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Ataque à Síria pode levar petróleo até aos 150 dólares

Société Générale receia que os preços subam até 30%, se um ataque militar desencadear reacções de outros países.

29 de Agosto de 2013 às 00:01

Uma intervenção militar na Síria pode levar os preços do petróleo a subirem até 30%, para um novo máximo histórico de 150 dólares por barril, admitem analistas do Société Générale. Mais do que a possível perda do fornecimento de crude sírio, que se tem tornado cada vez mais irrelevante nos últimos anos, o receio do banco francês é que "o ataque à Síria possa desencadear reacções de outros países e levar a perturbações no fornecimento em outros locais mais importantes", nomeadamente o Iraque.

"Acreditamos que o Brent pode subir nos próximos dias até aos 120-125 dólares, seja em antecipação ao ataque ou numa reacção ao mesmo", diz o Société Générale. O Brent chegou a ganhar 2,6% na quarta-feira, para 117 dólares, já o WTI superou os 112 dólares, um máximo de dois anos. No entanto, num cenário mais extremo, em que o Irão – único aliado da Síria na região – procure incitar episódios de violência no Iraque, "o Brent pode disparar, por um período breve, até aos 150 dólares".

Ataque à Síria pode levar petróleo até aos 150 dólares

Seria um novo máximo histórico, superando os 147,50 dólares por barril tocados em Julho de 2008. Michael Wittner, o analista do Société Générale que realizou o estudo, nota, contudo, que se o Brent atingir esse recorde, a Arábia Saudita ou os países da Agência Internacional de Energia podem libertar para o mercado uma parte das reservas, o que poderia "arrefecer" os preços. Além disso, a previsível quebra da procura energética se os preços subissem também limitaria o avanço da cotação, explica o banco.

"Nenhum país tem, sozinho, impacto suficiente no fornecimento de petróleo global, com excepção talvez da Arábia Saudita", diz António Comprido, secretário-geral da Apetro. Contudo, se houver uma intervenção militar, e se esta se alastrar a outros países da região, "poderemos chegar a variações de preços de alguma magnitude", afirma.

Intervenção causará "desordem"

São vários os especialistas que concordam que a crise na Síria tem potencial para destabilizar o mercado energético global. "O risco de acção militar contra o regime de Assad aumentou na sequência dos ataques químicos recentes, e o Ocidente arrisca ver-se arrastado para o meio dos conflitos na região [do Médio Oriente]", diz a consultora Energy Aspects. E "dado que o resultado de qualquer intervenção militar deverá causar alguma desordem, acreditamos que as portas estão abertas para que o Brent se aproxime dos 120 dólares", acrescenta.

O Commerzbank diz que, "apesar do potencial para destabilização na região", o preço do Brent tem negociado desde o início da Primavera Árabe num intervalo com máximo nos 120 dólares. "Esse nível deverá revelar-se um obstáculo significativo", acredita Eugen Weinberg, responsável pela análise de matérias-primas do banco alemão.

Combustíveis já estão a subir

Independentemente de até onde poderá subir o preço do barril, certo é que os combustíveis vão ficar mais caros. Nos mercados, a cotação da gasolina e do gasóleo registou fortes valorizações nas últimas sessões. Considerando o preço médio desta semana face ao da anterior (utilizado pelas gasolineiras para actualizarem os preços), regista-se um agravamento de mais de 2% em ambos os casos. No "diesel", tendo em conta o efeito cambial, a subida é mais forte, de 2,85%. Mantendo-se a tendência durante as próximas sessões, na próxima semana os automobilistas deverão começar já a sentir os efeitos da tensão em torno da Síria na hora de atestarem o depósito.

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