FlixBus estima perdas anuais de mais de 12 milhões por bloqueio no acesso ao terminal de Sete Rios

Rede Expressos continua a impedir acesso ao terminal de Sete Rios, apesar de a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes o ter determinado. Operadora alemã pede execução urgente da decisão e admite avançar com outros passos, com apresentar queixa em Bruxelas.
Pablo Pastega, diretor-geral da Flixbus em Portugal
Mariline Alves
Diana do Mar 11:46

A FliXBus estima em até 12,5 milhões de euros as perdas em 2024 provocadas pela falta de acesso ao Terminal Rodoviário de Sete Rios, em Lisboa, devido ao bloqueio por parte da Rede Expressos que continua quase meio ano depois de o regulador dos transportes ter dado razão à operadora alemã.

A estimativa foi avançada, na manhã desta quinta-feira, por Pablo Pastega, diretor-geral da FlixBus em Portugal e vice-presidente para a Europa Ocidental, que aponta que este dano económico, que representa perto de 15% do volume de negócios do ano passado (90,6 milhões de euros), será maior à medida que o tempo passa

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"É surpreendente que passados seis meses [da decisão vinculativa] nenhuma autoridade tenha feito nada. E não entendemos porquê. Só pedimos que se cumpra a lei", lamentou, admitindo avançar com outros passos, como uma queixa junto da União Europeia.

"Lisboa é a única capital europeia em que não temos acesso ao principal terminal da cidade. (...) Se as autoridades portuguesas não executam a decisão teremos de ir a Bruxelas", frisou o “número 1” da FlixBus em Portugal, onde a operadora serve quase 80 cidades com 250 ligações diárias.

"Não nos passa pela cabeça que esta situação possa continuar indefinidamente assim. É insustentável", complementou o diretor de operações, Tiago Cavaco Alves.

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Em maio, a, na sequência de um recurso interposto pela FlixBus.

"Após a análise dos argumentos, não foi provado o esgotamento da capacidade do terminal e foi confirmada a existência de capacidade disponível – também pelo Município de Lisboa – pelo que foi determinado que o gestor do terminal deve facultar o acesso ao terminal, dentro dos horários disponíveis, não podendo tal ser negado, a todos os operadores que o requeiram", indicou a entidade liderada por Ana Paula Vitorino em comunicado.

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Esse não é, no entanto, o entendimento da Barraqueiro Transportes, a maior acionista da Rede Expressos. Em agosto, o presidente, Martinho Costa, afirmou, e, que o terminal de Sete Rios "está no limite da sua capacidade", apontando que análise do regulador dos transportes foi feita nas "horas erradas", argumentando que dar acesso às suas concorrentes - em particular à FlixBus, mas também à francesa BlaBlaCar - iria "pôr em risco a segurança das pessoas [passageiros e trabalhadores] e dos bens e a qualidade do serviço  praticada".

"Não cabe mais nada dentro do terminal de Sete Rios", declarou.

Argumentos de "monopolistas", classificou o "número 1" da FlixBus em Portugal.

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O acesso ao terminal de Sete Rios chegou, aliás, à Assembleia da República, com a operadora alemã a dar conta de que pediu para ser ouvida na audiência, requerida pelo Grupo Parlamentar da Iniciativa Liberal, com a AMT, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) e a Autoridade da Concorrência, que tinha sido chamada a pronunciar-se sobre as regras dos terminais rodoviários.

O terminal de Sete Rios figura como o caso "mais gritante", mas não é único onde a FlixBus diz ter dificuldades em entrar. 

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Aos jornalistas, a operadora alemã indicou que está "sem acesso total" a mais sete terminais no país, dos quais dois (Évora e Albufeira) são públicos. Além disso, diz ter "acesso parcial ou limitado em cinco outros, como o de Fátima ou o de Leiria.

Leiria figura, aliás, como uma das grandes apostas para o próximo ano, já que vai nascer ali um novo terminal público, o que vai permitir à FlixBus "quase triplicar a sua operação" naquela cidade.

A multinacional alemã, apelidada de "Uber dos autocarros" - por não ter autocarros nem motoristas - chegou a Portugal em 2017, com duas linhas internacionais, partindo em plena pandemia, no verão de 2020, para a operação doméstica com a liberalização do mercado de expressos no final de 2019.

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A FlixBus transportou 15 milhões de passageiros desde 2017.


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