Receios de bolha na IA derrubam Wall Street. S&P 500 e Nasdaq em mínimos de três semanas
Os principais índices norte-americanos encerraram a sessão desta quarta-feira no vermelho, com os receios em torno de uma bolha na inteligência artificial (IA) a atirarem o S&P 500 e o Nasdaq Composite para mínimos de três semanas, numa altura em que a Oracle - que tem sido a principal instigadora do nervosismo na tecnologia nos últimos dias - enfrenta dificuldades em garantir o financiamento para a construção de um novo centro de dados.
O S&P 500 encerrou a sessão com perdas de 1,16% para 6.721,43 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq Composite cedeu 1,81% para 22.693,32 pontos e o industrial Dow Jones caiu 0,47% para 47.885,97 pontos. É já a terceira sessão consecutiva de perdas para estes dois primeiros índices esta semana, pressionados por um pessimismo no setor tecnológico - o grande motor do "rally" das bolsas este ano - e por dúvidas em torno do futuro da política monetária norte-americana.
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"Há uma ansiedade crescente em relação à IA. O principal fator de nervosismo é o nível de despesas de capital e a natureza circular de alguns dos investimentos, com a OpenAI a estar no centro disto tudo", explica Ross Mayfield, estratega de investimentos da Baird Private Wealth Management, à Reuters. "A questão mais ampla que se coloca no início do novo ano é sobre a sustentabilidade e o retorno de todos estes gastos", acrescentou o analista.
O pessimismo acabou por inundar o setor tecnológico depois de ter sido noticiado que a Blue Owl Capital, a parceira habitual de investimento da Oracle, optou por não apoiar um projeto de centro de dados no valor de 10 mil milhões de dólares da empresa. A notícia acabou por afundar as ações da empresa co-fundada por Larry Ellison, que caiu 5,39% para 178,46 dólares, e derrubar várias cotadas do setor, tal como a Nvidia - a cabeça de cartaz da IA - e a Broadcom (com perdas de 3,81% e 4,48%, respetivamente).
Além dos receios em torno da IA, os investidores estiveram ainda atentos aos desenvolvimentos no processo de aquisição da Warner Bros. Numa carta enviada aos seus acionistas, na qual pede que a oferta da Paramount não seja aceite, a empresa admite que a fusão com a Netflix é a mais vantajosa e acusa a rival de "enganar" a empresa com uma proposta "ilusória". Em reação, as ações da gigante do "streaming" aceleraram 0,23%, enquanto as da Warner Bros. cederam 2,39% e as da Paramount caíram 5,42%.
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Já no campo da política monetária, as atenções estiveram viradas para as declarações de Christopher Waller, que veio dar bases sólidas para as expectativas do mercado de dois cortes nas taxas de juro no próximo ano. O membro do Conselho de Governadores da Reserva Federal (Fed) afirmou que a política monetária dos EUA ainda está em território restritivo e que o banco central tem espaço para cortar mais, após um alívio de 25 pontos-base na semana passada.
"Acho que provavelmente ainda estamos, talvez, 50 a 100 pontos-base acima de um nível neutro", esclareceu, indicando ainda que a autoridade monetária não deve ter "pressa" para continuar o ciclo de alívio, numa altura em que o mercado de trabalho está a ficar mais fraco mas não demonstra um desaceleramento significativo. "Podemos avançar a um ritmo moderado, não creio que tenhamos de fazer nada drástico", completou.
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