Ações da Novo Nordisk tombam quase 7% depois de Trump falar em Ozempic a "150 dólares"
Também as ações da norte-americana Eli Lilly, que produz igualmente medicamentos que resultam na perda de peso, estão a cair 4%, antes da abertura do mercado.

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O Presidente dos EUA, Donald Trump, continua focado em forçar uma descida de preços de medicamentos no mercado americano. Numa conferência de imprensa na Casa Branca, nesta quinta-feira, o líder americano disse que o preço dos medicamentos para a perda de peso vai em breve "ser muito mais baixo".
"Vão custar 150 dólares do próprio bolso", acrescentou Trump, para rapidamente ser corrigido por Mehmet Oz, administrador dos serviços Medicare e Medicaid, que sublinhou que os preços dos medicamentos para a perda de peso estão ainda a ser negociados. "A categoria de medicamentos GLP-1, que inclui o Ozempic, ainda não foram negociados", acrescentou.
Mas Donald Trump reforçou, logo depois, que os preços iriam baixar "muito rápido".
Em declarações ao Financial Times, a Novo Nordisk disse estar "em discussões" com a Casa Branca e "focada em melhorar o acesso e a acessibilidade" aos seus medicamentos.
As declarações do líder da maior economia do mundo foram suficientes para ter um forte impacto junto dos investidores. As ações da dinamarquesa Novo Nordisk, responsável pelos medicamentos Ozempic (direcionado para a diabetes, mas usado também para a perda de peso) e Wegovy (direcionado para a perda de peso), caíam 6,22% às 10:55 horas, para as 343,25 coroas dinamarquesas (cerca de 46 euros ao câmbio atual), na sessão desta sexta-feira. Mas a queda chegou a ser de 6,99% já durante a sessão. O valor coloca as ações da Novo Nordisk em mínimos de setembro.
Também as ações da americana Eli Lilly, que produz os medicamentos Mounjaro (diabetes/perda de peso) e Zepbound (perda de peso), também estão a tombar 4,68% antes da abertura de Wall Street, para os 781,01 dólares por título (cerca de 667 euros).
Isto porque as declarações de Trump sinalizam, acima de tudo, uma "postura agressiva" relativamente às negociações que a sua administração pretende ter com as diferentes farmacêuticas, como sublinha Evan Seigerman, analista da empresa BMO Capital, citado pela Bloomberg.
Atualmente, a utilização do Ozempic nos EUA custa cerca de mil dólares por mês, com a farmacêutica dinamarquesa a ter prometido em agosto que iria disponibilizar o medicamento por metade do preço para os utentes que não estão abrangidos por seguros ou outros acordos de saúde.
Este é, para Evan Seigerman, um ponto importante. O analista lembra que muitas das pessoas que usam o Ozempic nos EUA pagam cerca de 25 dólares por mês, com os restantes custos a serem suportados pelas seguradoras. O que, em última análise, poderá não mudar assim tão significativamente o modelo de negócio da Novo Nordisk. As declarações de Trump, numa referência ao pagamento "do próprio bolso", parecem apontar para uma queda no preço para pessoas não abrangidas por seguros e outros acordos de saúde.
As declarações de Donald Trump foram feitas depois de um acordo alcançado com a farmacêutica alemão Merck para a redução no preço de tratamentos para a fertilidade.
De recordar que a Novo Nordisk anunciou este ano um novo presidente executivo (CEO), para fazer face à maior concorrência que a farmacêutica tem sentido, sobretudo no mercado americano. A empresa dinamarquesa cortou as projeções de receitas e lucros para este ano e anunciou o despedimento de nove mil pessoas.
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