Galp afunda mais de 15% e perde 1,5 mil milhões após venda à TotalEnergies

A petrolífera anunciou esta manhã um negócio que surpreendeu os investidores pela negativa. A reação em bolsa chegou momentos depois.
A petrolífera portuguesa vendeu metade da sua participação na Namíbia.
Miguel Baltazar / Medialivre
Diogo Mendo Fernandes 10:33

Os investidores responderam negativamente à venda da Galp que alienou uma participação de 40%, ou seja, metade do que detinha, no campo petrolífero de Mopane, na Namíbia, . O anúncio, feito na manhã desta terça-feira, levou as ações de uma das maiores cotadas do principal índice da bolsa de Lisboa a mergulharem mais de 15%.

Os títulos chegaram a perder 15,4% para 14,665 euros - a maior descida desde março de 2020 e que implica uma perda superior a 1,5 mil milhões de euros em capitalização bolsista. No fecho da sessão desta segunda-feira, a Galp valia pouco mais de 13 mil milhões e segue a valer 11,5 mil milhões. O PSI cai 0,97%. Por seu lado, a TotalEnergies soma 0,14% para 56,4 euros.

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O negócio não tem qualquer contrapartida financeira imediata e envolve antes uma troca de ativos, assim como o assumir de parte das despesas de exploração. A TotalEnergies assume a operação da exploração do campo petrolífero e vai cobrir metade dos custos de investimento da Galp para exploração, avaliação e desenvolvimento na região de Mopane. Além disso, há uma troca de ativos e a petrolífera nacional vai ficar com participações, de 10% e 9,4%, noutros dois campos da TotalEnergies na região.

Os trâmites dos negócio surpreenderam os investidores, uma vez que para já "não deverá ter um impacto na tesouraria de curto prazo, em termos de fluxo de caixa, e o mercado poderá estar a ajustar a avaliação", diz ao Negócios João Queiroz, "head of trading" do Banco Carregosa. Ainda assim, espera que "no médio e longo prazo haja um efeito mais positivo com a capitalização" dos ativos na Namíbia.

Carlos Pinto, gestor sénior da Optimize Investment Partners, não se mostra surpreendido com o formato do negócio. "Já se sabia que não era a prioridade ter uma contrapartida financeira imediata, a Galp foi clara nisso e a prioridade era que o parceiro estivesse comprometido e fosse extrair já nos próximos anos", explica ao Negócios. Elogia o facto de a TotalEnergies entrar com metade do investimento no Mopane daqui para a frente, tendo em conta que esta é "uma atividade com forte investimento". Ainda assim, caso se confirme a existência de petróleo, a Galp terá de pagar o montante investido pela TotalEnergies através de 50% do fluxo de caixa gerado pelas vendas comerciais.

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Carlos Pinto salienta, no entanto, o "negócio muito opaco" que deverá ter prazos e cláusulas que não serão tornadas públicas e estranha o "timing", que pelo anúncio ter ocorrido a meio da semana dá "menos tempo de digestão aos investidores" e poderá estar a potenciar o movimento mais expressivo das ações. A troca de ativos é o que mais surpreende o gestor, mas "acaba por ser uma aposta na região", acrescenta. 

As duas empresas vão lançar uma campanha de exploração e avaliação de pelo menos três poços petrolíferos nos próximos dois anos, sendo que o primeiro potencial poço está em avaliação já para 2026.

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