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Imitadores de bolsa

A estratégia de replicar índices bolsistas reduz as comissões de gestão dos ETF, mas baixa a flexibilidade destes instrumentos

09 de Janeiro de 2012 às 10:02

A cotação do ETF é, por norma, expressa como uma fração do índice que procura replicar (1:10 ou 1:100), em que cada ponto de índice corresponde a um euro. Se um índice está cotado a 10 mil pontos e o ETF tiver uma fração de 1:100, significa que o ETF deverá cotar em torno dos 100 euros. Com estes ativos, os investidores podem estar expostos a um determinado mercado ou setor de forma mais direta. Além disso, é mais fácil para o investidor acompanhar o seu investimento através de ETF, pois não depende do julgamento de um gestor de fundos. A cotação deverá acompanhar a evolução do índice subjacente, como se pode ver no gráfico ao lado, que compara o principal índice nacional de ações, o PSI 20, e o ComStage ETF PSI 20.

A réplica poderá, no entanto, não ser perfeita, uma vez que um índice é um produto teórico enquanto os administradores do ETF terão de comprar os títulos que compõem o índice e fazer os respetivos ajustes, quando necessário, o que acarreta custos. Além disso, os dividendos recebidos são, por norma, reinvestidos no ETF ao passo que nem todos os índices de bolsa têm incluído o reinvestimento no seu cálculo.

Nem sempre é replicador direto

Com o desenvolvimento deste mercado, começaram a ser desenhados ETF mais complexos. Entre eles, há os alavancados que, através da utilização de instrumentos complexos, procuram multiplicar a evolução do índice (o que também potencia as perdas no caso de uma descida) e os que foram feitos para evoluírem de forma contrária à do índice. Se o índice recuar 3%, o ETF deverá subir 3% e vice-versa. Este tipo de ETF não é aconselhável para a maioria dos investidores particulares, dada a sua complexidade e o seu risco inerente.

Pouca oferta em Lisboa

Na Euronext Lisbon estão apenas cotados três ETF: dois emitidos pela ComStage (ComStage ETF PSI 20, ComStage ETF PSI 20 Leverage) e outro pela ESAF (ESAF NYSE Euronext Iberian ETF). Os dois primeiros têm como ativo subjacente o PSI 20, sendo que um é do tipo alavancado.

Já o emitido pela ESAF procura replicar a evolução do índice ibérico NYSE Euronext Iberian. São títulos que têm um baixo volume de negociação. Um deles, o ComStage PSI 20 Leverage, transacionou apenas em 18 sessões desde que entrou na bolsa, em dezembro de 2010.

Na NYSE Euronext (Amesterdão, Bruxelas, Nova Iorque, Lisboa e Paris) estão cotados perto de 600 ETF. Nos primeiros 10 meses de 2011 foram transacionados 100 mil milhões de euros com ETF, um valor que ultrapassa o total gerado em todo o ano de 2010. Outro mercado com forte negociação é a bolsa de Frankfurt, no qual estão cotados mais de 780 ETF responsáveis por 165,3 milhões de euros de transações, quase o equivalente ao produto interno bruto português.

Negociação e custos dos ETF

Como os ETF, muitas vezes também conhecidos por trackers, são negociados na bolsa é preciso pagar ao intermediário financeiro por cada compra e venda, à imagem do que se passa no mercado acionista. Este custo é variável, mas deverá ficar entre os 5 e os 14 euros no caso de comprar os ETF na bolsa de Lisboa ou nas praças da NYSE Euronext. Se for noutros mercados (nomeadamente Frankfurt), há intermediários que cobram acima destes valores. Mas como o ETF é um fundo de investimento, tem igualmente uma comissão de gestão, que incorpora os custos associados às operações que faz, como a negociação dos títulos adquiridos pelo fundo. Essa comissão variável corresponde a uma percentagem do capital investido pelo aforrador. Varia bastante, mas a maioria enquadra-se no intervalo entre 0,2 e 0,6 por cento. Esta comissão não é cobrada diretamente ao investidor. É incorporada na cotação do ETF.

Em termos fiscais, o tratamento é o mesmo dado às ações. As mais-valias obtidas com a venda destes títulos (em conjunto com as obtidas com a alienação de ações, obrigações e outros títulos) só serão taxadas se forem superiores, durante um ano, a 500 euros. Neste caso, a taxa de tributação autónoma será de 25%.

Preferimos fundos de investimento

Os ETF apresentam como principais vantagens face aos fundos de investimento o facto de terem custos de gestão inferiores, serem mais facilmente transacionados na bolsa e comportarem uma maior transparência, uma vez que sabemos exatamente como deverão evoluir (replicar a evolução do índice). Em contrapartida, o fundo de investimento beneficia de uma ação ativa do seu gestor que procura ajustar a carteira em função do que considere melhor face à conjuntura. Preferimos os bons fundos de investimento, que têm um potencial de ganho superior e que, nas quedas, poderão reagir mais rapidamente e limitar as perdas. Porém, iremos estar atentos ao mercado dos ETF que podem ser úteis no caso de não existirem fundos de investimento para uma determinada área ou se os existentes tiverem um mau indicador de desempenho.

3 ETF
É o número destes instrumentos que podem ser negociados na bolsa de Lisboa. Dois acompanham o PSI 20 e o outro um índice ibérico
18 sessões
O ComStage ETF PSI 20 Leverage, que duplica o movimento do índice, apenas teve negócios nestas sessões durante o último ano
10 mil milhões
É o valor médio mensal, em euros, transacionado em ETF nos mercados da NYSE Euronext, que incluem Lisboa

PROTESTE INVESTE RECOMENDA

Primeiro, saiba que investir num exchange-traded fund (ETF) é sinónimo de investir num índice. Ao aplicar dinheiro num destes fundos cotados está a aplicar num determinado mercado, setor ou matéria-prima. Por isso, o horizonte temporal de investimento deverá ser, tal como no investimento em ações, no mínimo de cinco anos. Embora possa investir montantes baixos em ETF, tenha atenção aos custos de negociação, que podem absorver uma grande parte dos ganhos potenciais. Recomendamos um mínimo de cinco mil euros para que estes custos sejam diluídos. Invista apenas em ETF simples, cuja exposição ao índice seja direta, não inversa nem alavancada. Ou seja, mantenha-se afastado dos ETF que incluam instrumentos derivados. Como em qualquer outra aplicação, leia o prospeto do ETF, para saber exatamente o que está a adquirir, bem como os riscos associados. Apesar dos emitentes terem ordens permanentes de compra e de venda, opte por ETF com mais negócios para garantir uma maior eficácia na formação dos preços. Prefira adquirir os ETF na Euronext Paris ou na bolsa de Frankfurt, mercados com maior liquidez. As plataformas de negociação on-line dos intermediários normalmente permitem acompanhar esta informação.

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