajudar os bancos a prever e prevenir fraudes e branqueamento de capitais alimentados por IA antes que qualquer transação seja iniciada”, afiança a 33N, em comunicado.
“O que mais nos impressionou na Acoru não foi apenas a visão, mas também a rara combinação de profundo conhecimento técnico e capacidade de execução da sua equipa fundadora. Só uma equipa excecional conseguiria conceber uma plataforma tão completa, fácil de implementar e inteligente”, afirma Carlos Moreira da Silva.
“Na 33N Ventures, orgulhamo-nos de apoiar a Acoru na redefinição da forma como a fraude financeira é identificada e prevenida”, remata o partner da capital de risco portuense.
A Adara Ventures e a Athos Capital, investidores da Acoru, também participaram na ronda liderada pela 33N.
Fraudes bancárias representam perdas anuais de 429 mil milhões de euros
Os esquemas de fraude potenciados por IA generativa – como “deepfakes”, clonagem de voz e engenharia social – estão a impulsionar perdas financeiras crescentes, estimando-se que as fraudes bancárias e os esquemas de burla representam perdas anuais de quase 500 mil milhões de dólares (429 mil milhões de euros) a nível global.
Ora, a capacidade manifestada pela Acoru “tornou-se ainda mais relevante no contexto das novas regras financeiras que obrigam à partilha de custos de reembolso (50:50) entre o banco emissor e o banco recetor em casos de fraude autorizada ou não autorizada, norma já em vigor no Reino Unido”, sublinha a 33N.
Fundada em dezembro de 2023, a Acoru é o segundo projeto – o seu primeiro projeto foi adquirido pelo unicórnio português Feedzai - dos fundadores Pablo de la Riva Ferrezuelo e David Morán, ambos especialistas em cibersegurança e prevenção de fraude, que lideram uma equipa de mais de 30 profissionais.
33N com startups de Israel, EUA, Itália, França e Espanha
Foi no verão de 2022 que Carlos Alberto Silva e Carlos Moreira da Silva decidiram sair da Sonae IM (atual Bright Pixel), o braço de investimento tecnológico do grupo liderado por Cláudia Azevedo, onde estavam há já vários anos, para criarem a sua própria capital de risco.
Focada no investimento em empresas de cibersegurança na Europa, Israel e Estados Unidos, foi batizada de 33N. Porque o paralelo a 33 graus a norte do plano equatorial terrestre atravessa os Estados Unidos, Portugal (a ilha de Porto Santo) e Israel.
Com sede no Porto e em parceria com a gestora espanhola de ativos Alantra, a 33N já captou mais de 100 milhões de euros.
Até agora, além da espanhola Acoru, liderou diversos investimentos estratégicos a nível global em empresas de tecnologia de cibersegurança e software de infraestrutura, destacando-se a israelita Panorays, a norte-americana StrikeReady, a italiana Exein e a francesa DataGalaxy.
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