Oracle afunda com indicação de que Blue Owl não vai apoiar centro de dados
Os desaires da Oracle em bolsa têm sido sucessivos desde que, há uma semana, reportou – após o fecho de Wall Street – os resultados do seu segundo trimestre fiscal, que reavivaram os receios de uma bolha nas cotadas da inteligência artificial (IA). Nas duas sessões que se seguiram, as ações perderam em torno de 14%. No arranque desta semana, mantiveram-se no vermelho, na terça-feira conseguiram recuperar, mas hoje regressaram às quedas e já recuam mais de 17% desde a apresentação de contas.
O mergulho desta quarta-feira segue-se ao relato de que o seu maior parceiro de desenvolvimento de centros de dados retirou o apoio a um grande projeto de infraestrutura de inteligência artificial. Segundo o Financial Times, a Blue Owl Capital optou por não apoiar um projeto de centro de dados no valor de 10 mil milhões de dólares, no Michigan, que visa fornecer capacidade de computação em larga escala para clientes de inteligência artificial, incluindo a OpenAI.
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A notícia agravou as crescentes preocupações de Wall Street sobre os níveis crescentes de endividamento da Oracle e os pesados gastos de capital ligados aos investimentos em inteligência artificial.
Resultado: a Oracle chegou a perder 5,9% pouco depois dessas informações, para transacionar nos 117,5 dólares. A empresa cofundada por Larry Ellison – que é atualmente seu “chairman” e diretor de tecnologia – já veio desmentir a notícia, mas o alívio em bolsa foi marginal, com as ações a desvalorizarem agora 4,72%.
Segundo o FT, a Blue Owl estava a negociar com a Oracle e potenciais credores um investimento no centro de dados. No entanto, as discussões fracassaram antes de se alcançar um acordo, com algumas fontes a dizerem que esse recuo se deveu sobretudo aos receios em torno do aumento da dívida da Oracle e dos enormes investimentos em IA.
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Esta informação vem assim trazer mais preocupação ao mercado depois das contas divulgadas na semana passada, que revelaram que a empresa gastou 12 mil milhões de dólares em despesas de capital no trimestre, o que ficou muito acima dos 8,25 mil milhões esperados pelos analistas.
O sentimento dos analistas tem vindo também a revelar uma maior prudência. O Goldman Sachs, por exemplo, cortou recentemente em 100 dólares o preço-alvo da Oracle, que passou assim de 320 para 220 dólares.
As ações já cedem mais de 6% desde o início do mês, refletindo o crescente ceticismo do mercado em relação à estratégia de IA da Oracle e à sua capacidade de gerir as exigências financeiras de competir no mercado de infraestrutura em nuvem, que está em rápida evolução.
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Desde os máximos do ano, atingidos em setembro, a Oracle afunda 46%. No acumulado de 2025 ainda tem um saldo positivo de 8,67%.
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