"Um dólar desvalorizado torna exportações mais competitivas, mas não neste cenário de pânico"

A desvalorização do dólar pode colocar em causa o seu papel como moeda de reserva mundial, mas há quem considere que pode fazer parte da estratégia de Donald Trump.
"Um dólar desvalorizado torna exportações mais competitivas, mas não neste cenário de pânico"
Cláudia Arsénio e Inês Santinhos Gonçalves 06 de Maio de 2025 às 14:11

As tarifas e a guerra comercial podem estar a acelerar o fim do estatuto do dólar como moeda de reserva mundial. A divisa norte-americana tem vindo a ser penalizada por uma perda de confiança em ativos dos Estados Unidos

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Joana Vieira, partner da Ebury, uma fintech especializada em câmbio, considera que "continuamos a ver um dólar desvalorizado e isso acaba por refletir um voto de desconfiança do mercado na forma errática de tomada de decisões políticas e económicas por parte da administração de Trump. Temos assistido a toda uma montanha russa tarifária. Portanto, há anúncios, depois há recuos e esta inconsistência gerou instabilidade e gerou também uma certa paralisia tanto em empresas como em consumidores", defende em entrevista ao Negócios no canal NOW.

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Questionada sobre se o governo americano quer ver o dólar a desvalorizar, Joana Vieira começa por admitir que "não há aqui um sim ou não óbvio". "As mensagens que têm vindo da Casa Branca têm sido um pouco inconstantes. Nós já vimos, em algumas ocasiões, Donald Trump e o vice-presidente dizerem que não lhes interessa ter um dólar forte porque cria uma certa desvantagem à economia, mas também não é claro que esteja nos objetivos deste segundo mandato desvalorizar a moeda. Inclusive, nós já ouvimos o secretário do Tesouro, Scott Bessent, dizer que lhe interessa um dólar mais forte", refere.

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"Também temos que olhar a que circunstâncias é que esta desvalorização está a ocorrer. Sim, é positivo um dólar desvalorizado porque torna as exportações mais competitivas, mas não neste tipo de cenário de pânico nos mercados e neste tipo de incerteza, sem saber o que é que vai acontecer, se vamos ver uma recessão ou não", sublinha.

A maior economia mundial sofreu uma contração de 0,3% entre janeiro e março deste ano, o primeiro trimestre com saldo negativo desde 2022. Através da rede social Truth Social, o Presidente norte-americano apelou à paciência e responsabilizou Joe Biden pelos números. "Isto vai demorar um pouco, não tem nada a ver com as tarifas, é só que ele nos deixou maus números, mas quando o boom começar, vai ser como nenhum outro. Tenham paciência!!!", escreveu Trump.

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