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Dos certificados às bolsas, onde investir as poupanças

As famílias estão a poupar mais (9,8% do rendimento) e o alívio no IRS e no crédito da casa vai alargar a margem. E o que fazer ao dinheiro? Ao longo da semana que antecede o Dia Mundial da Poupança, o Negócios vai publicar uma série de trabalhos dedicados ao tema.

27 de Outubro de 2024 às 14:00
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25.10.2024

Certificados vão bater depósitos

Quando o tema é investir, os certificados de aforro tornaram-se um nome incontornável. Apesar dos resgates que se têm verificado nos últimos 11 meses, a corrida que aconteceu na primeira metade de 2023 faz com que continuem a estar quase 34 mil milhões de euros em poupanças das famílias investidos nestes produtos e a mudança das regras - incluindo o alargamento do limite máximo que pode ser alocado - deverá dar um novo ímpeto. Em termos comparativos (já que são produtos de risco semelhante), nos depósitos estão 188 mil milhões de euros.

O juro destes produtos está indexado à Euribor a três meses e esta taxa está a cair. O mercado de futuros aponta que atinja o tecto máximo da remuneração dos certificados de aforro (2,5%) no fim do primeiro trimestre do próximo ano. Ou seja, a partir dessa altura, os certificados atualmente em comercialização (a série F) poderão descolar do limite máximo.

Contudo, não significa necessariamente que deixem de ser atrativos. A expectativa dos analistas é que, por essa altura, a banca também não pague mais de 2,5% nos depósitos. De forma geral, o setor não tem precisado de depósitos para se financiar e os juros a que remuneram as poupanças tendem a acompanhar a tendência dos juros de referência do Banco Central Europeu (BCE), que estão a cair.

Assim, desde o início do ano que a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo a particulares tem descido e situou-se em 2,57% em agosto, uma queda face aos 2,63% registados no mês anterior, de acordo com os dados mais recentes do Banco de Portugal. E esta é a média, sendo que versões online dos grandes bancos ou em bancos mais pequenos têm tipicamente as ofertas de taxas mais elevadas.

Por último, há ainda outros dois fatores a ter em conta: os certificados têm prémios de permanência - quem quiser resgatar, deve começar pelos títulos mais recentes - e não paga comissões.

25.10.2024

Bolsas a subir puxam pelos fundos

Quando se começa a poupar, há que construir um fundo de emergência (que cubra entre seis e doze meses de despesas) e deixá-lo investido num produto que garanta liquidez - como os certificados de aforro ou os depósitos. A partir daí, há que definir objetivos e entender o perfil de investidor antes de tomar qualquer decisão. Se a opção for pelo mercado de capitais, há que entender que há riscos, mas também que, a longo prazo, os retornos podem ser mais elevados.

A concorrer com a banca tradicional, há cada vez mais corretoras ou fintech digitais e "low cost" que permitem o investimento direto em ativos como ações. Mas há opções para quem prefira apostar num cabaz e não pôr os ovos todos no mesmo cesto. Do lado da gestão passiva, há "exchange-traded funds" (ETF), ou seja, fundos cotados em bolsa que replicam o desempenho de índices ou conjuntos de empresas.

Do lado da gestão ativa, há fundos de investimento para todos os gostos e níveis de risco. Segundo os dados mais recentes da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP), há 195 organismos de investimento coletivo comercializados por sociedades gestoras em Portugal. No total, estavam alocados mais de 20.135,4 milhões de euros.

Os fundos PPR são os mais populares (não confundir com os PPR na forma de seguros que têm capital garantido, ao contrários dos fundos), mas a escolha é muita e vai desde obrigações ou ações (portuguesas ou internacionais), aos fundos flexíveis, defensivos ou agressivos, passando pelos multiativos.

A recuperação das bolsas tem puxado por estes ativos e, considerando os 12 meses terminados em meados de outubro, havia mesmo dois fundos com rendibilidades superiores a 30%: os fundos de ações da América do Norte e ibéricas do IMGA.

Também no caso destes produtos é preciso ter atenção à taxa de encargos correntes (TEC) - pode chegar a ficar próxima dos 3,8%.

25.10.2024

Tributação favorece PPR e seguros

Os impostos têm um peso significativo no valor que os investidores conseguem obter com as suas aplicações. Investir em produtos que fogem à tributação máxima (28%) é, por isso, uma forma de dar um empurrão aos retornos. Uma das áreas onde existe essa possibilidade é nos planos poupança reforma (PPR). Parte do valor anual aplicado em PPR pode ser deduzido ao IRS até ao limite de 400 euros por ano se o tomador tiver até 35 anos. Para quem tem entre 35 e 50 anos, são 350 euros e acima dos 50 anos são 300 euros.

Além dos já existentes - os PPR na forma de seguros ou de fundos - o Governo aprovou recentemente uma proposta de lei que equipara a tributação do novo produto individual de reforma pan-europeu (PEPP) a estes instrumentos financeiros de poupança .

Nos seguros há também outras opções que permitem aproveitar a tributação, como os seguros de capitalização, já que quem mantiver o produto entre cinco e oito anos, a taxa de imposto é de 22,4% e a partir do oitavo ano reduz para metade (11,2%), mas a oferta escasseia.

"Pontualmente, vão surgindo alguns produtos sob a forma de seguro de capitalização, com taxa fixa. Isto é, no momento da subscrição, a remuneração está definida", explica António Ribeiro, economista e especialista em poupança da Deco Proteste. Segundo o levantamento da Deco Proteste, a Lusitania Vida tem em subscrição, desde setembro, três seguros de capitalização, mas apenas um deles tem taxa fixa definida para todos os anos. Trata-se do Lusitania Investimento Taxa Fixa 2024. O prazo é de 3 anos e o rendimento 2,2% bruto ao ano durante todo o prazo. Em termos líquidos, dá 1,6%, ficando abaixo dos melhores depósitos nesse prazo (2,2%) e dos certificados de aforro (2%). "Por ser difícil prever a evolução das taxas a longo prazo, é cada vez mais frequente as seguradoras definirem uma taxa fixa apenas para o primeiro ano e, nos seguintes, o rendimento variar em função de uma taxa de referência, como a Euribor", remata António Ribeiro.

25.10.2024

Ações, obrigações... O que escolher?

Diversificar é a palavra de ordem quando se fala em poupança e investimento. Há que escolher diferentes produtos e níveis de risco para acautelar o aforro de eventuais perdas. E, nesse sentido, o método mais clássico é a carteira de investimentos 60/40. A ideia é que, em anos mais negativos para as obrigações, o portefólio seja suportado pelas ações - ou o contrário quando são a dívida a brilhar em detrimento do mercado acionista. Entre 1980 e 2021 funcionou em 36 anos. A exceção vivida em 2022 - ano negativo para as duas maiores classes de ativos - fez questionar se seria a morte desta estratégia, mas pode não ser o caso.

Os pressupostos do mercado de capitais a longo prazo para 2025, divulgados na semana passada pela J.P. Morgan Asset Management, apontam para um rendimento anual previsto para uma carteira 60/40 em euros de 5,1%, nos próximos 10 a 15 anos. Esta projeção reflete uma ligeira descida em relação ao ano passado, mas mantém-se em linha com a média de longo prazo, devido a um ponto de partida cíclico mais elevado para as ações, de acordo com a gestora de ativos.

No entanto, o relatório identifica "oportunidades significativas" para melhorar estas perspetivas, nomeadamente através da utilização de uma gestão ativa e da inclusão de ativos alternativos. "As conclusões deste ano sublinham o valor da gestão ativa e das classes de ativos alternativos para gerar alfa e diversificação. Os investidores são encorajados a incorporar ativos que possam fazer face a choques de inflação e a riscos fiscais, continuando as obrigações a ser essenciais para a diversificação", diz John Bilton, líder global de estratégia multiativos.

Há dois grandes tipos principais de alternativos: veículos que investem em ativos não tradicionais (como infraestrutura, imóveis ou capitais privados) ou estratégias de investimento em ativos tradicionais, mas usando métodos não tradicionais, como venda a descoberto e empréstimos.

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