Bolsas europeias e petróleo com pior mês desde março. Ouro e euro perdem terreno

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Reuters
Gonçalo Almeida 30 de Setembro de 2020 às 17:53
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Futuros europeus em queda após primeiro debate "sem rumo" nos EUA

Os futuros das ações europeias estão a desvalorizar 0,7%, acompanhando o ritmo dos congéneres norte-americanos, que reagem desta forma ao primeiro debate presidencial entre os candidatos Joe Biden (democrata) e Donald Trump (republicano), nos Estados Unidos.

A maioria dos investidores e analistas considerou que este debate foi "caótico", com alguns a considerarem que foi mesmo um dos piores da história da corrida às presidenciais norte-americanas. Isto porque ambos os candidatos se dedicaram mais a trocar acusações entre si, do que a trazer algo de novo para cima da mesa.

No entanto, houve um facto que se vincou. Caso o atual presidente, Donald Trump, perca as eleições no próximo dia 3 de novembro, não aceitará uma transição pacífica, algo que os mercados querem evitar, uma vez que significaria ainda mais volatilidade, num ano já bastante instável.

"Aquilo que vimos do debate foi o reforço de que caso Biden ganhe, Trump não vai aceitar", diz Chris Weston, analista da Pepperstone Group, à Bloomberg.

Outro dos fatores que está a penalizar a pré-abertura da sessão desta quarta-feira é a incapacidade que o Congresso dos Estados Unidos está a demonstrar para chegar a um acordo sobre um novo pacote de estímulos orçamentais para largar sobre a economia do país.

As negociações entre o Congresso e a administração Trump têm-se arrastado nos últimos meses e poderão atingir um ponto crítico esta semana. 

Ainda assim, durante a madrugada em Lisboa, as ações em Hong Kong e na China ignoraram o debate norte-americano e aproveitaram para valorizar, à boleia dos dados económicos otimistas, que mostraram que os países estão a conseguir recuperar as suas economias a um passo mais acelerado do que seria previsto, com a atividade industrial a disparar em agosto.

Juros da Zona Euro regressam às subidas após mínimos

Os juros da dívida soberana da Zona Euro estão hoje a negociar em alta, novamente, depois de ontem terem tocado em mínimos em toda a região. 

Assim, os juros da Alemanha a dez anos sobem 0,8 pontos base para os -0,540%, enquanto que os juros italianos avançam 0,2 pontos base para os 0,852%.

Na Península Ibérica, os juros portugueses sobem 0,5 pontos base para os 0,236% e os de Espanha ganham 0,3 pontos base para os 0,224%.

Europa sem tendência após debate presidencial vazio de ideias

As principais bolsas europeias abriram a sessão desta quarta-feiras em queda, mas foram aligeirando o sentimento na primeira hora de negociação. Agora, o índice de referência para o continente (Stoxx 600) ganha 0,05% para os 361,67 pontos, mas a maioria das praças do continente continua ainda "no vermelho".

Exemplo disso é o português PSI-20 (-0,09%), mas também o alemão DAX 30 (-0,07%) e o francês CAC 40 (-0,31%).

Os investidores estão ainda a assimilar o resultado do primeiro debate presidencial entre Joe Biden e Donald Trump, que teve lugar durante a madrugada em Lisboa. 

O frente a frente entre o democrata e o republicano foi pautado pela troca de insultos e acusações mutúas, mas trouxe poucas ideias novas para cima da mesa, naquele que alguns analistas já consideram como um dos piores debates da corrida presidencial norte-americana da história. 

Apesar da nuvem de fumo que resultou deste confronto, há uma ideia que parece estar cda vez mais reforçada. É cada vez mais improvável, pela postura apresentada, que Donald Trump aceite uma transição pacífica do lugar, em caso de derrota, o que poderá levar novamente os mercados ao tapete, devido a toda a instabilidade criada.

Apesar da má influência vinda do outro lado do oceano Atlântico, os dados do emprego da Alemanha foram positivos, uma vez que o número de desempregados caiu mais do que o previsto em setembro.

Hoje é esperada também a divulgação da taxa de inflação e as vendas a retalho em agosto na Alemanha, bem como o PIB do segundo trimestre no Reino Unido e a inflação de setembro em França e Itália. 

Preços do petróleo a caminho da primeira queda mensal desde abril

Os preços do petróleo estão novamente a cair, com a procura pela matéria-prima a ser sucessivamente ameaçada pelo avanço da propagação de coronavírus. 

Por esta altura, o Brent - que serve de referência para Portugal - desvaloriza 0,54% ara os 40,81 dólares por barril, enquanto que o norte-americano WTI (West Texas Intermadiate) perde 0,43% para os 39,12 dólares por barril. 

Uma recuperação do consumo de petróleo a nível global deverá surgir apenas daqui a cerca de 18 meses, de acordo com a Mercuria Energy Group, mas o atual panorama faz com que as previsões possam ser demasiado incertas. 

O Instituto de Petróleo Americano mostrou uma redução nos inventários de petróleo na semana passada, enquanto que os da gasolina voltaram a subir.

Dólar regressa aos ganhos

O índice que mede o desempenho do dólar face às principais congéneres mundiais está a valorizar, depois de o desempenho melhor do que o esperado de Joe Biden no debate com Trump ter aumentado as preocupações de que o candidato democrata possa aumentar os impostos sobre as empresas caso seja eleito, segundo analistas ouvidos pela Bloomberg.

"O dólar voltou a ser comprado após o debate, devido à preocupações de que Biden possa aumentar os impostos das empresas caso seja eleito", disse Mitsuo Imaizumi, estrategista-chefe de FX da Daiwa Securities Co. em Tóquio. "É difícil dizer quem realmente ganhou o debate, mas Biden pode ter-se saído melhor do que o esperado depois de ver um relatório de que ele arrecadou uma grande quantidade de fundos após o debate".

O dólar avança 0,1% depois de duas sessões consecutivas de perdas.

Ouro a caminho da maior queda mensal em quase quatro anos

O ouro está a perder terreno esta quarta-feira, encaminhando-se para a maior queda mensal em quase quatro anos.

Depois do debate presidencial de ontem, o ouro desliza 0,68% para 1.885,46 dólares, preparando-se para fechar o mês de setembro com uma descida superior a 4%.

Além de estarem o digerir o debate de ontem, os investidores aguardam pelos dados do desemprego nos Estados Unidos, que serão conhecidos na sexta-feira.

Wall Street recupera fôlego depois de debate Biden-Trump

Os maiores índices dos Estados Unidos estão a negociar em leve alta na sessão desta quarta-feira, recuperando do "caótico" debate presidencial de ontem, que colocou frente a frente, pela primeira vez, os candidatos Joe Biden e Donald Trump.

Por esta altura, o Dow Jones ganha 0,69% para os 27.642,93 pontos e o S&P 500 avança 0,40% para os 3.348.97 pontos. O tecnológico Nasdaq Composite acompanha o sentimento e ganha0,22% para os 11.110,98 pontos.

Os futuros apontavam para uma abertura fraca, com uma desvalorização a ser o cenário mais provável, depois do debate de ontem se ter mostrado pouco motivados para os investidores, dada a escassez de novas ideias e a troca de acusações mútua.

A única convicção dos investidores prende-se com o pós-eleição, uma vez que consideram que caso Joe Biden ganhe as eleições, é cada vez mais provável que Donald Trump não aceite uma transição pacífica, o que traria ainda mais indefinição aos mercados.

O foco está agora na divulgação dos dados relativos ao emprego nos Estados Unidos, depois de hoje a nova estimativa rápida para o PIB (produto interno bruto) ter apontado para uma contração de 31,4% no segundo trimestre, face aos -31,7% estimados.

Os dados do emprego privado mostraram a contratação de 749 mil novas pessoas, acima das 600 mil esperadas.

Ouro a caminho do pior mês em quatro anos

Setembro foi um mês de recuperação para a cotação do dólar, o que travou a escalada do ouro. O metal precioso está à beira de registar mesmo a queda mensal mais acentuada desde 2016 depois de ter tocado em máximos histórico sem agosto.

 

No mercado à vista em Londres o ouro estava a meio da sessão a descer 0,18% para 1.894,67 dólares por onça, elevando a perda acumulada em setembro para 3,7%, o que corresponde ao saldo mensal o mais negativo desde que o ouro caiu mais de 8% em novembro de 2016. Pelas 16h20 (hora de Lisboa) o ouro já subiu 0,11% para 1.900,4 dólares. Com esta cotação reduz a perda mensal para menos de 3,5%, o que equivale ao pior mês desde junho de 2018.

 

Este desempenho negativo surge depois de o ouro ter disparado nos meses anteriores, tendo mesmo fixado um máximo histórico acima dos 2.000 dólares por onça em agosto. O metal precioso tem vindo a beneficiar este ano com a procura de ativos seguros por parte dos investidores, bem como da debilidade da moeda norte-america. No acumulado de 2020 o ouro está a subir 25%.  

 

Na análise trimestral, o ouro tem saldo positivo (perto de 7%), completando assim o oitavo trimestre seguido sempre a ganhar terreno.

Petróleo perde 10% em setembro na primeira queda mensal em cinco meses

O mês de setembro foi negativo para o petróleo, com a matéria-prima a corrigir dos ganhos alcançados nos meses anteriores e a ser penalizada pela segunda vaga de covid-19 em várias regiões do globo, que vieram colocar em causa uma retoma célere no consumo de energia.

 

O Brent em londres está a descer 0,58% para 40,79 dólares na última sessão do mês, elevando a queda acumulada em setembro para 9,87%. Este é assim o primeiro mês negativo para a matéria-prima negociada em Londres desde que afundou mais de 50% em março. Depois do mês mais grave da pandemia o Brent subiu em cinco meses, mas após a queda em setembro acumula uma perda anual de novo próxima dos 40%.

 

No caso do WTI está hoje a valorizar 0,87% para 39,62 dólares, registando um saldo mensal negativo de 6,9%. Setembro foi assim o primeiro mês negativo desde abril para o petróleo negociado em Nova Iorque.

Euro perdeu quase 2% para o dólar em setembro

Depois de quatro meses consecutivos a acumular valor contra o dólar, a moeda única europeia chega ao final de setembro com uma desvalorização mensal acumulada de 1,79% face à divisa norte-americana.

Na sessão desta quarta-feira, o euro recua 0,12% para 1,1730 dólares, isto depois de dois dias seguidos a apreciar contra o dólar e de durante a manhã ter chegado a renovar máximos de 22 de setembro em relação à moeda dos Estados Unidos.

Por sua vez, também o dólar segue a perder terreno pela segunda sessão consecutiva face a um cabaz composto pelas principais moedas mundiais, sendo que também a divisa norte-americana negociou no valor mais baixo desde 22 de setembro durante a sessão desta quarta-feira.

A contribuir para esta descida do dólar está o maior otimismo agora verificado quanto à possibilidade de a Casa Branca e o Congresso chegarem a acordo para um novo pacote de estímulos à economia, bem como os dados hoje divulgados que mostram que as empresas norte-americanas criaram mais emprego do que apontavam as estimativas.

Juros sobem na Zona Euro após três dias em queda

Os juros das dívidas públicas no espaço do euro negociaram em alta na sessão desta quarta-feira, pondo fim a um ciclo de três sessões consecutivos a aliviarem.

A "yield" correspondente aos títulos soberanos de Portugal com maturidade a 10 anos somou 2,7 pontos base para 0,257%, enquanto as taxas de juro referentes às obrigações a 10 anos da Espanha e da Itália avançaram respetivamente 2,4 e 1,5 pontos base para 0,244% e 0,865%.

Apesar de também a "yield" associada às obrigações alemãs registar uma subida de 2,4 pontos base, a taxa de juro mantém em valores negativos (-0,524%).

Europa sem direção no pior mês desde março

As principais praças europeias terminam o mês de setembro divididas entre o verde e o vermelho. Contudo, no conjunto do mês, não há dúvidas: a tendência não só é negativa como a quebra não era tão grande desde março, o mês em que a pandemia surgiu com força na Europa.

O índice que agrega as 600 maiores cotadas da Europa, o Stoxx600, desceu 0,11% para os 361,09 pontos. No acumulado do mês, a queda foi de 1,48%, pelo que este foi o pior mês desde março, quando as perdas foram perto de 15%. 

Hoje, Lisboa e Madrid conseguiram manter-se no verde, mas Frankfurt, Paris, Londres acabaram por resvalar. Os investidores retraem-se depois de a Alemanha ter avisado que atrasos no Fundo de Recuperação europeu são quase inevitáveis, dadas as divergências entre estados. 

Os bancos, que se destacaram com uma queda de quase 11% neste mês, terminaram o dia como o segundo setor que mais ganhou, a seguir ao imobiliário.

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