Novo dia, novo recorde para o ouro. Juros da dívida aliviam na Zona Euro
Acompanhe aqui, minuto a minuto, a evolução dos mercados desta terça-feira.
PMI alíviam juros da Zona Euro. "Gilts" britânicas são as que mais recuam
As dívidas soberanas europeias estão a registar, esta terça-feira, um sentimento maioritariamente de alívio, num momento em que os primeiros PMI (Purchasing Managers Index), índices que medem a atividade das empresas em diferentes setores, já começaram a ser divulgados.
Em França, a “yield” desce 0,3 pontos-base, para 3,555%, com a atividade económica francesa a observar, no mês de setembro, a contração mais acentuada desde abril. A justificar este declínio estiveram os setores da indústria e dos serviços, com o PMI a cair para 48,4 em setembro, o valor mais curto em cinco meses. Contudo, os juros da dívida a 10 anos já tinham mostrado um agravamento de 0,6 pontos-base para 3,564%
Na Alemanha, os juros das “Bunds” a dez anos, referência da região, recuam 0,4 pontos-base para 2,741%. O PMI alemão superou as estimativas dos analistas e cresceu ao ritmo mais rápido dos últimos 16 meses, devido à recuperação do setor dos serviços.
Na Península Ibérica, a rendibilidade da dívida portuguesa baixa 1,1 pontos-base, para 3,138%, enquanto a espanhola regista uma queda de 0,6 pontos para 3,289%. Já a dívida italiana apresenta um recuo de 0,6 pontos para 3,536%.
Fora da Zona Euro, as “gilts” britânicas a dez anos aliviam 1,7 pontos-base, para 4,694%.
Dólar consolida ganhos com cautela da Fed e volatilidade do iene em foco
O dólar mantém-se estável esta terça-feira, com os investidores a aguardar novos discursos de responsáveis da Reserva Federal que poderão dar pistas adicionais sobre a política monetária norte-americana. A esta hora, o índice do dólar (DXY), que mede a força da moeda face a um cabaz de divisas, avança 0,11%, para 97,45 pontos, segundo dados da Bloomberg.
O euro recua 0,05% para 1,1797 dólares, após a sua melhor sessão em uma semana. Já a libra esterlina sobe 0,01% para 1,3516 dólares, enquanto o iene japonês pouco oscila, com uma subida de 0,03% para 147,76 dólares, ainda dentro da faixa em que tem negociado desde agosto. O franco suíço desvaloriza 0,08%, para 0,7931 dólares.
Segundo a Reuters, “é um tom ligeiramente ‘hawkish’ dos responsáveis da Fed que levou os investidores a alguma cautela”, afirmou Tony Sycamore, analista da IG em Sydney, lembrando que os mercados reduziram as apostas num novo corte de juros já em outubro.
A Bloomberg destaca que os discursos desta terça-feira de Jerome Powell, Raphael Bostic e Michelle Bowman “poderão oferecer novas indicações sobre eventuais cortes adicionais da Fed”. Já no Japão, a atenção dos investidores centra-se também na corrida à liderança do Partido Liberal Democrata, que poderá ter impacto na trajetória da política monetária do Banco do Japão, elevando a volatilidade do iene.
Novo dia, novo recorde. Ouro brilha como nunca antes de Powell
O ouro está mais caro do que nunca. Esta terça-feira, o metal amarelo atingiu um novo recorde pelo terceiro dia consecutivo, ao chegar aos 3.759,23 dólares por onça.
Os investidores estão a recorrer ao ativo-refúgio enquanto aguardam pelo discurso do presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, ao final do dia, para obterem mais pistas sobre o futuro da política monetária nos EUA. O número um do banco central deixou em aberto a possibilidade de mais descidas nos juros federais até ao final do ano, depois de na semana passada ter cortado a taxa em 25 pontos base.
Powell deverá abordar as perspetivas económicas, depois de as previsões trimestrais das taxas que acompanharam a decisão da semana passada (o "dot plot") terem mostrado uma grande diversidade de opiniões. Além disso, vários governadores do banco central reiteraram, em discursos nesta segunda-feira, a necessidade de adotar uma abordagem cautelosa nas decisões sobre as taxas daqui para frente, incluindo o presidente da Fed de St. Louis, Alberto Musalem, que disse ver "espaço limitado para mais reduções".
Assim, os investidores acumularam fundos negociados em bolsa, com as participações a expandirem-se ao ritmo mais rápido em mais de três anos na passada sexta-feira, após uma breve queda nos preços na semana passada, quando Powell refreou as expectativas de uma rápida flexibilização.
“Após recuar no dia seguinte ao corte de 25 pontos base na taxa de juros pela Fed - possivelmente devido a uma certa cautela percebida nos comentários de Powell ao FOMC -, um novo impulso consolidou-se, com a acumulação de fundos em de ETF (negociados em bolsa) ainda a serem a força motriz”, afirmaram analistas da BMO Capital Markets, à Reuters. “Com um ciclo de corte de taxas firmemente em discussão, acreditamos que a relação entre o risco e a recompensa continua positiva para os preços” do ouro no quarto trimestre, acrescentaram.
Os "traders" estão ainda à espera dos dados de sexta-feira sobre o índice de preços dos gastos com consumo pessoal dos EUA - o indicador preferido da Fed para a inflação subjacente, que deverá ter crescido a um ritmo mais lento no mês passado, o que reforçaria o argumento a favor de cortes nas taxas.
Acordo entre Iraque e Curdistão pressiona preços do petróleo
Os preços do petróleo estão a desvalorizar esta manhã e estão a caminhar para a quinta sessão consecutiva de perdas - a maior série de quedas desde agosto. Em causa estão preocupações quanto ao aumento de oferta de "ouro negro" e abastecimento, alimentando um excedente no quarto trimestre de 2026, à boleia do acordo preliminar alcançado entre o Iraque e os governos regionais curdos para retomar as exportações através do Curdistão.
O Brent, referência europeia, perde 0,63% para 66,15 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate, referência americana, ganha 0,75%, para 63,15 dólares. Nas últimas cinco sessões, o Brent e o WTI caíram 3% e 4%, respetivamente.
O oleoduto estava parado há dois anos devido a litígios sobre pagamentos. O regresso da operação poderá significar a entrada no mercado de mais de 230 mil barris por dia.
"O tema predominante ainda é a preocupação com o excesso de oferta, enquanto a perspetiva de procura continua incerta à medida que nos aproximamos do final do ano. O regresso da operação do oleoduto KRG também tem pressionado os preços", disse Anh Pham, analista da LSEG, à Rueters.
O petróleo está a caminho de um ligeiro declínio trimestral, uma vez que as previsões de um excesso de oferta para o próximo ano ofuscaram as preocupações com as tensões geopolíticas, incluindo as ameaças ao abastecimento de crude proveniente da Rússia. Além disso, os especialistas preveem uma queda na procura, pressionada pelo desenvolvimento exponencial dos carros elétricos e pelos problemas económicos causados pelas tarifas dos EUA.
"A tendência de recuos parece continuar, com as exportações de petróleo bruto do Iraque a registarem um aumento", afirmou Gao Mingyu, analista da SDIC Essence Futures.
No plano geopolítico, o primeiro-ministro canadiano Mark Carney disse que gostaria de ver os aliados ocidentais a imporem mais sanções secundárias à Rússia, a fim de aumentar a pressão sobre o presidente Vladimir Putin para pôr fim à guerra na Ucrânia. Estes declarações surgem depois das de Donald Trump, que instou os países europeus a deixarem de comprar energia russa, embora os EUA tenham até agora poupado a China - o maior comprador de petróleo da Rússia - de tarifas adicionais.
Ações chinesas recuam com tufão em Hong Kong. Japão fechado para feriado
As bolsas asiáticas negociaram sem tendência definida, com o índice regional a pairar perto de recordes, ainda que as bolsas de Xangai e de Hong Kong tenham derrapado. No Japão não houve negociação devido ao feriado do Dia do Equinócio do Outono.
Mesmo assim, o "rally" de ontem em Wall Street conseguiu dar algum ânimo às praças asiáticas, com o Índice MSCI Ásia-Pacífico a segurar-se à tona, depois de ontem o setor tecnológico - sobretudo a inteligência artificial - ter voltado a ser o centro das atenções dos investidores. O otimismo deu-se após a norte-americana Nvidia anunciar que ia investir até 100 mil milhões de dólares na criadora do ChatGPT, a OpenAI.
A atração do mercado pela tecnologia fez aumentar ainda o apetite pelas ações relacionadas com "chips", como é o caso da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), que saltou 3,47%, impulsionando a bolsa de Taiwan (TAIEX), que ganhou quase 1,5%. Já o sul-coreano Kospi ganhou 0,5% e o australiano S&P/ASX 200 subiu 0,4%.
Na China, o otimismo em torno na inteligência artificial foi ofuscado numa altura em que Hong Kong se prepara para ser atingido pelo tufão Ragasa, que já levou, entre outras medidas, ao encerramento do Aeroporto Internacional da cidade. Este poderá ser o tufão mais devastador desde 2018, dizem as autoridades. Assim, o índice Hang Seng recua 1,18% e o Shangai Composite, em Xangai, perde 1,17%.
"As ações não registavam uma queda tão significativa desde abril e houve pouca hesitação ao ultrapassar os níveis redondos", disse Liu Dejun, gestor de fundos da Taiyue Investment Management Co, à Bloomberg.
Na Índia, a rupia atingiu o valor mais baixo de sempre e a National Stock Exchange of India (NSE) perde 0,4%, pressionados por preocupações com o aumento das tarifas e taxas com os visto dos EUA. Segundo os economistas, o aumento acentuado das taxas sobre o visto H-1B pode prejudicar o setor de serviços da Índia, reduzir o fluxo de encomendas e pressionar a rupia.
Pela Europa, os futuros do Euro Stoxx 50 apontam para algumas perdas, com o índice a recuar 0,3%, já que o mercado da tecnologia europeia tende a ficar para trás na corrida.
O foco dos investidores seguirá agora para os dados do índice PCE subjacente, que é conhecido como a medida de inflação preferida da Reserva Federal (Fed) norte-americana. O indicador será revelado na sexta-feira.
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