Europa salta 4% em maio e fecha melhor mês desde janeiro
Juros aliviam na Zona Euro. Mercado espera novo corte do BCE
Dólar ganha força com "bate pé" da Casa Branca pelas tarifas
Ouro cai abaixo dos 3.300 dólares. Fed atenta à subida da inflação nos EUA
Petróleo prolonga perdas com perspetivas de maior aumento pela OPEP+
Europa sobrevive à incerteza em torno das tarifas de Trump. Ouro recua e petróleo sobe
Euribor cai a três meses para novo mínimo desde dezembro de 2022
Europa sobrevive à incerteza em torno das tarifas de Trump. Ouro recua e petróleo sobe
O apetite pelo risco está de volta às principais praças europeias, apesar dos novos desenvolvimentos em torno da política comercial de Donald Trump terem voltado a colocar as tarifas do republicano em cima da mesa. Esta quinta-feira, um tribunal norte-americano decidiu reverter um bloqueio às taxas alfandegárias decretado no dia anterior, aumentando o sentimento de incerteza e volatilidade nos mercados.
O Stoxx 600, "benchmark" para a negociação europeia, avança 0,64% para 551,39 pontos, apesar de até ter arrancado a sessão em território negativo. Os investidores continuam a afastar-se de ativos norte-americanos, num movimento já apelidado de "Sell America", com o principal índice da região a encaminhar-se para fechar o primeiro mês em quatro com um saldo positivo.
Só em maio, o Stoxx 600 já avançou 4,4% e, de acordo com uma sondagem da Reuters, é esperado que o ano de 2025 seja bastante positivo para as praças da região, depois de no ano passado os ganhos terem sido bastante tímidos comparados com as movimentações nos EUA. Um dos principais responsáveis por este "rally" deverá ser o setor da defesa, que só neste mês cresceu mais de 14%.
Com os investidores a aumentarem a sua exposição ao risco, os ativos de refúgio prediletos estão a perder força. O ouro perde 0,59% para 3.298,42 dólares por onça, enquanto os juros das dívidas soberanas da Zona Euro agravam-se em toda a linha, com a "yield" das "Bunds" alemãs a dez anos a crescer 2,7 pontos base para 2,532%. Por sua vez, os juros das obrigações portuguesas com a mesma maturidade aceleram 1,8 pontos para 3,011%.
Já o dólar recupera parcialmente das quedas do dia anterior, com o índice da Bloomberg que acompanha as movimentações da "nota verde" a avançar 0,25%. Os ganhos desta sexta-feira não estão a ser suficientes para deixar o dólar com um saldo positivo em maio, sendo já este o quinto mês consecutivo de perdas.
No mercado petrolífero, o crude continua a mostrar grande volatilidade, recuperando em parte das perdas registadas na sessão anterior. O West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os EUA – valoriza 0,82% para os 61,44 dólares por barril, enquanto o Brent – de referência para o continente europeu – ganha 0,55% para os 64,50 dólares.
A matéria-prima deve fechar a semana com uma pequena desvalorização, numa altura em que os investidores já incorporaram um possível aumento da produção por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+), que deve ser anunciado já no sábado.
Europa salta 4% em maio e fecha melhor mês desde janeiro
As principais praças europeias negociaram maioritariamente em alta e o índice de referência europeu termina maio com o maior salto desde janeiro. No acumulado do mês valorizou 4%, sobretudo à boleia dos acordos comerciais que os EUA assinaram ao longo do mês com outros blocos, sobretudo com a China e a União Europeia, e que levantaram algumas preocupações do mercado quanto ao crescimento da economia norte-americana e europeia.
Na sessão desta sexta-feira, o Stoxx 600, "benchmark" para a negociação europeia, subiu 0,14% para 548,67 pontos, graças aos setores de "utilities" e saúde, que registaram ganhos de quase 1%. Já a construção e as tecnológicas impediram o índice de referência de maiores ganhos.
Apesar de ter conseguido ficar à tona esta sexta-feira, o Stoxx 600 reduziu os ganhos depois de o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter acusado a China de violar o acordo comercial, aumentando as tensões entre as duas maiores economias do mundo. No entanto, Trump não especificou como é que Pequim não seguiu o acordo assinado a 12 de maio.
Além disso, as tarifas foram consideradas ilegais pelo tribunal do Comércio dos EUA, que as bloquearam de forma imediata. No entanto, já há relatos de que a Casa Branca está à procura de um "plano B" para que o projeto arquitetado por Peter Navarro não fique por aqui.
"Tudo gira à volta dos EUA. A volatilidade pode ser maior nos próximos meses. Estamos mais conservadores do que antes", disse Richard Flax, da Moneyfarm, em declarações à Bloomberg.
O mercado segue ainda animado pelos dados da inflação em algum países da Zona Euro, que apelam a mais um corte das taxas de juro pelo Banco Central Europeu na reunião de 5 de junho. A inflação em Espanha e Itália caiu abaixo dos 2% e, na Alemanha, ficou nos 2,1%.
Entre os principais movimentos de mercado, a M&G saltou 5,5%, depois de a japonesa Dai-ichi Life ter dito que vai adquirir uma participação de 15% da empresa, no valor de 1,1 mil milhões de dólares. A Carrefour caiu 6% para o fundo do "benchmark", já que a retalhista francesa negociou esta sexta-feira sem direito a dividendos.
Entre as principais praças europeias, Madrid ganhou 0,25%, Frankfurt somou 0,27%, Milão subiu 0,26% e Londres cresceu 0,64%. Em contraciclo, Paris recuou 0,36%, enquanto Amesterdão desacelerou 0,14%.
Juros aliviam na Zona Euro. Mercado espera novo corte do BCE
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro aliviaram esta sexta-feira, num momento em que os investidores acreditam que o Banco Central Europeu (BCE) vá cortar as taxas de juro na reunião da próxima semana.
Na Alemanha, a inflação caiu para 2,1% em maio, aproximando-se da meta de 2% do BCE, mas ainda acima das estimativas dos analistas da Reuters, que apontavam mesmo para os 2%. Já em Espanha e em Itália, a inflação recuou mesmo abaixo dos 2%, o que serve de apoio a um corte das taxas de juro pelo banco liderado por Christine Lagarde.
Assim, o juro das "Bunds" alemãs a dez anos, que servem de referência para a Zona Euro, perdeu 0,7 pontos base para 2,498%, enquanto a "yield" das obrigações francesas com a mesma maturidade recuaram 1,6 pontos para 3,158%.
Já nos países da Europa do sul, o juro da dívida portuguesa a dez anos aliviou 3 pontos para 2,963%, enquanto a "yield" das obrigações espanholas e italianas cederam 1,7 e 1 pontos para 3,089% e 3,478%, respetivamente.
Fora da Zona Euro, os juros das "Gilts" britânicas desceram 0,1 ponto base para 4,644%, enquanto as "Tresuries" norte-americanas caem 1,8 pontos para 4,400%.
Dólar ganha força com "bate pé" da Casa Branca pelas tarifas
O dólar norte-americano está a avançar face às principais divisas esta sexta-feira, já que os investidores estão a considerar a probabilidade de as tarifas comerciais permanecerem em vigor, mesmo que o presidente dos EUA, Donald Trump, enfrente uma batalha judicial sobre a sua autoridade para as impôr.
Segundo a Reuters, um tribunal federal restabeleceu temporariamente as tarifas mais abrangentes de Trump esta quinta-feira, um dia depois de o tribunal do Comércio dos EUA ter dito o republicano Trump excedeu a autoridade ao impor as tarifas recíprocas, tendo ordenado o seu bloqueio imediato. Ou seja, os investidores acreditam que as taxas alfandegárias vão persistir.
Aliás, o consultor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, disse a Casa Branca irá tentar implementar as tarifas por outros meios se perder as disputas judiciais.
Assim, o euro perde 0,16% para 1,1352 dólares. Face à divisa nipónica, a "nota verde" recua 0,07% para 144,10 ienes. O índice de força do dólar da Bloomberg sobe 0,2% para 99,47 pontos.
Os investidores estão preocupados que as tarifas desacelerem o crescimento económico norte-americano e reacendam a inflação, embora os acordos comerciais dos EUA com a China e a União Europeia tenham reduzido o pessimismo sobre o futuro. Mas as boas notícias não duraram muito, já que Donald Trump acusou esta sexta-feira a China de violar as tréguas, afirmando mesmo que iria deixar de ser o "Sr. Simpatia".
As tarifas são vistas como uma importante fonte de receita, já que o Congresso está em negociações sobre projeto de lei para cortar impostos do lado de lá do Atlântico.
Petróleo prolonga perdas com perspetivas de maior aumento pela OPEP+
Os preços do "ouro negro" estão a cair esta sexta-feira, pressionados pela perspetiva de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) está a considerar acelerar ainda mais a produção de crude em julho. De acordo com a Bloomberg, o cartel poderá rever em alta os 411 mil barris por dia inicialmente apontado, depois de já terem aumentado de forma inesperada a produção de maio e junho.
Oito membros da aliança liderada pela Arábia Saudita e pela Rússia vão reunir-se este sabádo, em videoconferência, para discutir um eventual alívio nas restrições.
O West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os EUA – desvaloriza 0,51% para os 60,63 dólares por barril. Já o Brent – de referência para o continente europeu – perde 0,3% para os 63,96 dólares por barril. Ambos caminham para a segunda perda semanal consecutiva.
"O aumento da OPEP+ surge numa altura em que os sinais económicos dos EUA são fracos e a incerteza agrava-se, o que pesa sobre os preços" do crude, disse Arne Lohmann Rasmussen, analista da A/S Global Risk Management, em declarações à Bloomberg.
A pressionar os preços do crude está ainda o adensar da guerra comercial entre os EUA e a China - o maior importador de petróleo do mundo. Esta sexta-feira, o Presidente dos EUA acusou Pequim de violar o acordo comercial temporário que ambos assinaram na Suíça a 12 de maio, e que previa uma descida de tarifas entre ambos durante 90 dias. Além disso, depois de o tribunal do Comércio dos EUA ter considerado as tarifas como ilegais, a Casa Branca estará já a estudar um "plano B" para voltar a reestabelecer as taxas.
Ouro cai abaixo dos 3.300 dólares. Fed atenta à subida da inflação nos EUA
O ouro está a perder terreno na última sessão da semana pressionado por um dólar norte-americano mais forte, enquanto os investidores digerem os desenvolvimentos em matéria de tarifas e uma subida da inflação na maior economia do mundo, o que poderá levar a que a Reserva Federal a repensar a política monetária.
O metal amarelo cai 0,92% para 3.287,27 dólares por onça e deverá desvalorizar 1,8% no acumulado da semana.
Em abril, o índice de preços das despesas de consumo pessoal, o PCE, que exclui os produtos alimentares e energéticos, aumentou 0,1% em relação a março. Face ao período homólogo, avançou 2,5%, segundo avançou o Bureau of Economic Analysis esta sexta-feira. Ambas as leituras ficaram dentro das previsões dos economistas e a Fed deverá olhar atentamente para este dado.
Além disso, as importações de bens pelos Estados Unidos afundaram 19,8% em abril, naquela que é a maior quebra registada na maior economia mundial desde pelo menos 1989.
Ricardo Evangelista, CEO da Activtrades Europe, acredita que, mesmo assim "a pressão descendente sobre o metal precioso permanece limitada devido à incerteza persistente em torno das tarifas comerciais, ao agravamento das tensões geopolíticas e às crescentes preocupações com a conjuntura económica global", disse numa nota a que o Negócios teve acesso.
"A juntar a estes fatores, os riscos orçamentais associados à proposta de cortes fiscais apresentada pela administração norte-americana estão a alimentar a cautela dos investidores. Num contexto marcado por tantas incertezas, a posição do ouro como ativo refúgio deverá continuar a proporcionar suporte em torno do patamar dos 3.300 dólares", acrescentou.
Euribor cai a três meses para novo mínimo desde dezembro de 2022
A Euribor desceu hoje a três e subiu a seis e a 12 meses em relação a quinta-feira, no prazo mais curto para mínimos desde 08 de dezembro de 2022.
Com as alterações de hoje, a taxa a três meses, que baixou para 1,995%, ficou abaixo das taxas a seis e a 12 meses, que se fixaram nos 2,069% e 2,090%, respetivamente.
A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, aumentou 0,013 pontos para 2,069%, subindo pela segunda sessão consecutiva após um ciclo de quatro descidas que a levou, na quarta-feira, a um novo mínimo (2,042%) desde 28 de outubro de 2022.
Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a março indicam que a Euribor a seis meses representava 37,65% do 'stock' de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável.
Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,39% e 25,67%, respetivamente.
No prazo de 12 meses, a taxa Euribor aumentou hoje para 2,090%, mais 0,020 pontos do que na quinta-feira.
Já a Euribor a três meses, após ter baixado na quinta-feira a barreira dos 2%, para 1,996%, voltou hoje a recuar, para 1,995%, um novo mínimo desde 08 de dezembro de 2022, em que se situou nos 1,990%.
Em abril, as médias mensais da Euribor caíram fortemente nos três prazos, mais intensamente do que nos meses anteriores e no prazo mais longo (12 meses).
A média da Euribor a três, a seis e a 12 meses em abril desceu 0,193 pontos para 2,249% a três meses, 0,183 pontos para 2,202% a seis meses e 0,255 pontos para 2,143% a 12 meses.
Em 17 de abril, na última reunião de política monetária, o Banco Central Europeu (BCE) desceu a taxa diretora em um quarto de ponto para 2,25%.
A descida, antecipada pelos mercados, foi a sétima desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024.
A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 5 e 6 de junho em Frankfurt.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
* Lusa
Saber mais sobre...
Saber mais Herman José Liliana Almeida Bruno de Carvalho TVI cristina ferreira Economia televisão Desporto futebolMais lidas
O Negócios recomenda