Oportunidade na Polónia escreve-se em polaco
No país que receberá, com a Ucrânia, o Euro 2012, há espaço para Portugal. Mas sempre em aliança com os de lá
No Business Roundtable sobre a Polónia, que o Negócios promoveu na semana passada, Pedro Soares dos Santos recordou como a Jerónimo Martins se lançou a um mercado quatro vezes maior que o português. "Era preciso aprender a história, compreender a língua, perceber as expectativas dos consumidores", explica o administrador delegado da Jerónimo Martins.
Hoje, a Polónia é um país repleto de oportunidades. Não só pela escala (38 milhões de consumidores fazem diferença), mas também pela modernização que está a ser levada a cabo por Varsóvia. João Brás Jorge, vice-presidente do Bank Millennium, do grupo BCP, deixa um alerta aos empresários portugueses, indicando que "a nível de obras públicas existe um grande potencial, mas sair daqui sem conhecer o mercado polaco e os seus intervenientes e entrar num concurso público é meio caminho para o insucesso".
O gestor do BCP assegura que o banco está disponível para financiar as empresas portuguesas na Polónia, mas pede que "gastem algum tempo a conhecer o país".
Iwona Chojnowska-Haponik é a directora da agência polaca para o investimento. Pese embora a dificuldade de pronunciar o seu nome, Iwona garante que a comunicação luso-polaca é possível, até porque a nova geração de empreendedores polacos fala inglês.
O balanço que hoje se faz do investimento português na Polónia aponta para mais de 2 mil milhões de euros aplicados pelas empresas lusas, segundo Dorota Ostrowska-Cobas, a encarregada de negócios da Embaixada da Polónia em Lisboa. "Temos cada vez mais embaixadores da Polónia entre os empresários portugueses", comentou a mesma responsável.
A verdade é que Portugal está ainda fora do "top 10" dos maiores investidores na Polónia. O "ranking" é liderado pelos holandeses. Mas há muitas empresas portuguesas a aproveitar a onda polaca. O secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, Fernando Serrasqueiro, lembrou que "nos últimos cinco anos o número de empresas polacas com capital português subiu de 24 para cerca de 90". Fernando Serrasqueiro acredita que "as oportunidades existem e são consentâneas com o saber fazer português".
O "know how" luso só vingará, porém, se aliado ao polaco. Pedro Soares dos Santos está certo de que "vale a pena continuar". Para o administrador da Jerónimo Martins a Polónia "é um país que tem um sistema fiscal estável, previsível" e "onde os tribunais funcionam".
Desde que o grupo português entrou na Polónia passaram 15 anos. Neste intervalo de tempo os produtos frescos ultrapassaram a vodka e a cerveja no cabaz de compras do consumidor local. O nível de formação elevou-se. E a ambição polaca também. Com um crescimento económico excepcional para o que é a tendência europeia, a Polónia prepara-se hoje para acolher o Euro 2012. Vai precisar de uma mãozinha estrangeira para construir hotéis e investir em aeroportos, estradas e ferrovias. Mas no fundo tudo o que por lá se fará continuará a ter um toque local. E no casamento dos investidores portugueses com as oportunidades polacas o "não" de cá há-de ser substituído pelo "sim" de lá. "Tak, tak, tak!".
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