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Bancos invertem estratégia e sobem juros dos depósitos

Os juros dos depósitos aumentaram no último mês do ano, ainda que ligeiramente. Uma inversão em relação à forte diminuição da remuneração observada no mês anterior, na sequência da entrada em vigor das limitações impostas pelo Banco de Portugal.

20 de Fevereiro de 2012 às 12:07

Mesmo não regressando aos níveis do ano passado, os economistas esperam que os juros se mantenham em níveis atractivos, apesar da queda das Euribor.

A taxa de juro para as aplicações com maturidade até um ano avançou para os 3,56%, em Dezembro, de acordo com os dados divulgados pelo Banco Central Europeu (BCE). A rendibilidade deste produto subiu comparativamente aos 3,54% registados em Novembro, depois de ter registado uma forte queda face ao máximo de três anos fixado durante o mês de Outubro.

A entrada em vigor de uma instrução do Banco de Portugal, que prevê a penalização dos rácios de capital dos bancos que ofereçam juros superiores em 300 pontos--base à taxa de referência do mercado, levou à descida acentuada das taxas. Mas apesar da queda das Euribor em Dezembro, que deixava antever uma nova quebra dos juros, os bancos resistiram.

"Penso que se trata de uma estabilização, e não de uma verdadeira subida", diz Filipe Garcia, da IMF. "Seria de esperar uma subida um pouco mais expressiva, mesmo tendo em conta as limitações colocadas pelo Banco de Portugal, já que o final do ano é normalmente um período de captação de depósitos por parte dos bancos", acrescenta o economista ao Negócios.

Paula Gonçalves Carvalho, economista do BPI, não acredita que a "subida de taxas de depósito oferecidas signifique maior aperto de liquidez". Mas lembra que os "bancos têm vedado o acesso ao mercado internacional. Pelo que as suas únicas fontes de financiamento (para fazer face a eventuais vencimentos de responsabilidades) são os recursos de clientes e o financiamento junto do BCE".

"As taxas praticadas nos depósitos são mais baixas do que outras formas de financiamento da banca, exceptuando os recursos ao BCE. Deste modo, é de esperar que a estratégia de captação de depósitos continue a ser implementada, com taxas perto dos ‘limites’ do Banco de Portugal", diz Filipe Garcia.

"No actual contexto, é vantajoso se conseguirem captar mais depósitos e fidelizar clientes, justificando-se a oferta de rendibilidades atractivas", remata Paula Gonçalves Carvalho. E na perspectiva da especialista há aspectos que deverão levar os bancos a manter as taxas em níveis elevados.

"O recurso ao BCE tem um custo para além da taxa a que são emprestados os fundos, pois os bancos têm que apresentar colateral, cuja valorização é afectada pelos sucessivos cortes de ‘rating’" que têm sido feitos pelas agências de notação financeira. "Para alguns bancos, o recurso ao BCE até pode já nem ser uma opção porque já não dispõem de colateral. Neste contexto, as remunerações oferecidas deverão continuar atractivas", explica.

A economista do BPI diz, no entanto, que as taxas não deverão "continuar a aumentar como até agora". Porquê? "Os bancos têm menores necessidades de financiamento, dado que o ritmo de concessão de crédito abrandou", refere.

Neste sentido, mais do que procurar taxas muito elevadas para aplicações de curto a médio prazo, que chegam a 5,75% no Banco Invest, os portugueses devem apostar em aplicações de mais longo prazo. Com o investimento em depósitos a três ou cinco anos, é possível garantir já retornos atractivos para o futuro, especialmente tendo em conta a perspectiva de que a inflação tenderá a baixar.

(Notícia publicada inicialmente a 3 de Fevereiro)

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