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Europa fecha em alta à espera de alívio nas tarifas. Deutsche Bank ganha mais de 5%

Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados desta terça-feira.

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bolsas mercados graficos traders euronext Kamil Zihnioglu/AP
29 de Abril de 2025 às 17:41
Adensar da guerra comercial alivia sentimento na Ásia em dia de feriado no Japão. Europa inalterada
Adensar da guerra comercial alivia sentimento na Ásia em dia de feriado no Japão. Europa inalterada

As ações asiáticas tocaram em máximos de um mês nesta sessão, com os investidores animados pela expetativa de que o Presidente dos EUA, Donald Trump, possa aliviar os impactos das tarifas sobre importações de automóveis, o que aumenta as esperanças de um adensar da guerra comercial.

O anúncio foi ontem feito por um representante da Casa Branca, que adiantou que os automóveis importados iriam receber um alívio das tarifas, distintas daquelas sobre o alumínio e o aço. A Hyundai liderou os ganhos entre as fabricantes de automóveis sul-coreanos, ao avançar mais de 1,5%. 

As tarifas continuaram a dominar o sentimento já que o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse à CNBC que os EUA deixaram a China de lado, enquanto procuram acordos comerciais com 15 a 17 outros países. Bessent repetiu ainda as palavras de Trump de há alguns dias, ao dizer que cabe a Pequim dar o primeiro para aliviar a guerra tarifária.

O Ministério do Comércio chinês disse ainda que o aumento das tarifas norte-americanas perturbou o mercado mundial dos transportes aéreos e que tanto as companhias aéreas chinesas como a Boeing foram gravemente afetadas, em resposta ao facto de as transportadoras chinesas terem rejeitado novos jatos do fabricante de aviões norte-americano. 

As bolsas estiveram encerradas devido a um feriado nacional, enquanto na China o Shanghai Composite acabou por ceder 0,1% e o Hang Seng de Hong Kong ficou praticamente inalterado. Na Coreia do Sul, o Kospi ganhou 0,5%. 

"É preciso ter um pouco mais de cuidado quando se trata de posicionar a carteira neste momento", disse Ken Wong, especialista da Eastspring Investments, numa entrevista à Bloomberg Television. "Todos os dias recebemos notícias contraditórias sobre o que está a acontecer com as tarifas. Por isso, temos de adotar uma abordagem um pouco mais cautelosa", acrescentou.

Por cá, os futuros europeus seguem a negociar inalterados, em dia de apresentação de resultados trimestrais de algumas gigantes europeias. O Deutsche Bank acaba de anunciar um aumento de 39% dos lucros no primeiro trimestre, mas admitiu que os efeitos das tarifas dos EUA já se começam a fazer sentir. Já a Lufthansa confirmou o "guidance" para 2025 enquanto também se prepara para as consequências das tarifas. 

É ainda dia de conhecer os dados do sentimento económico da Zona Euro.

Guerra comercial continua a pressionar crude. Apagão obrigou a paragem nas refinarias espanholas
Guerra comercial continua a pressionar crude. Apagão obrigou a paragem nas refinarias espanholas

Os preços do petróleo estão a cair mais de 1%, numa altura em que os investidores continuam preocupados com a perspetiva de procura do "ouro negro", que pode ser afetada de forma significativa por conta dos efeitos das tarifas.

O Brent, que serve de referência para Portugal, cai 1,35% para 64,97 dólares por barril, enquanto o norte-americano West Texas Intermediate (WTI) recua 1,32% para 61,23 dólares.

O Brent está a caminho da maior perda mensal desde 2021, com os preços pressionados pela rápida escalada das tarifas entre os EUA e os parceiros comerciais, bem como pelos planos da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) para reforçar a produção. 

Muitos países estão a tentar negociar com Washington, mas Pequim recusou-se, até agora, a fazê-lo. Enquanto a guerra comercial entre os EUA e a China parece não avançar em termos de negociação, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, pediu aos países para não cederem às ameaças de tarifas dos EUA, destacando as intensas divisões globais. Wang Yi afirmou que o "apaziguamento" só iria encorajar o "bully" (os EUA), durante uma reunião dos BRICS. 

Por outro lado, as conversações entre Washington e Teerão estão a dar alguma esperança ao mercado de que, com o tempo, possam resultar em menos restrições às exportações de crude iraniano.

Além disso, com o "apagão" elétrico em Portugal e em Espanha, muitas refinarias espanholas foram obrigadas a parar. 

A associação comercial American Petroleum Institute (API) revela hoje os dados dos "stocks" de crude nos EUA na semana terminada a 26 de abril. Amanhã, é dia do Departamento norte-americano da Energia divulgar os níveis oficiais.

Ouro perde brilho com alívio das tarifas sobre carros
Ouro perde brilho com alívio das tarifas sobre carros

O ouro está a negociar em terreno negativo, já que as expetativas de que o Presidente dos EUA, Donald Trump, possa aliviar as tarifas impostas a veículos importados estão a pressionar a procura pelo ativo-refúgio. 

O metal amarelo recua 0,68% para 3.321,11 dólares por onça, pressionado também por um dólar norte-americano mais forte, o que torna o ouro mais caro. Na semana passada, o metal tocou nos 3.500 dólares.

A Casa Branca admitiu esta segunda-feira que as taxas sobre peças para carros e camiões seriam levantadas e os automóveis importados receberiam uma tarifa em separado das que visam o alumínio e o aço. 

A tensão entre a China e os EUA avança sem sinais de um acordo, depois de o secretário do Tesouro dos EUA ter dito que deve ser Pequim a dar o primeiro passo, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês voltou a negar que estivesse em conversações com Washington para encontrar formas de reduzir "o muro" tarifário que separa as duas maiores economias do mundo. Além disso, a China apelou a que os países não cedessem às ameaças do "bully" (Trump/EUA).

"O ambiente de risco melhorou recentemente, com os 'traders' animados pelo otimismo de que o pior das tensões comerciais pode ter ficado para trás, enquanto a retórica em torno de acordos comerciais continua a ser encorajada", disse o estratega da IG, Yeap Jun Rong, à Reuters.

Aliás, muitos economistas consultados pela Reuters acreditam que os países já não escapam a uma recessão económica este ano, lembrando ainda o sentimento empresarial afetado. É dia de conhecer este dado na Zona Euro, atualizado para o mês de abril. 

Dólar ganha terreno à boleia do recuo nas tarifas sobre setor automóvel
Dólar ganha terreno à boleia do recuo nas tarifas sobre setor automóvel

O dólar norte-americano está a subir face às principais divisas, impulsionado pelo possível recuo da Casa Branca quanto às tarifas sobre o setor automóvel. Um representante da Casa Branca deverá falar esta terça-feira para anunciar um alívio das sanções a componentes automóveis para carros fabricados nos EUA. 

O euro recua assim 0,3% para 1,1387 dólares e, face à divisa nipónica, a nota verde ganha 0,33% para 142,48 ienes. O índice da Bloomberg que mede a força da nota verde face aos pares, soma 0,2% para 99,211 pontos. 

Ainda assim, o dólar continua a caminho da maior queda mensal desde novembro de 2022, já que as tensões tarifárias alimentam receios de uma desaceleração económica a nível global e afetam a confiança nos ativos dos EUA, o que leva a que o euro, apesar de ceder esta terça-feira, se encaminhe para o maior ganho mensal em relação ao dólar em dois anos. 

Os investidores esperam que o relatório de emprego dos EUA, previsto para sexta-feira, promova uma reviravolta nos mercados. Antes disso, o foco estará nos dados do crescimento do país no primeiro trimestre e dados básicos da inflação na ótica da despesa do consumidor, o PCE, indicador de inflação preferido da Reserva Federal. 

No Canadá, o dólar canadiano segue praticamente inalterado face ao dólar dos EUA, depois de o Partido Liberal, do ainda primeiro-ministro Mark Carney, se ter mantido no poder nas eleições desta segunda-feira. Ainda assim, não conseguiram formar uma maioria necessária para ajudar o país a negociar as tarifas com Donald Trump.

Juros aliviam na Zona Euro

Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro aliviam em toda a linha esta terça-feira, num dia em que os principais índices do Velho Continente negoceiam em território positivo.

Os juros da dívida portuguesa, com maturidade a dez anos, recuam a esta hora 2,7 pontos-base, para 3,029%, a mesma descida registada em Espanha, onde a "yield" da dívida com o mesmo vencimento está nos 3,151%.

Por sua vez, a rendibilidade da dívida francesa cede 2,6 pontos-base para 3,208%. Já os juros das "bunds" alemãs, referência para a região, perdem 2,8 pontos para 2,490%.

Fora da Zona Euro, os juros das "gilts" britânicas, também a dez anos, seguem a mesma tendência e aliviam 2,2 pontos-base para 4,485%.

Alívio nas tarifas e contas trimestrais dão pujança às bolsas europeias
Alívio nas tarifas e contas trimestrais dão pujança às bolsas europeias

Os principais índices do Velho Continente negoceiam em alta esta manhã, enquanto o mercado reage a uma enchente de resultados empresariais do último trimestre, ao mesmo tempo que avalia os mais recentes desenvolvimentos na questão das tarifas norte-americanas. 

As tensões comerciais dão sinais de abrandamento, isto depois de a Casa Branca ter admitido que poderá recuar na imposição de tarifas ao setor automóvel. Em cima da mesa estará também uma proposta para impedir que as empresas que paguem as tarifas do setor automóvel paguem outras taxas como as do aço e alumínio - quem já pagou, será reembolsado.

Apesar disto, o conflito entre os EUA e a China parece não abrandar. Pequim deve ser o primeiro a "dar o braço a torcer", disse o secretário do Tesouro dos EUA, mas a China insiste que não cede às ameaças de Donald Trump, a quem chama de "bully" e afirma mesmo que consegue sobreviver sem produtos norte-americanos.

Os EUA dizem também ter deixado de lado a China na lista de países com quem fazer acordos, ao mesmo tempo que avançam com "tréguas" com outros 17 países. Os analistas consultados pela Bloomberg continuam a acreditar no risco de recessão, sobretudo, nos Estados Unidos.  

O índice Stoxx 600 - de referência para a Europa – ganha 0,36%, para os 525,08 pontos e marca a sexta sessão consecutiva de avanços, com os setores da banca, tecnologia e "basic resources" a darem o maior contributo, com ganhos acima de 1%.

Entre os principais índices da Europa Ocidental, o francês CAC-40 valoriza 0,08%, o holandês AEX sobe 0,27%, o alemão DAX regista ganhos de 0,65%, o britânico FTSE 100 avança 0,05% e o italiano FTSEMIB soma 0,8%. O espanhol IBEX 35 é o único a registar uma descida de 0,43%, depois do apagão que se fez sentir tanto no país como em Portugal.

A "earnings season" europeia segue a todo o gás e anima o sentimento do mercado: as ações do Deutsche Bank ganham 1,2% após ter registado uma subida de 39% dos lucros para níveis recorde no primeiro trimestre do ano; o HSBC salta 1,8% depois de ter feito uma nova recompra de ações no valor de três mil milhões de dólares; já a BP perde mais de 4% uma vez que os lucros não atingiram as estimativas dos economistas.

A empresa francesa de consultoria de tecnologias de informação Capgemini avança 7,4% depois de ter divulgado uma subida nas receitas no primeiro trimestre. 

AstraZeneca caiu 4,4% e pesou no índice londrino FTSE após não ter atingido as estimativas dos analistas das receitas do primeiro trimestre, avançando ainda que pode enfrentar uma multa de até 8 milhões de dólares na China por suspeitas de impostos sobre importações não pagos.

No automóvel, a Porsche recua quase 5% após ter revisto em baixa uma série de previsões para este ano.

Euribor desce a três meses e sobe a seis e a 12 meses
Euribor desce a três meses e sobe a seis e a 12 meses

A taxa Euribor desceu hoje a três meses e subiu a seis e a 12 meses em relação a segunda-feira.

Com as alterações de hoje, a taxa a três meses, que recuou para 2,176%, ficou acima da taxa a seis meses (2,131%) e da taxa a 12 meses (2,076%).

A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, avançou hoje, ao ser fixada em 2,131%, mais 0,007 pontos.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a fevereiro indicam que a Euribor a seis meses representava 37,52% do 'stock' de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável.

Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,50% e 25,72%, respetivamente.

No prazo de 12 meses, a taxa Euribor também subiu, ao ser fixada em 2,076%, mais 0,010 pontos do que na segunda-feira.

Em sentido contrário, a Euribor a três meses, que está abaixo de 2,5% desde 14 de março, baixou hoje para 2,176%, menos 0,010 pontos.

Em 17 de abril, na última reunião de política monetária, o Banco Central Europeu (BCE) desceu a taxa diretora em um quarto de ponto para 2,25%.

A descida, antecipada pelos mercados, foi a sétima desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024.

A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 05 e 06 de junho em Frankfurt.

Em termos mensais, a média da Euribor em março voltou a descer a três, a seis e a 12 meses, mas menos intensamente do que nos meses anteriores.

A média da Euribor a três, a seis e a 12 meses em março desceu 0,083 pontos para 2,442% a três meses, 0,075 pontos para 2,385% a seis meses e 0,009 pontos para 2,398% a 12 meses.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

Wall Street dividida entre alívio de tarifas e uma "earnings season" aquém do esperado
Wall Street dividida entre alívio de tarifas e uma 'earnings season' aquém do esperado

As bolsas norte-americanas arrancaram a sessão desta terça-feira sem rumo definido, numa altura em que os investidores avaliam os mais recentes desenvolvimentos da guerra comercial e reagem aos resultados trimestrais de algumas gigantes de Wall Street. 

A Casa Branca admitiu que poderá vir a reduzir as tarifas anunciadas para o setor automóvel, aliviando algumas taxas impostas sobre peças de carros fabricados nos Estados Unidos e evitando que as tarifas sobre carros fabricados no exterior se acumulem sobre outras já vigentes, como as do aço e alumínio - quem já pagou, será reembolsado.

Apesar de um cenário de alívio, a tensão comercial entre Washington e Pequim parece não chegar ao fim, depois de o secretário do Tesouro dos EUA ter dito que deve ser a China a dar o primeiro passo, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês voltou a negar que estivesse em conversações com a Casa Branca para encontrar formas de reduzir "o muro" tarifário que separa as duas maiores economias do mundo. Além disso, a China apelou a que os países não cedessem às ameaças do "bully" (Trump/EUA) e que consegue sobreviver sem produtos "made in USA".

O S&P 500 perde 0,36% para 5.508,75 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq Composite desvaloriza 0,45% para 17.287,81 pontos. Em contraciclo, o industrial Dow Jones salta 0,14% para 40.282,47 pontos.

Os investidores estão ainda focados nos resultados trimestrais de algumas empresas cotadas em Nova Iorque. Preocupações mais sérias começam a surgir, já que as empresas estão a rever em baixa as previsões para as receitas e lucros do resto do ano.

É o caso do Spotify, que cai mais de 5%, após a gigante sueca ter registado um aumento nos lucros nos primeiros três meses do ano, que, ainda assim, ficaram abaixo das expetativas dos analistas. Também as previsões para o segundo trimestre desiludiram os investidores.

Em reação ao alívio das tarifas sobre o setor automóvel, a General Motors recua 2,84%, a Ford perde 0,7% e, em tendência contrária, a Tesla avança 0,56%.

"Podemos registar alguma recuperação, mas o alívio de hoje não resolve o desafio que será a longo prazo: os preços dos carros nos EUA estão a subir justamente quando o ímpeto económico diminui", disse a Bernstein citada pela Reuters.

Amanhã é dia de a Microsoft e a Meta apresentarem resultados do trimestre e, esta terça-feira, as empresas perdem 0,01% e 0,3%. Quinta-feira, dia de feriado nacional na Europa e na Ásia, é a vez da Apple e da Amazon darem conta dos seus resultados, recuando agora 0,44% e 1,5%, respetivamente.

A Coca-Cola cede 0,56% apesar de ter superado as estimativas de receitas e lucros dos primeiros três meses do ano. A Pfizer sobe 0,4% após ter ficado aquém das expetativas de receita, mas ter previsto mais de 1,7 mil milhões de dólares em cortes de despesas.

A UPS está a registar algumas perdas esta terça-feira, ainda que tenha superado as estimativas de lucros para o primeiro trimestre, mas não deu um "guidance" para o resto do ano, o que gerou algum alerta entre os investidores. A transportadora perde 0,3%, depois também de ter anunciado que vai cortar 20 mil postos de trabalho este ano e fechar dezenas de instalações.

Petróleo adensa quedas pressionado por perspetivas económicas dos EUA
Petróleo adensa quedas pressionado por perspetivas económicas dos EUA

Os preços do petróleo seguem a alargar as quedas registadas esta manhã, com a guerra comercial em curso a prejudicar as perspetivas do lado da procura, enquanto dados económicos vindos do lado de lá do Atlântico mostram que a estratégia comercial assumida pelos Estados Unidos (EUA) não estará a surtir o efeito desejado.

O West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os Estados Unidos (EUA) – cede a esta hora 2,39% para os 60,57 dólares por barril. Já o Brent – de referência para o continente europeu – segue a desvalorizar 2,43% para os 64,26 dólares por barril.

No panorama económico referente aos EUA, o défice comercial de bens do país aumentou de forma acentuada para 162 mil milhões de dólares em março de 2025 - o maior de sempre -, e acima do consenso do mercado que apontava para um défice de 146 mil milhões de dólares, de acordo com dados preliminares citados pela Trading Economics.

"Está a tornar-se claro para o mercado que o crescimento dos últimos meses foi impulsionado principalmente pela acumulação de existências e pelo ‘açambarcamento’ pré-tarifário", explicou à Bloomberg Arne Lohmann Rasmussen, analista-chefe da A/S Global Risk Management. Esse efeito, diz a especialista "está a desaparecer, o que pode levar a um declínio acentuado no crescimento dos EUA, uma vez que o consumo começa a reduzir as existências em vez de aumentar a produção."

Para além disso, os "traders" estão a acompanhar de perto as conversações entre Washington e Teerão, que, com o tempo, poderão levar à flexibilização das restrições ao petróleo iraniano.

Por outro lado, Portugal e Espanha regressaram a uma certa normalidade depois de terem sofrido o pior apagão dos últimos anos, que obrigou à paragem de várias refinarias de petróleo na região.

O Brent está a caminho de registar a maior perda mensal desde 2021, com os preços do crude a serem afetados pelas tarifas recíprocas dos EUA e contramedidas apresentadas pelos seus parceiros comerciais, bem como pelos planos da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (OPEP+) para relançar a produção de "ouro negro".

Ouro cede com potencial alívio das tarifas sobre automóveis
Ouro cede com potencial alívio das tarifas sobre automóveis

Os preços do ouro continuam em queda esta tarde, devido às expectativas de que o Presidente norte-americano, Donald Trump, alivie o impacto das tarifas que visam o setor automóvel, o que está a pesar sobre a procura de ouro, entre esperanças de um novo abrandamento das tensões comerciais.

O ouro perde a esta hora 0,85%, para os 3.315,580 dólares por onça.

O metal amarelo começou a registar perdas depois de um funcionário da Casa Branca, ter dito que algumas taxas sobre importações de peças estrangeiras para automóveis e camiões seriam levantadas e que os automóveis importados pelos EUA teriam um alívio nas tarifas sobre o alumínio e o aço.

Para além disso, um fortalecimento do dólar torna o ouro mais caro para a maioria dos compradores, o que estará a afetar a procura pelo metal precioso.

Os "traders" continuam a pesar as perspetivas quanto ao crescimento da economia global face à elevada incerteza sobre o impacto da guerra comercial, que tem alimentado a procura por ouro e que chegou a levar o metal amarelo a atingir sucessivos recordes nos últimos meses.

As consequências da agenda protecionista de Trump deverão tornar-se ainda mais claras esta semana, com uma série de dados sobre o emprego, a inflação e o crescimento económico dos EUA a serem divulgados nos próximos dias.

"Embora as negociações possam progredir lentamente, a vontade renovada da Casa Branca de se envolver mudou o sentimento do mercado de ‘venda de pânico’ para ‘otimismo cauteloso’, colocando alguma pressão negativa sobre o ouro", disse à Bloomberg o estrategista de pesquisa do Pepperstone Group, Dilin Wu. Ainda assim, se houver sinais de deterioração do mercado de trabalho nos relatórios dos EUA, previstos para o final desta semana, "as expectativas de um corte nas taxas de juro da Reserva Federal em junho deverão manter-se firmes, reacendendo potencialmente uma nova subida do ouro", acrescentou o especialista.

Dólar avança com esperanças de flexibilização das tarifas
Dólar avança com esperanças de flexibilização das tarifas

O dólar segue a registar ganhos esta terça-feira, mas continua encaminhado para a sua maior queda em dois meses consecutivos em mais de 20 anos, de acordo com a Reuters, à medida que o novo plano de despesas alemão deu ímpeto ao euro nos últimos tempos, enquanto as políticas protecionistas assumidas pela Administração norte-americana retiraram confiança aos investidores em relação à "nota verde".

O índice de dólar da Bloomberg – que mede a força da divisa norte-americana face às principais rivais - sobe 0,16% para os 99,168 pontos. Ainda assim, o índice está a caminho de uma queda de 7,7% no conjunto de março e abril - a maior queda de dois meses desde maio de 2002.

O dólar segue a apoiar-se esta terça-feira em relatos de que a Administração Trump poderia aliviar as tarifas impostas aos seus parceiros comerciais, embora os investidores também se preocupem com a falta de progresso nas negociações entre os EUA e a China.

"Há muitos factores estruturais que têm apoiado o dólar nas últimas décadas. Não creio que venham a ser destruídos tão facilmente", afirmou à Reuters Stephen Jen, diretor executivo na Eurizon SLJ Capital.

Por cá, o euro cai 0,18% para 1,139 dólares, ainda que se mantenha a caminho do maior ganho mensal face ao dólar em mais de dois anos, à medida que os investidores se afastam dos ativos dos EUA e procuram alternativas na Europa.

O dólar sobe ainda 0,40% contra a divisa suíça, para 0,823 francos suíços, e ganha 0,12% para 142,180 ienes, com negociações moderadas devido a um feriado no Japão.

Já face ao dólar canadiano, a "nota verde" valoriza 0,15% para 1,385 dólares canadianos, depois de o primeiro-ministro e líder do partido liberal, Mark Carney, ter mantido o poder nas eleições desta segunda-feira, mas não ter conseguido atingir uma maioria governamental, necessária para o ajudar a negociar as tarifas com Trump.

Juros aliviam em toda a linha na Zona Euro

Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro aliviaram em toda a linha esta terça-feira, num dia em que a maioria dos principais índices do Velho Continente encerraram a registar ganhos.

Os juros da dívida portuguesa, com maturidade a dez anos, aliviaram 1,1 pontos-base para 3,045%, depois de a Bloomberg ter noticiado que a República Portuguesa mandatou seis bancos para prepararem uma venda sindicada de dívida.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) quer emitir três mil milhões de euros com maturidade a 15 anos, ou seja, 15 de junho de 2040. Apesar de não haver uma data para a colocação, a operação deverá decorrer nos próximos dias.

Em Espanha, a "yield" da dívida com o mesmo vencimento caiu 1,8 pontos para 3,161%.

Por sua vez, a rendibilidade da dívida francesa decresceu 1,9 pontos-base para 3,215%. Já os juros das "bunds" alemãs, de referência para a região, aliviaram 2,3 pontos para 2,494%.

Fora da Zona Euro, os juros das "gilts" britânicas, também a dez anos, seguiram a mesma tendência e caíram 3 pontos-base para 4,477%.

Europa fecha em alta à espera de alívio nas tarifas. Deutsche Bank ganha mais de 5%

A maioria dos principais índices do Velho Continente fecharam a sessão desta terça-feira a registar ganhos, enquanto os investidores se focaram em novos desenvolvimentos referentes à guerra comercial em curso, bem como em importantes resultados empresariais.

O índice Stoxx 600 - de referência para a Europa - avançou 0,36%, para os 525,09 pontos.

Entre os principais índices da Europa Ocidental, o holandês AEX subiu 0,23%, o alemão DAX registou ganhos de 0,69%, o britânico FTSE 100 avançou 0,55% e o italiano FTSEMIB valorizou 1,09%. Já o francês CAC-40 caiu 0,24%, e o espanhol IBEX 35 perdeu 0,66%.

No plano comercial, um responsável da Casa Branca disse que os automóveis importados pelos Estados Unidos (EUA) receberiam um alívio nas tarifas, o que acabou por contribuir para o sentimento positivo dos investidores. Os mercados estão "cautelosamente positivos, pois mais isenções tarifárias dão a visão de que o pior já passou por enquanto", disse à Bloomberg Geoff Yu, estratega no BNY Mellon.

Mas apesar de estarem a ser equacionados alívios nas tarifas impostas pelos EUA a alguns setores e parceiros comerciais, a falta de novidades em relação a potenciais negociações entre Washington e Pequim continuam a alimentar a incerteza vivida. As relações "tremidas" entre as duas maiores economias mundiais não parecem estar perto de ser resolvidas, depois de o principal diplomata chinês ter alertado os países para não cederem às ameaças de Trump.

Entre a época de apresentação de resultados, destaque para a alemã Rheinmetall, que encerrou o dia a ganhar mais de 8,50%, depois de ter superado as estimativas do mercado com a apresentação de resultados referentes ao primeiro trimestre do ano. O líder europeu no fabrico de munições, apresentou, na segunda-feira, um aumento de 46% nas vendas preliminares do primeiro trimestre, que chegaram aos 2,31 mil milhões de euros, acima das expectativas dos analistas de 1,95 mil milhões de euros, de acordo com um consenso compilado pela Vara Research e citado pela Reuters.

Já o HSBC Holdings subiu perto de 3% depois de anunciar uma recompra de ações próprias. O Deutsche Bank, por sua vez, valorizou mais de 5%, depois de ter apresentado resultados recorde num contexto de maior volatilidade nos mercados.

Entre os setores, a banca (+1,12%) e a saúde (+1,17%) lideram os ganhos, enquanto o retalho registou as maiores perdas (-0,46%).

Noutras ações individuais, a petrolífera inglesa BP cedeu mais de 2%, depois de ter reduzido a sua recompra trimestral de ações para 750 milhões de dólares, segundo a Bloomberg, citando que a queda do "cash flow" e o aumento da dívida puseram em causa a resiliência financeira da empresa.

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