Incerteza comercial não trava ações dos EUA. Tecnológicas impulsionam Wall Street
As tecnológicas levaram os principais índices dos EUA a registarem ganhos na última sessão da semana, apesar de continuar a instabilidade nas políticas comerciais da administração Trump
Apesar da continuação das incertezas sobre o comércio global, a semana terminou no verde em Wall Street, com a progressão do setor tecnológico a ajudar a ultrapassar os receios dos investidores quanto às tarifas.
O abrangente índice S&P 500 acelerou 0,70% para 5.523,40 pontos e registou a maior série de ganhos desde janeiro, enquanto o industrial Dow Jones ganhou 0,05% para 40.113,50 pontos e o tecnológico Nasdaq acelerou 1,26% para 17.382,94 pontos.
As "big tech" estiveram em destaque, depois de a Alphabet ter superado as expectativas de resultados e apresentado uma subida dos lucros de quase 50% no primeiro trimestre na quinta-feira. A dona da Google acelerou 1,68%.
Outra das "Sete Magníficas", a Tesla, disparou 10%, apesar de ter dececionado nos números trimestrais apresentados esta semana, mas beneficiado com o compromisso do CEO Elon Musk de dedicar mais tempo à empresa e menos a atividades políticas.
As ações travaram um pouco os ganhos quando, já perto do final da sessão, o presidente dos EUA disse que uma nova pausa nas tarifas recíprocas é improvável e que as taxas sobre a China não serão retiradas sem "algo substancial" em troca. Ainda assim , os índices registaram ganhos semanais sólidos.
"Os mercados ensaiaram uma recuperação impressionante", refere Mark Hackett, da Nationwide, à Bloomberg. "Embora os receios de uma crise ao estilo de 2008 ou 2020 estarem a desaparecer, o caminho de volta a máximos recorde não será fácil. Os mercados estão a mostrar resiliência, mas enfrentam os mesmos desafios persistentes, incluindo a incerteza nas tarifas e os sinais de abrandamento económico", assinala.
Num sinal de que a política de tarifas está a causar preocupações, um indicador de sentimento do consumidor dos EUA caiu para uma das leituras mais baixas de que há registo, enquanto as expectativas de inflação de longo prazo subiram para um máximo de 1991.
As declarações de Trump à revista Time, em que disse que falado telefonicamente com o seu homólogo chinês sobre tarifas, apesar de a China negar qualquer tipo de negociação, apenas vieram intensificar as dúvidas dos investidores, depois dos sinais nos últimos dias que pareciam indicar um desanuviamento das tensões comerciais.
"A confusão sobre se há ou não conversações em curso com a China retirou algum ímpeto ao mercado", disse Jay Hatfield, fundador e CIO da InfraCap à CNBC. "A nossa visão é que chegamos ao pico da teima com as tarifas e por isso é mais positivo do que negativo."
Apesar disso, o foco dos mercados na próxima semana estará na temporada de resultados, com as contas das gigantes tecnológicas Apple, Amazon e Microsoft a poderem dar um um novo ímpeto aos índices norte-americanos.
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