"Dirty payments". Como a ocultação de fraudes de clientes está a afundar a Worldline
A segunda maior prestadora de serviços de pagamentos a empresas na Europa está envolvida num escândalo financeiro revelado por uma investigação da rede European Investigative Collaborations. A multinacional francesa garante que reforçou a sua estrutura de risco, mas não convenceu os investidores.

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A 25 de outubro de 2023, a empresa francesa Worldline vivia a queda mais acentuada de sempre do parisiense CAC-40, tendo acabado por ser excluída do índice. Na altura, a multinacional reviu em baixa as previsões de lucros, mas uma investigação da European Investigative Collaborations (uma rede jornalística na qual se inclui o Expresso) revela agora que o caso era afinal um escândalo financeiro que envolvia a ocultação de pagamentos fraudulentos dos clientes. Em reação, a Worldline afunda 36%.
A investigação “Dirty Payments” tem por base documentos e dados internos confidenciais e mostra como, ao longo de uma década, a empresa ajudou a processar milhares de milhões de euros em pagamentos relacionados com atividades fraudulentas ou eticamente questionáveis, segundo escreve o Expresso. Entre os clientes estarão, por exemplo, casinos ilegais ou sites de pornografia e prostituição.
A Worldline é a segunda maior prestadora de soluções de pagamento para empresas da Europa, movimentando 500 mil milhões de euros por ano em transações online ou através de terminais físicos. O jornal português refere que a comissão habitual sobre um pagamento no comércio eletrónico é inferior a 5%, mas mais de 950 sites pagavam mais, sendo que no caso de 350 clientes, eram mesmo superiores 10%.
Após a publicação da notícia, a Worldline emitiu um comunicado em que explica que opera num ambiente regulatório “exigente e em constante evolução”, especialmente no que diz respeito a setores de elevado risco (HBR, na sigla em inglês), como são o jogo online, a corretagem ou os serviços para adultos.
“Desde 2023, o grupo reforçou a sua estrutura de risco comercial para garantir o total cumprimento das leis e regulamentos, realizou uma revisão completa da sua carteira HBR — que atualmente representa aproximadamente 1,5% dos seus volumes adquiridos — e rescindiu relações comerciais consideradas não conformes com a sua estrutura de risco comercial reforçada”, garante fonte oficial da empresa.
Sublinha ainda que estas decisões afetaram comerciantes que representavam uma receita de 130 milhões de euros em 2024. “Todos os clientes HBR ainda ativos nesta carteira estão agora sujeitos a uma supervisão reforçada, com base em procedimentos específicos. Foram introduzidos requisitos adicionais em termos de controlos, verificações e documentação de provas para garantir o alinhamento contínuo com as obrigações regulamentares e as nossas normas internas reforçadas”, acrescenta.
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