10 fundos que resistem à ofensiva russa
A invasão da Ucrânia, há duas semanas, deixou os investidores mundiais em alerta, lançando os mercados acionistas mundiais para uma correção. A instabilidade geopolítica, associada à escalada dos preços das matérias-primas, com impacto na inflação, e à incerteza quanto ao papel dos bancos centrais neste ambiente, está a acelerar uma saída dos ativos de risco. Mas ainda há estratégias que rendem ganhos aos investidores em 2022. Há fundos que valorizam até perto de 30% no ano, oferecendo um refúgio ao sobe e desce frenético que se tem vivido nos mercados nas últimas semanas.
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Fundo da Pimco rende perto de 30% no ano
O fundo Pimco GIS Commodity Real Return, em dólares, é um dos produtos mais rentáveis em 2022. A política do fundo prevê investir em instrumentos financeiros derivados, incluindo os acordos de swap, futuros e de opções sobre futuros e notas estruturadas e índice de "commodities", que permitem acompanhar o índice Dow Jones-AIG Commodity Total Return Index. Uma estratégia de investimento que se tem revelado vencedora em 2022, com o produto a disparar 28,7% desde o início do ano e mais de 20% nos últimos três anos à boleia da escalada dos preços das matérias-primas, segundo dados da Morningstar. Apesar do foco do investimento ser em "commodities", o fundo também tem investimentos em dívida dos Estados Unidos e de Itália.
Aposta na gasolina rende quase 29%
O fundo de matérias-primas gerido pela gestora alemã DWS dispara 28,6% desde o início deste ano. Na lista das maiores participações está a aquisição de futuros de combustíveis, como a gasolina. Os preços do petróleo seguem a negociar em máximos de 2013, puxando pelos preços da gasolina e de outros produtos destilados. O DWS Invest Enh. Commodity Strategy tem como objetivo superar o desempenho de matérias-primas da Bloomberg. O fundo pode investir em vários setores de "commodities", que vão além da agricultura, matérias-primas industriais e metais preciosos e energia. O produto não tem nenhum mínimo de investimento e aplica uma comissão de gestão de 1,2%. A comissão de subscrição é mais elevada: 5%.
Vontobel Commodity no pódio
As matérias-primas são as grandes vencedoras em 2022 e, por isso, são os fundos que investem nestes ativos quem se consegue diferenciar. O Vontobel Commodity ganha 28,7%, à boleia dos máximos registados pelos preços das matérias-primas. O produto investe o património de forma diversificada, através de vários instrumentos financeiros que dão exposição às "commodities", desde derivados, a "swaps", contratos futuros, opções e certificados. O fundo mantém ainda alguns investimentos em títulos de dívida de empresas e de países, como os Estados Unidos e a Lituânia, numa lógica de diversificação de risco. O fundo aplica uma comissão de gestão de 1,65% e de subscrição de 5%. Há ainda uma taxa de 1% em casos de mudança de fundo.
Petrolíferas dão ganhos de 26% no ano
O fundo NN Energy dispara mais de 26% desde o início do ano, suportado pelos fortes ganhos registados pelas petrolíferas. Ao contrário dos outros fundos de matérias-primas, que apostam diretamente em "commodities", este produto investe, pelo menos, dois terços do património em ações ou obrigações de empresas do setor da energia. Com 9,78% do património, a Chevron é a maior participação na carteira. Seguem-se a Exxon Mobil, a ConocoPhillips, a Royal Dutch Shell e a Cheniere Energy. No total, o fundo tem investimentos em 42 empresas. Ainda assim, as 10 maiores posições captam mais de metade do investimento. Apenas menos de 8% do capital não está aplicado em companhias do setor da energia, segundo a Morningstar.
Total, Shell e Chevron são aposta
O BlackRock World Energy, à semelhança do NN Energy, também investe em companhias do setor da energia. A francesa Total é a maior aposta do fundo, com 9,4% do património. Também a Chevron e a Shell recolhem mais de 9% do capital. Estas empresas têm sido beneficiadas pela escalada dos preços do petróleo, que continua a subir devido aos problemas no fornecimento provocados pelo conflito na Ucrânia. As exportações de gás russo estão congeladas, com várias empresas a cortarem a torneira ao gás e ao petróleo russos. O fundo mantém mais de 97% do património investido em títulos de empresas do setor e apenas menos de 3% em tesouraria. Nos últimos três anos, o fundo da BlackRock valoriza 7,5%. Em 2022, sobe 26,3%.
Goldman faz mira à energia nos EUA
O fundo do Goldman Sachs que investe em ações do setor da energia na América do Norte sobe 25,5% em 2022. Mais de 74% do portefólio está investido nos Estados Unidos e cerca de 23% no Canadá. Exxon Mobil, Targa Resources, Chevron, Cheniere Energy e ONEOK são as maiores posições em carteira, com cerca de 30% do investimento. O fundo, gerido por Kyri Loupis e Ganesh Jois, tem um mínimo de investimento de 5.000 euros e tem-se revelado rentável nos últimos anos. Segundo os dados da Morningstar, o produto apresenta uma rendibilidade de 10,77% nos últimos três anos e de 3,81%, num prazo de cinco anos. Em termos de comissões, o fundo apresenta uma comissão de gestão de 0,75% e de subscrição de 5,5%.
Sem comida, Vontobel dá 25% a investidores
O fundo Vontobel Non-Food Commodity B USD está na lista dos produtos que garantem taxas de rentabilidade positivas no arranque deste ano. O fundo exclui as matérias-primas alimentares, investindo de forma indireta em "commodities" das áreas da energia, metais preciosos e metais industriais. Uma aposta que rende mais de 25%, desde o início do ano. Disponível para qualquer montante de investimento, o fundo da Vontobel apresenta uma comissão de subscrição de 5%, um encargo ao qual acresce uma comissão de gestão de 1,65%. Numa perspetiva histórica, no espaço de três anos, este fundo apresenta uma valorização de 15,20%. Já a cinco anos, o Vontobel Non-Food Commodity B USD rende mais de 7%.
Schroders com aposta diferente na energia
O fundo Schroder ISF Global Energy, em dólares, garante um desempenho superior a 25% desde o início do ano, segundo a informação compilada pela Morningstar. Ao contrário de outros fundos que investem neste setor, a maior participação na carteira da gestora britânica é na Coterra Energy, uma empresa especializada na exploração de hidrocarbonetos, com 7,5% do património aplicado. Royal Dutch, BP, Devon Energy e a italiana Eni são outras das apostas do fundo de investimento. Mais de 42% do património está investido em empresas dos Estados Unidos, 26,4% em companhias britânicas e 19% em cotadas da Zona Euro. O fundo mantém atualmente perto de 9% do capital em ativos de liquidez.
Bolsa brasileira põe fundo a sambar
A bolsa brasileira garante desempenhos atrativos em 2022. Ao contrário do que acontece com a generalidade dos mercados acionistas, os fundos que investem em ações brasileiras garantem retornos positivos. É o caso do BNP Paribas Brazil Equity, que dispara mais de 24% este ano, impulsionado pelo desempenho de grandes empresas como a mineira Vale ou a banca. O Itaú é a maior aposta do fundo, com um peso de 6,10% no portefólio do produto gerido pela gestora do banco francês. Segue-se a Vale, que tem sido suportada pelas fortes subidas dos preços das matérias-primas. O setor financeiro é o que recolhe a maior parcela de investimento, com mais de 30% do património, seguido pela energia e empresas de matérias-primas, cada com mais de 12%.
Fundo gerido pela BNY Brasil ganha 23%
O BNY Mellon Brazil Equity é outro dos vencedores do ano. Segundo dados da Morningstar, o fundo gerido por Rogério Poppe e Daniel Tavares dispara mais de 23% desde o início do ano, impulsionado pelo bom desempenho do Ibovespa. Com uma forte exposição às empresas ligadas ao setor das matérias-primas e ao setor financeiro, o produto mantém mais de 98% do capital investido em ações. Em termos de empresas, a mineira Vale é a maior posição, com 8,65% do património, seguida pelo Bradesco e pela Petrobras, com 4,95% e 4,77%, respetivamente. O setor financeiro capta mais de um quarto do capital, enquanto as empresas mineiras recolhem perto de 15%. O setor do consumo é outro dos que atraem a atenção dos gestores.
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