Consórcio acusa SATA de bloquear discussão da estratégia da Azores com trabalhadores
Depois de uma nova extensão no prazo para apresentar uma proposta formal, o consórcio vem acusar a administração da SATA de bloquear conversas com os trabalhadores. Newtour diz querer conhecer "verdadeira situação da empresa".
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O consórcio Newtour/MS Aviation, interessado em adquirir a Azores Airlines, pediu ao Conselho de Administração da SATA para falar com os trabalhadores e abordar o futuro da empresa e conhecer "a verdadeira situação da empresa", mas foi bloqueado de fazê-lo. Este consórcio, que se apresentou como o único a concurso para comprar a companhia aérea, assume que o futuro da Azores Airlines "está preso num colete de forças".
A compra da Azores Airlines tem feito correr tinta, com sucessivos atrasos para a apresentação da proposta final e melhorada e a falta de consenso com os pilotos. Agora, o consórcio, que tem sido representado pelo gestor Carlos Tavares, admite ter solicitado "autorização formal para dialogar com os trabalhadores, sindicatos e seus representantes, mas não viu o pedido autorizado", acusando a administração da SARA de "impedir uma conversa factual e transparente entre quem trabalha na empresa e quem a quer adquirir".
"A atitude da SATA Holding só pode ser entendida como uma manobra. Sabe, desde a primeira hora, que o diálogo franco e honesto é condição essencial do agrupamento para a apresentação de uma proposta e, ao não autorizar o diálogo, não só esconde a realidade da companhia aérea como nega aos trabalhadores o direito de conhecerem o projeto estratégico do agrupamento. Desta forma, o Conselho de Administração tem contribuído para alimentar a desinformação, disseminada com maior intensidade ao longo das últimas semanas", critica a Newtour/MS Aviation.
O consórcio admite que a assinatura do compromisso de confidencialidade impede "conversas, negociações, condições e qualquer outro facto ou informação relacionado com a transação que não seja público, bem como qualquer informação desenvolvida de forma independente pelo beneficiário [Agrupamento Newtour/MS Aviation], ou em seu nome, no âmbito da transação, independentemente de ter sido divulgada antes, após ou na data do presente compromisso de confidencialidade”.
Assim, o grupo entende que "o futuro da Azores Airlines está preso num colete de forças, criado pela administração da SATA Holding, com o objetivo aparente de impedir a privatização. E essa responsabilidade deve ser assumida". Assumindo que está "empenhado em apresentar uma solução sólida".
"O tempo das desculpas acabou. Ou se trabalha, em conjunto, para salvar a Azores Airlines – o que implica abertura ao diálogo – ou ficará claro, aos olhos de todos, quem não quer que a companhia aérea tenha futuro", adianta o consórcio, lembrando as declarações do Secretário Regional das Finanças, Duarte Freitas, de que a companhia seria forçada a encerrar a atividade se não encontrasse um comprador até ao fim do ano.
De recordar que o Negócios avançou que o Governo Regional ia pedir mais tempo a Bruxelas para concluir a venda da Azores Airlines, num momento em que o impasse se mantinha. A Comissão Europeia mandatou os Açores a vender a Azores Airlines, que faz parte do grupo SATA, até dezembro, mas, perante o bloqueio em fazê-lo, o Governo Regional foi forçado a pedir mais tempo, mesmo ameaçando com o fecho da empresa sem a existência de um acordo.
Também a data para a apresentação da proposta final voltou a ser adiada, agora para 10 de novembro. Este adiamento surgiu após o Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil ter anunciado que estava preparado para discutir um acordo com a Newtour/MS Aviation, depois deste último ter demonstrado "um genuíno espírito de diálogo e cooperação". Assim, o consórcio tem até dia 10 de novembro para apresentar a proposta vinculativa melhorada - o grupo ofereceu 15,2 milhões de euros por 76% da companhia aérea açoriana - e, caso aceite, deve entregar toda a documentação necessária até ao dia 24 do mesmo mês.
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