Noruega volta atrás e suspende desinvestimento em empresas ligadas a Israel
As regras éticas que levaram o fundo soberano da Noruega a cortar laços com empresas que considerava contribuírem para violações de direitos em Gaza estão agora suspensas. É a primeira vez que tal acontece na história do maior fundo soberano do mundo.
Foi um dos temas mais polémicos das eleições norueguesas e pôs o fundo soberano do país nas bocas do mundo, mas parece ter sofrido um revés. A Noruega suspendeu o desinvestimento em empresas com ligações a Israel, que tinha anunciado devido a preocupações éticas com o conflito em Gaza.
O Ministério das Finanças do país anunciou que vai reformular as regras, suspendendo o desinvestimento "ético" do seu fundo soberano de 2,1 biliões de dólares. Depois de uma proposta de votação de urgência, o parlamento deu luz verde a uma paralisação do conselho de ética do Norges Bank.
Em agosto o fundo, o maior do mundo, anunciou que se iria desfazer das participações em 11 empresas israelitas, após revelações sobre a participação numa fabricante de Israel de motores utilizados em caças. Mais tarde, deu conta da venda das ações que detinha no grupo industrial norte-americano Caterpillar e em cinco instituições bancárias israelitas, argumentando que contribuíam para graves violações dos direitos individuais em situações de guerra e conflito.
A decisão gerou discórdia no país, com a política de investimento do fundo gerido pelo banco público Norges Bank Investment Management (NBIM), sob a tutela do Ministério das Finanças, a ocupar mesmo o lugar central nas eleições de setembro. E as críticas mantiveram-se para lá da votação: se o fundo considera "ético" desinvestir numa empresa americana porque operava na Palestina, não teria então de cortar relações com companhias como a Amazon, a Microsoft ou a Alphabet, que trabalham com o Governo israelita? Jens Stoltenberg, ministro das Finanças, confirmou que a votação no parlamento aconteceu depois de o conselho de ética do banco ter investigado a ligação dessas empresas a Israel.
De acordo com as orientações antigas, o fundo soberano teria de cortar relações com estas empresas norte-americanas, mas agora poderá manter os seus investimentos. Esta foi a primeira vez na história do fundo soberano da Noruega que o trabalho do conselho de ética é suspenso.
O NBIM opera de acordo com orientações éticas que abrangem temas tão distintos como minas terrestres e alterações climáticas. O fundo gere participações em mais de 8.500 empresas e é seguido por investidores em todo o mundo.
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