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Tarifas de Trump voltam a derrubar Wall Street. Setor farmacêutico sob pressão

Os mais recentes desenvolvimentos na política comercial norte-americana não dão espaço de manobra a Wall Street. As farmacêuticas estão na mira de Trump e, com mais tarifas no horizonte, o setor registou o pior desempenho desta terça-feira.

Wall Street, NYSE
Wall Street, NYSE Richard Drew / AP
06 de Maio de 2025 às 21:14

Os principais índices norte-americanos terminaram mais uma sessão no vermelho, com a guerra comercial a continuar a definir o sentido de negociação. Apesar de o Financial Times ter revelado que os EUA e o Reino Unido estão próximos de assinar um acordo comercial, os investidores continuam de pé atrás em relação às intenções de Donald Trump. Esta terça-feira, o Presidente dos EUA reuniu-se com o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, na Casa Branca, mas o encontro não conduziu a nenhum resultado.

Neste contexto de incerteza, o S&P 500 recuou 0,77% para 5.606,91 pontos, enquanto o industrial Dow Jones caiu 0,95% para 40.829,00 pontos e o tecnológico Nasdaq Composite cedeu 0,87% para 17.689,66 pontos. Os três principais índices do país já tinham encerrado a sessão anterior no vermelho, interrompendo uma série de nove sessões seguidas com ganhos – um feito não registado há mais de duas décadas. 

"[Para Trump] é tudo sobre as negociações das tarifas", começa para explicar Tim Ghriskey, analista da Ingalls & Snyder, à Reuters. "O grande risco continua a ser a China. Não creio que as negociações com a União Europeia sejam fáceis, nem com o Canadá. No entanto, a China é a grande aposta e, certamente, as negociações serão muito mais duras", completou. Esta terça-feira, Trump admitiu que afinal ainda não tinha começado a falar com Pequim sobre as tarifas, contradizendo afirmações anteriores.

Os investidores estiveram ainda a reagir aos mais recentes dados económicos, com o Departamento do Comércio norte-americano a revelar que o défice comercial dos EUA cresceu para um novo máximo de 140,5 mil milhões de dólares. As importações continuarem a crescer a um ritmo alucinante face às exportações em março, na véspera do anúncio das tarifas "recíprocas" de Trump.

No fim de semana, o Presidente demonstrou a sua vontade de expandir esta guerra comercial ao revelar que iria anunciar tarifas sobre o setor farmacêutico nas próximas duas semanas. O setor foi bastante castigado pelos investidores – caiu quase 3% -, com a Eli Lilly a perder 5,64% e a Moderna a afundar 12,25%. Por sua vez, a Pfizer caiu 4,15%.

Já no setor automóvel, a Ford juntou-se a uma série de fabricantes e decidiu suspender as suas previsões de lucro para o resto do ano. A empresa espera que as tarifas tenham um impacto negativo de 1,5 mil milhões de dólares nas contas da empresa, mas isso não foi suficiente para fazer com que os investidores reduzissem a sua exposição à fabricante de automóveis. Aliás, a Ford conseguiu encerrar a sessão a valorizar 2,65%, apesar de ter arrancado o dia com perdas.

Com as empresas a navegarem com grande cautela este contexto de incerteza, os mercados aguardam com expectativa a reunião da Reserva Federal (Fed) norte-americana que arranca já na quarta-feira. O banco central deve contrariar os desejos da Casa Branca e manter as taxas de juro inalteradas no intervalo entre 4,25% e 4,5%, mas os investidores vão estar particularmente atentos aos comentários do Presidente da Fed, Jerome Powell, logo após a decisão ter sido anunciada. 

De acordo com dados compilados pela LSEG, e citados pela agência de notícias, o mercado vê o banco central norte-americano avançar com, pelo menos, mais três cortes até ao final do ano – acima dos dois previstos no último "dot plot" -, com o primeiro a vir já em julho.

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