Aversão a perdas trama investidores na bolsa

O comportamento dos investidores individuais em bolsa “resulta normalmente em piores desempenhos e revela uma aversão a perdas”, conclui um estudo sobre transacção de acções, da autoria de três professores da Universidade do Minho, que foi premiado num congresso internacional.
Rui Neves 08 de Julho de 2016 às 13:38

Os investidores individuais tendem a vender acções que estejam a valorizar, assim como a manter e a comprar acções cujo valor esteja em queda.

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Esta é a grande conclusão de um estudo sobre transacção de acções, de três docentes da Universidade do Minho (na foto), que foram distinguidos com o "Best Paper Award" na 9.ª Conferência Internacional da Rede Portuguesa de Finanças, um evento que reuniu na Covilhã uma centena de peritos de 20 países, desde os Estados Unidos à Austrália, passando pelo China, Brasil, Suécia ou Reino Unido.

"Este tipo de comportamento é prejudicial para o investidor porque resulta normalmente em piores desempenhos e revela uma aversão a perdas, mesmo que apenas potenciais e passíveis de serem recuperadas", conclui o estudo "Selling Winners, Buying Losers: Mental Decision Rules of Individual Investors on Their Holdings", da autoria de Cristiana Leal, Manuel Rocha Armada e Gilberto Loureiro, professores da Escola de Economia e Gestão (EEG) da Universidade do Minho.

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O estudo, que "avaliou durante quatro anos as decisões de 4.428 investidores, maioritariamente portugueses", sobre a transacção de acções em bolsa, conclui que a compra de unidades adicionais de uma acção a um preço mais baixo é vista como vantajosa, pois reduz o preço médio de aquisição e facilita a eventual recuperação do investimento inicial.

"Estas decisões são frequentes em investidores que têm carteiras menos diversificadas, que têm pior desempenho e para activos com maior volume de transacção", consideram os autores do estudo.

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Com este trabalho do Núcleo de Investigação em Políticas Económicas da Universidade do Minho, destaca a instituição, alarga-se assim o conceito "disposition effect" (preferência para vender acções com ganhos e preservar as restantes), "introduzindo uma nova dimensão, ligada à exposição de acções desvalorizadas".

Manuel Rocha Armada, presidente da Escola de Economia e Gestão, é licenciado em Gestão pelo Instituto Superior de Economia e Gestão, mestre em Management Science pela Universidade de Kent e doutorado em Business Administration pela Manchester Business School (ambas do Reino Unido).

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Cristiana Leal é doutorada em Ciências Empresariais pela Universidade do Minho, com uma tese nomeada em 2015 para o prémio "Best Scientific Research on Portuguese Capital Markets", da Euronext Lisbon. Lecciona disciplinas relacionadas com finanças empresariais e investimentos financeiros.

Por sua vez, Gilberto Loureiro realizou o doutoramento em Business Administration - Finance na norte-americana Ohio State University. Já publicou artigos científicos no "Journal of Corporate Finance" e "Journal of Accounting Research", entre outras revistas de referência.

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