França agrava juros europeus após saída de Lecornu. Bolsas europeias recuam
França agrava juros europeus após saída de Lecornu
Iene afunda após vitória de Takaichi e dólar ganha força
Petróleo sobe 1% após aumento menor que esperado da OPEP+
Ouro marca novo recorde e já tem os 4 mil dólares na mira
Ações japonesas saltam para recordes com eleição de Sanae Takaichi. Ouro acelera rumo aos 4 mil dólares
Bolsas europeias recuam após demissão do primeiro-ministro francês
As bolsas europeias estão em queda esta segunda-feira, dominadas pela crise política em França, que se agravou com a demissão do primeiro-ministro Sébastien Lecornu. A esta hora, o índice Stoxx 600 cai 0,43% para 568,02 pontos, enquanto o CAC-40 regista os piores valores, com um recuo de 1,91% para 7926,86. O DAX de Frankfurt recua 0,22% para 24324,98 pontos, o FTSE 100 do Reino Unido perde 0,18% para 9473,73 pontos, o IBEX cai 0,56% para 15497,10 e o PSI-20 desliza 0,08% para 8108,43 pontos. Amesterdão é a única exceção e regista uma subida de 0,18% para 963,25 pontos.
A pressão concentra-se no setor financeiro: o setor banca desvaloriza cerca de 1,6%, enquanto os grandes bancos franceses foram duramente atingidos. De acordo com a Reuters e a Bloomberg, o BNP Paribas, Société Générale e Crédit Agricole registaram quedas na ordem dos 4 a 5%, contagiando os pares europeus. Em paralelo, as “yields” francesas dispararam e o diferencial face à Alemanha alargou-se de forma significativa.
Os setores de energia e tecnologia ajudam a conter as perdas, com o petróleo e o gás a subir 0,55%, telecomunicações com um aumento de 0,31% e tecnologia com uma subida de 0,29%. Para além da banca, os mais prejudicados são o setor das “utilities” (-0,79%) e as químicas (-0,68%).
A leitura dos analistas é direta: “É preocupante que o novo gabinete tenha durado apenas 12 horas”, afirmou Kirstine Kundby-Nielsen, analista do Danske Bank, citada pela Reuters, enquanto Chris Beauchamp, da IG Group, apontou que a situação “torna as pessoas cautelosas em relação aos ativos europeus neste momento, devido à incerteza e aos efeitos de contágio”. Olivier Faure, líder do Partido Socialista francês, fala numa “crise política sem precedentes”, segundo a Bloomberg.
França agrava juros europeus após saída de Lecornu
Os juros das dívidas soberanas europeias registam esta segunda-feira um agravamento generalizado, liderado pela França, depois da demissão do primeiro-ministro Sébastien Lecornu, que intensificou a incerteza política em Paris e fez disparar o prémio de risco face à Alemanha para o nível mais alto do ano, segundo a Bloomberg.
A “yield” francesa a 10 anos sobe 9,1 pontos base para 3,598%, refletindo a aversão dos investidores a um cenário político cada vez mais instável. O diferencial entre as obrigações francesas e alemãs, um dos principais indicadores de risco orçamental na Zona Euro, alargou-se para 89 pontos base, o valor mais elevado de 2025, de acordo com dados citados pela Bloomberg.
“Estamos a assistir a uma crise política sem precedentes”, afirmou Olivier Faure, líder do Partido Socialista francês, lembrando que o novo governo de Macron “não tem legitimidade”. A saída de Lecornu ocorre apenas um dia depois de o presidente francês ter anunciado o novo governo, amplamente criticado por não trazer mudanças substanciais.
O impacto estende-se ao mercado europeu: a “yield” alemã, referência para a região, avança 1,9 pontos base para 2,716%, enquanto a italiana sobe 4,7 pontos para 3,555%, e a espanhola agrava 4,1 pontos, fixando-se em 3,269%.
Em Portugal, os juros acompanham o movimento e sobem 3,6 pontos base para 3,119%. Já no Reino Unido, a dívida pública também sofre pressão, com a “yield” britânica a avançar 4,8 pontos para 4,736%, refletindo um ambiente global de maior prudência nos mercados obrigacionistas.
Iene afunda após vitória de Takaichi e dólar ganha força
O dólar recupera terreno face às principais divisas esta segunda-feira, impulsionado pela forte queda do iene, depois da vitória de Sanae Takaichi nas eleições internas do Partido Liberal Democrata (LDP) no Japão.
O Dollar Index Spot avança 0,47% para 98,18 pontos, refletindo o fortalecimento da nota verde face a um cabaz de diferentes moedas. A esta hora, o euro recua 0,32% para 1,1704 dólares, enquanto a libra esterlina desce 0,19% para 1,3455 dólares. Já o franco suíço perde face ao dólar, que sobe 0,23% para 0,7976 francos.
O iene japonês lidera as perdas, ao cair 1,78% para 150,09 dólares, na maior desvalorização diária em cinco meses, depois da vitória de Takaichi ter reforçado as apostas em políticas fiscais expansionistas e reduzido a probabilidade de uma subida de juros no curto prazo. “A vitória de Takaichi vai provavelmente conduzir a alguma fraqueza no iene”, afirmou Mahjabeen Zaman, chefe de pesquisa cambial do ANZ, citada pela Reuters.
De acordo com Paul Mackel, responsável global de FX do HSBC, “os próximos dias serão importantes para perceber as suas políticas e a composição do provável governo”, acrescentando que, apesar de algum potencial de recuperação do iene, “há limites, dada a incerteza doméstica”.
A moeda japonesa também desvaloriza 1,43% face ao euro, com o euro a subir para 175,67 ienes, o nível mais fraco do iene desde a criação da moeda única.
Analistas citados pela Reuters destacam que, embora a incerteza política japonesa esteja a pressionar o iene, o dólar mantém-se firme com a expectativa de um corte de 25 pontos-base nas taxas da Fed ainda este mês. “Continuamos a pensar que o iene está subavaliado face ao dólar mas este ajuste pode demorar mais, agora que o cenário político japonês se tornou mais claro”, afirmou David Chao, estratega da Invesco.
Petróleo sobe 1% após aumento menor que esperado da OPEP+
Os preços do petróleo estão a subir mas menos do que o antecipado pelos especialistas, isto depois de este fim de semana a Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) ter decidido aumentar a oferta em 137 mil barris por dia em novembro.
Este é um aumento modesto face à produção anual e a oitava revisão em alta consecutiva. Ainda assim, o aumento foi mais reduzido do que o previsto, colocando alguma água na fervura do mercado, que receia um excesso de oferta no final deste ano e em 2026.
Em Nova Iorque, o WTI sobe 1,15% para 61,58 dólares por barril, enquanto em Londres o Brent avança 1,12% para 65,25 dólares.
"O aumento dos preços foi impulsionado principalmente pela decisão da OPEP+ de aumentar a produção abaixo do esperado no mês que vem, já que o grupo pretendia amortecer a recente queda nos mercados de petróleo", disse a analista independente Tina Teng, à Reuters.
A decisão "está claramente aquém das expectativas", disse Chris Weston, da Pepperstone Group, à Bloomberg. O analista atribui o aumento dos preços ao ajuste de carteiras por parte dos traders, que estavam preparados para um aumento maior. O aumento da OPEP+ "não favorecerá a noção de um mercado com excesso de oferta em 2026 e, como tal, a subida nesta recuperação deve ser limitada", acrescentou.
A OPEP+ tem vindo a reduzir progressivamente as restrições ao abastecimento nos últimos trimestres, numa tentativa de recuperar a quota de mercado. O cartel concordou, inicialmente, em recuperar uma parte de 2,2 milhões de barris por dia da produção. Mas, os aumentos reais na produção ficaram aquém dos números apresentados.
No curto prazo, alguns analistas esperam que a época de manutenção de refinarias, que começa em breve no Médio Oriente e obriga à paralisação destas infraestruturas, ajude a limitar os preços.
Ouro marca novo recorde e já tem os 4 mil dólares na mira
Os preços do ouro atingiram esta madrugada de segunda-feira o quinquagésimo máximo histórico desde o início do ano, beneficiando da procura de refúgio dos investidores face à incerteza gerada pelo "shutdown" do Governo norte-americano.
O metal precioso tocou os 3.945,15 dólares por onça, uma subida de 1,51%, antes de aliviar os ganhos para os 1,06%, negociando nos 3.927,60 euros.
Esta foi também a primeira vez que o metal amarelo superou a fasquia dos 3.900 dólares e o marco dos quatro mil dólares está cada vez mais próximo.
Os ganhos nos metais preciosos não se ficaram pelo ouro, com a prata a avançar 1%, até aos 48,48 dólares por onça, enquanto a platina sobe 0,22%, para os 1.609,00 dólares, e o paládio valoriza 0,16%, cotando nos 1.266,82 dólares por onça.
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Ações japonesas saltam para recordes com eleição de Sanae Takaichi. Ouro acelera rumo aos 4 mil dólares
As ações asiáticas subiram para máximos históricos, impulsionadas pelas praças do Japão, onde o PLD - o partido que lidera o Governo - nomeou Sanae Takaichi como nova líder, e que se deverá tornar a próxima primeira-ministra do país.
Esta será a primeira mulher a ser eleita para o Governo do partido nacionalista de direita que está no poder quase sem interrupções desde 1955, após a demissão de Shigeru Ishiba, no mês passado. Takaichi integra a ala mais à direita do partido e é conhecida por ser "pró-estímulo", o que animou os mercados.
A vitória surpreendente de Takaichi reduziu as expectativas dos investidores de que o Banco do Japão possa aumentar as taxas de juro já este mês, ao mesmo tempo que aumentou as preocupações sobre maior emissão de dívida para financiar cortes de impostos. Em reação às notícias, a divisa nipónica cai quase 2%, para 150 ienes por dólar, enquanto recua 1,5% face ao euro, para 175,87 ienes, um mínimo histórico. Já os títulos japoneses com maior maturidade tiveram a maior queda em meses - o que, segundo o Goldman Sachs, pode contagiar mercados distantes como o dos EUA e do Reino Unido.
O MSCI para a Ásia-Pacífico subiu 0,2% para 224,68 pontos. No Japão, o Nikkei 225 chegou a saltar mais de 5% para 48.150,04 pontos, enquanto o Topix escalou 3,5% para 3.237,66 pontos, ambos em máximos históricos. Na China, o Shangai Composite, está encerrado devido ao feriado Nacional da República Popular. Em Hong Kong, o Hang Seng perdeu 0,6% para 26.979,01 pontos. O sul-coreano Kospi está também encerrado devido a um feriado nacional.
"Os investidores estão a equilibrar o potencial de subida do estímulo com o risco do mercado de títulos", disse Dilin Wu, estratega da Pepperstone Group, em declarações à Bloomberg. "Os investidores vão precisar de observar de perto a interação fiscal-monetária do Japão, os movimentos do mercado de títulos e a volatilidade do iene - esses serão os principais impulsionadores do posicionamento de ativos cruzados nas próximas semanas", acrescentou.
Pela Europa, os futuros do Euro Stoxx 50 apontam para uma subida ligeira de 0,1%, enquanto os mercados parecem continuar a ignorar o "shutdown" do Governo norte-americano, mesmo depois de o Presidente, Donald Trump, ter ameaçado com um despedimento em massa de funcionários federais, isto se entender que as negociações para acabar com a paralisação (“shutdown”) parcial dos serviços do governo “não irão dar a lado algum”.
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