Europa pinta-se de vermelho com nova crise política em França à vista
Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados desta terça-feira.
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Europa pinta-se de vermelho. Índices não escaparam à incerteza política em França
Os principais índices europeus fecharam a sessão desta terça-feira com perdas. A incerteza política que se volta a viver em França, menos de um ano depois da queda do anterior Executivo, parece ter-se alastrado aos mercados de ativos de risco do Velho Continente, com as perdas a serem lideradas pelo índice de referência gaulês.
O índice Stoxx 600 - de referência para a Europa – perdeu 0,83% para os 554,20 pontos.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão DAX caiu 0,50%, o espanhol IBEX 35 cedeu 0,96%, o italiano FTSEMIB desvalorizou 1,33%, o francês CAC-40 perdeu 1,70%, o holandês AEX recuou 0,68%. Já o britânico FTSE 100 caiu 0,60%, no mesmo dia em que dados mostraram que os preços dos alimentos no Reino Unido subiram ao ritmo mais rápido desde fevereiro de 2024.
O primeiro-ministro francês disse ontem que iria submeter-se a um voto de confiança no Parlamento já no dia 8 de setembro, à medida que enfrenta resistência política e social referente ao plano orçamental para o ano de 2026. Nesta linha, a aritmética parlamentar aponta para um chumbo da votação, com os partidos de esquerda e a extrema-direita a confirmarem a rejeição da moção de confiança.
Avizinha-se agora mais uma crise política em França, com o segundo Governo a cair no espaço de menos de um ano - o que está a fazer com que os investidores se afastem dos ativos do país.
“Vejo isto como um regresso evidente do prémio de risco sobre os ativos franceses”, disse à Bloomberg Andrea Tueni, do Saxo Banque France. “Neste momento, o mercado está simplesmente a reconhecer o facto de que a França se encontra numa profunda crise política, num contexto económico difícil”, explicou ainda o especialista.
Os mercados bolsistas do Velho Continente têm lutado - até agora sem sucesso - para superar o recorde fixado em março deste ano, à medida que preocupações geopolíticas, comerciais e económicas continuam a pressionar o sentimento dos investidores.
Entre os setores, nenhum valorizou, sendo que a banca (-1,79%) liderou as perdas, seguindo-se os media (-1,64%) e a construção (-1,57%).
Entre os movimentos do mercado, destaque para algumas das cotadas francesas com maior capitalização bolsista, como o BNP Paribas (-4,23%), a Axa (-4,03%), a Vinci (-5,80%), ou o Crédit Agricole (-5,44%). Já o Commerzbank caiu mais de 5% depois de analistas do Bank of America terem cortado a classificação do banco alemão de “neutra” para “abaixo da média”, afirmando que a avaliação da instituição financeira parece exagerada. Por outro lado, a Orsted (+5,75%) recuperou parte das perdas registadas durante o dia de ontem, após ter caído para mínimos históricos depois de a Administração Trump ter ordenado a interrupção da construção de um parque eólico da empresa que já estaria 80% concluído.
Juros das dívidas soberanas europeias caem depois de fortes agravamentos
Depois de fortes agravamentos influenciados pela crise política que se volta a viver em França, os juros das dívidas soberanas da Zona Euro inverteram a recente tendência e fecharam o dia com alívios em toda a linha.
Os juros da dívida portuguesa, com maturidade a dez anos, aliviaram 5 pontos-base, para 3,144%. Em Espanha a "yield" da dívida com o mesmo vencimento caiu igualmente 5 pontos, para 3,318%.
Por sua vez, a rendibilidade da dívida francesa cedeu 1,1 pontos-base para 3,496%, depois de ter atingido o valor mais alto desde abril deste ano. Já os juros das "bunds" alemãs, referência para a região, caíram 3,4 pontos para 2,721%. Desta forma, o prémio de risco da dívida francesa em relação à alemã acabou por diminuir, depois de ter tocado os 77 pontos base, o maior valor desde abril e próximo do pico atingido na crise política do ano passado.
Já fora da Zona Euro, os juros das "gilts" britânicas, também a dez anos, contrariaram a tendência e agravaram-se em 4,9 pontos-base, para 4,738%.
Dólar perde terreno com ameaças à independência da Fed
O dólar segue a desvalorizar, numa altura em que a decisão sem precedentes do Presidente dos Estdos Unidos (EUA), Donald Trump, de “demitir” a governadora da Reserva Federal (Fed) norte-americana Lisa Cook, renovou as preocupações sobre a independência do banco central da maior economia mundial.
O índice do dólar – que mede a força da divisa norte-americana face às principais rivais – cai a esta hora 0,26% para os 98,170 pontos.
O anúncio de Trump surpreendeu os mercados, mas a reação está-se a mostrar relativamente moderada, depois de Cook ter dito que não tenciona demitir-se e que Trump não tem poder para tal. O presidente dos EUA tem criticado repetidamente o presidente da Fed, Jerome Powell, por não baixar as taxas de juro.
Nesta altura, os “traders” estão atualmente a prever uma probabilidade de 86% de um corte nas taxas diretoras na reunião de setembro da Fed.
“As ações imprevisíveis da administração, que minam a confiança nos EUA, juntamente com a perspetiva de uma Fed mais ‘dovish’ no futuro, estão a manter o dólar ‘em cheque’”, disse à Reuters Uto Shinohara, da Mesirow Currency Management.
A esta hora a “nota verde” desvaloriza 0,26% para os 147,420 ienes.
Por cá, as preocupações económicas, políticas e fiscais persistem, depois de o primeiro-ministro francês ter dito que irá submeter-se a um voto de confiança no Parlamento do país já no próximo dia 8 de setembro, o que está a impactar a negociação do euro.
A moeda única valoriza 0,32% para os 1,166 dólares. Já a libra avança 0,21% para os 1,1348 dólares.
Petróleo recua mais de 1%. "Traders" atentos a novas tarifas sobre a Índia
Os preços do petróleo seguem a cair esta tarde, invertendo a tendência de ganhos dos últimos quatro dias, com os investidores atentos a novos desenvolvimentos comerciais que poderão influenciar a oferta de crude.
O West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os EUA – perde a esta hora 1,16% para os 64,05 dólares por barril. Já o Brent – de referência para o continente europeu – segue a desvalorizar 1,02% para os 68,10 dólares por barril.
A queda dos preços do petróleo reflete o sentimento de aversão ao risco que se tem vindo a registar nos mercados em geral. O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (EUA) emitiu um aviso na segunda-feira para duplicar as tarifas sobre todas as importações indianas, com a maior economia mundial a querer penalizar Nova Deli pelas compras contínuas de “ouro negro” produzido na Rússia.
A medida — que deverá entrar em vigor na quarta-feira — é vista igualmente como parte dos esforços de Trump para mediar a paz entre a Rússia e a Ucrânia.
O crude tem negociado num curto intervalo de preços durante a maior parte do mês de agosto, com os "traders" a avaliarem o impacto das tarifas dos EUA sobre os seus parceiros comerciais, bem como as consequências a longo prazo de uma série de aumentos significativos no fornecimento da Organização para os Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+).
A Agência Internacional de Energia alertou no início deste mês que o mercado global de petróleo estava a caminho de um excedente recorde no próximo ano, enquanto o crescimento da procura desacelera e a oferta aumenta.
Ouro valoriza com dólar mais fraco e incerteza política
O ouro segue a negociar com ganhos que estão a ser alimentados pela incerteza que se pinta em torno da independência do banco central norte-americano, depois de Trump ter ameaçado despedir a governadora Lisa Cook. Também um dólar mais fraco segue a apoiar o avanço do metal amarelo.
O ouro ganha agora 0,29%, para os 3.375,590 dólares por onça.
O dólar segue a ceder em relação à maioria das suas principais rivais, embora tenha, entretanto, reduzido algumas das suas perdas, depois de Lisa Cook ter dito que o Presidente norte-americano não tem autoridade para demiti-la e prometeu não renunciar ao cargo de governadora da Fed, que ocupa até 2038.
As ameaças de Trump são a mais recente tentativa do republicano de pressionar a liderança da Fed, à qual tem apelado repetidamente — sem sucesso — para baixar as taxas de juro.
O banco central manteve, em 2025, a política monetária inalterada, entre preocupações de que as tarifas de Trump possam alimentar a inflação, embora na passada sexta-feira o presidente da Fed, Jerome Powell, tenha sinalizado uma possível flexibilização dos juros diretores em setembro. Nesta linha, as taxas mais baixas tendem a beneficiar o ouro, que não rende juros. E os investidores continuam a apostar que os decisores do banco central irão avançar com um corte dos juros de referência já em setembro.
Wall Street negoceia com perdas contidas. Independência da Fed e incerteza comercial centram atenções
Os principais índices do lado de lá do Atlântico negoceiam esta terça-feira com perdas, à medida que os investidores procuram por novos catalisadores para suportar os recentes recordes. Além disso, as ameaças de Donald Trump a uma governadora da Reserva Federal (Fed) estão a pressionar o sentimento dos investidores a esta hora, depois de o republicano ter posto novamente em causa a independência do banco central do país.
O S&P 500 desvaloriza 0,05% para os 6.436,16, o tecnológico Nasdaq Composite perde 0,04% para os 21.439,92 e o Dow Jones recua 0,06% para 45.253,40 pontos.
O apetite pelos ativos de risco sofreu mais um golpe depois de o Presidente norte-americano ter alimentado a incerteza no plano comercial, ao ameaçar novas tarifas e restrições à exportação de tecnologia avançada e semicondutores, medida que diz ser uma retaliação aos impostos sobre serviços digitais aplicados por outros países e regiões.
Wall Street já vinha a negociar sob pressão depois de o otimismo que se seguiu ao discurso do presidente da Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole, ter diminuído na segunda-feira. As dúvidas sobre o ritmo da flexibilização da política monetária na maior economia mundial persistem antes da divulgação do relatório sobre a inflação conhecido no final desta semana.
“Se a Fed vier a ceder à pressão do Governo e reduzir as taxas prematuramente para apaziguar a Casa Branca, corre-se o risco de a inflação se tornar mais enraizada”, disse à Bloomberg Tom Essaye, da empresa The Sevens Report.
Para a Fed, os “swaps” implicam uma probabilidade de cerca de 80% de se vir a assistir a um corte de 25 pontos-base nos juros diretores já no próximo mês, com pelo menos mais um corte esperado até o final do ano.
Nesta linha, forçar a saída da governadora da Fed Lisa Cook daria a Trump a oportunidade de garantir uma maioria de quatro pessoas no Conselho de Governadores da Fed, composto por sete membros.
Isto depois de o Presidente norte-americano ter dito que tinha “motivos suficientes” para demitir Cook. A governadora, por sua vez, referiu que Trump não tem autoridade para demiti-la e que a própria não tenciona abandonar o cargo.
“Os investidores em obrigações não estão satisfeitos com a forma como Trump continua a interferir na Fed e a ameaçar a sua independência”, escreveu à agência de notícias financeiras Russ Mould, diretor de investimentos da AJ Bell. A decisão de destituir Cook “vai alimentar especulações de que o presidente dos EUA vai pressionar [a Fed] para que seja nomeado um governador substituto mais alinhado com a sua forma de pensar”, acrescentou o especialista.
A par dos dados económicos que serão divulgados ao longo da semana, os investidores irão estar focados na apresentação de resultados da gigante Nvidia, marcada para esta quarta-feira, 27 de agosto, numa altura em que Wall Street parece estar à procura de novos catalisadores.
Entre os movimentos, a Echostar segue a disparar mais de 75%, depois de a AT&T ter anunciado esta terça-feira um acordo para adquirir licenças de espectro da empresa num negócio avaliado em cerca de 23 mil milhões de dólares, uma transação que vai reforçar a sua rede sem fios e de fibra nos Estados Unidos.
Entre as “big tech”, a Nvidia avança 0,072%, a Alphabet cai 0,72%, a Microsoft ganha 0,012%, a Meta cai 0,36%, a Apple cede 0,50% e a Amazon recua 0,21%.
Euribor sobe a três e a 12 meses e recua no prazo intermédio
A taxa Euribor subiu esta terça-feira a três e a 12 meses em relação a segunda-feira, mas recuou a seis meses, mantendo-se acima de 2% nos três prazos.
Com as alterações desta terça-feira, a taxa a três meses, que avançou para 2,022%, manteve-se abaixo das taxas a seis (2,064%) e a 12 meses (2,116%).
A taxa Euribor a seis meses, que em janeiro do ano passado passou a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, desceu 0,006 pontos, para 2,064%, contra 2,070% na segunda-feira.
Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a junho indicam que a Euribor a seis meses representava 37,74% do 'stock' de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável.
Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,28% e 25,58%, respetivamente.
Já a taxa a três meses subiu 0,001 pontos, para 2,022%, e a Euribor a 12 meses também aumentou, 0,003%, para 2,116%.
Na última reunião de política monetária, em 24 de julho, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas diretoras, como antecipado pelos mercados e depois de oito reduções das mesmas desde que a entidade iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024.
Enquanto alguns analistas antecipam a manutenção das taxas diretoras pelo menos até ao final deste ano, outros preveem um novo corte, de 25 pontos base, em setembro.
A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 10 e 11 de setembro em Frankfurt.
Em julho, as médias mensais da Euribor inverteram a tendência dos últimos meses e subiram ligeiramente nos dois prazos mais curtos, mas de forma mais acentuada a seis meses.
A média da Euribor em julho subiu 0,002 pontos para 1,986% a três meses e 0,005 pontos para 2,055% a seis meses.
Já a 12 meses, depois de se ter mantido em junho, a média da Euribor desceu ligeiramente em julho, designadamente 0,002 pontos para 2,079%.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
França sob pressão com moção de confiança de Bayrou. CAC-40 cai mais de 2%
A moção de confiança apresentada pelo primeiro-ministro francês, François Bayrou, não está a dar descanso aos mercados europeus - principalmente a Paris, que está a desvalorizar mais de 2% esta manhã. Os principais índices europeus estão a negociar em território negativo, numa sessão marcada ainda pela nova investida de Donald Trump, presidente dos EUA, contra o banco central do país, que está a afastar os investidores de ativos de risco por todo o mundo.
A esta hora, o Stoxx 600, "benchmark" para a negociação europeia, recua 0,83% para 554,20 pontos, enquanto o francês CAC-40 cede 2,10% para 7.677,97 pontos. A banca é o setor que regista o pior desempenho esta manhã, desvalorizando mais de 2%, com o Commerzbank a liderar as perdas setoriais (cai cerca de 6%), depois de os analistas do Bank of America terem revisto em baixa a recomendação da instituição financeira alemã.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro francês decidiu avançar com uma moção de confiança ao Governo já para dia 8 de setembro. O objetivo é forçar a oposição a tomar uma posição sobre as propostas orçamentais já apresentadas pelo Executivo que lidera e que preveem cortes de 44 mil milhões de euros para reduzir o endividamento do país. No entanto, o mais provável é que este voto leve à queda do Governo gaulês, com a extrema-direita e o bloco de esquerda na Assembleia Nacional a prometerem chumbar a moção.
França encaminha-se assim para uma nova crise política, isto depois de o anterior Executivo, liderado por Michel Barnier, ter colapsado após um processo atribulado no Orçamento do Estado para 2025. Caso a moção seja reprovada, o Presidente Emmanuel Macron tem três caminhos possíveis: nomear Bayrou novamente como primeiro-ministro, escolher um novo nome ou levar o país, mais uma vez, a eleições legislativas.
"Tem havido muita complacência nos mercados em relação à situação orçamental em França", começa por explicar Vincent Juvyns, estratega-chefe de investimentos do ING, à Bloomberg. "O que já está claro é que, de uma forma ou de outra, as 'blue chips' [as cotadas mais valiosas] do CAC-40 serão chamadas a contribuir ainda mais, o que pesará sobre o índice", conclui.
Entre as principais movimentações de mercado, a Orsted recupera 3,35% para 185,10 coroas dinamarquesas, depois de as ações da empresa de energia renovável terem caído mais de 16% na sessão anterior, atingindo mínimos históricos.
Nos resultados por praças, Frankfurt desvaloriza 0,52%, Madrid cai 0,88%, Londres cede 0,70%, enquanto Amesterdão desliza 0,18% e Milão perde 1,19%.
Juros aliviam na Zona Euro após disparo na sessão anterior
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a corrigir dos ganhos avultados de segunda-feira, num dia marcado pela aversão ao risco dos investidores, depois de o primeiro-ministro francês ter decidido apresentar um voto de confiança ao Parlamento e Donald Trump ter avançado com uma nova investida contra a independência do banco central norte-americano.
Com o chumbo garantido pela extrema-direita e pelo bloco de esquerda da Assembleia Nacional francesa, a moção de confiança de François Bayrou pode fazer cair o atual Governo e atirar o país para uma crise política. A oposição tem criticado o projeto de orçamento do Estado para o próximo ano, que prevê cortes que podem chegar aos 44 mil milhões de euros - algo essencial para o primeiro-ministro, uma vez que considera que França está "à beira do excesso de endividamento" e é necessário "controlar as finanças públicas".
Neste contexto, e apesar de os mercados estarem a procurar refúgio em ativos seguros, os juros da dívida francesa a dez anos estão a aliviar apenas 0,3 pontos base para 3,504% - um valor diminuto comparado com o recuo de 3,1 pontos para 2,723% registado pelo cupão das "Bunds" alemãs com a mesma maturidade, que servem de referência para a região. Na sessão anterior, os juros da dívida francesa dispararam 8,9 pontos para 3,507%, o valor mais alto desde abril deste ano.
Por Itália, a "yield" das obrigações a dez anos cede 1,1 pontos base para 3,582%, enquanto na Península Ibérica os juros da dívida portuguesa e espanhola cedem 3,3 e 3,1 pontos para 3,161% e 3,337%, respetivamente.
Fora da Zona Euro, o cupão das "Gilts" britânicas também a dez anos avançam 5 pontos base para 4,740%, enquanto o das "Tresuries" norte-americanas avançam 1,9 pontos base para 4,295%.
Investida de Trump contra a independência da Fed destabiliza mercado cambial
O dólar está a registar uma sessão extremamente volátil esta terça-feira, isto depois de Donald Trump ter avançado com uma nova investida à independência do banco central norte-americano. O Presidente dos EUA decidiu despedir a governadora da Fed Lisa Cook das suas funções, acusando a economista de fraude com a obtenção de dois créditos à habitação. Numa resposta que não tardou a chegar, Cook bateu o pé e disse que não iria abandonar o cargo, até porque o republicano "não tem autoridade" para a despedir, segundo a própria.
Numa primeira reação à tentativa de despedimento, o dólar chegou a cair 0,40% contra os seus principais rivais, mas a insistência de Cook de continuar em funções deu algum alívio aos investidores. O índice do dólar - que mede a força da "nota verde" face a divisas concorrentes - está, agora, a desvalorizar apenas 0,07%.
"Os mercados não estão em pânico, mas estão a recalibrar-se. Parece mais provável que haja cortes nas taxas de juro após a [tentativa de] demissão de Cook", começa por explicar Charu Chanana, estratega-chefe de investimentos do Saxo Bank, à Reuters. "Mas não se trata apenas de cortes nas taxas de juro, trata-se da independência da Fed e dos crescentes riscos institucionais nos EUA", acrescenta.
O mais recente desenvolvimento no braço de ferro entre Washington e o banco central está a eclipsar as preocupações dos investidores com a moção de confiança apresentada pelo primeiro-ministro francês - pelo menos, no mercado cambial. Depois de na sessão anterior o euro ter reagido com perdas substanciais face ao dólar, com os mercados a anteciparem mais uma crise política na Europa, a moeda comum europeia está a conseguir recuperar algum terreno perdido, ao avançar 0,04% contra a moeda norte-americana, atingindo os 1,1623 dólares.
Ouro atinge máximos de duas semanas após Trump "despedir" governadora da Fed
O ouro atingiu máximos de duas semanas esta terça-feira, impulsionado por um dólar em queda e por uma procura por refúgio por parte dos investidores, num dia marcado pela reação dos mercados à nova investida de Donald Trump contra a Reserva Federal (Fed) norte-americana.
O Presidente dos EUA decidiu despedir "com efeitos imediatos" a governadora do banco central Lisa Cook, citando as acusações de fraude lançadas pelo diretor da Agência Federal de Finanças da Habitação dos EUA (FHFA), Bill Pulte, contra a economista. A resposta não tardou e Cook já afirmou que não vai abandonar o cargo, sublinhando que Trump "não tem autoridade" para a despedir. No entanto, o braço de ferro entre Washington e a Fed está a ser suficiente para deixar os mercados nervosos.
Neste contexto, o ouro avança 0,35% para 3.377,81 dólares por onça, tendo chegado a tocar no valor mais elevado desde 11 de agosto esta segunda-feira. "Trump deixou os investidores um pouco nervosos mais uma vez com os seus comentários sobre Cook, o que resultou num aumento nos fluxos de ouro como refúgio", afirmou o analista de mercados da KCM Trade, Tim Waterer, à Reuters. O analista considera que Trump está a tentar substituir Cook por um nome mais "dovish" (apoiante de flexibilização monetária) no banco central, numa altura em que tem pressionado incessantemente a Fed a cortar nas taxas de juro.
Tanto a depreciação do dólar como o alívio no cupão das "Treasuries" norte-americanas tendem a beneficiar o ouro, uma vez que o metal precioso não rende juros e a sua compra fica mais barata no mercado internacional. Na sexta-feira, Jerome Powell, presidente da Fed, já tinha indicado a necessidade do banco central proceder com um "ajuste" da sua política monetária, numa altura em que crescem os riscos sobre a inflação e o mercado laboral dá sinais de enfraquecimento.
Os mercados antecipam agora a divulgação dos dados da inflação referentes a agosto. O índice de preços das despesas pessoais de consumo, o indicador favorito da Fed para medir a inflação, vai ser conhecido na sexta-feira e, apesar de já se antecipar um aceleramento para valores de 2023, os investidores vão estar a avaliar o espaço de manobra que sobra ao banco central para cortar nos juros.
Petróleo em queda com investidores à procura de novos catalisadores
Após quatro sessões consecutivas de ganhos, o barril de petróleo está a negociar em território negativo esta manhã, numa altura em que os investidores procuram sinais claros em torno dos "stocks" de crude norte-americanos e mundiais. A matéria-prima está ainda a acompanhar uma tendência global de aversão ao risco, isto depois de Donald Trump, Presidente dos EUA, ter decidido despedir Lisa Cook, governadora da Reserva Federal (Fed), do seu cargo - uma decisão que Cook já disse que não ia acatar.
Com as reações a um novo braço de ferro entre Washington e o banco central a ocupar os mercados, o West Texas Intermediate (WTI), de referência para os EUA, desvaloriza 0,62% para 64,40 dólares por barril, enquanto o barril de Brent, de referência para a Europa, recua 0,57% para 68,41 dólares. Os dois "benchmarks" encerraram a sessão anterior com ganhos avultados, impulsionados por receios de interrupções no fornecimento russo devido a novos ataques ucranianos contra infraestruturas energéticas e à possibilidade de mais sanções por parte dos EUA.
Na segunda-feira, o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos emitiu uma nota que prevê a duplicação das tarifas sobre todas as importações indianas, com o objetivo de penalizar o país asiático por comprar petróleo à Rússia. A medida deve entrar em vigor já na quarta-feira e constituiu uma forma da Casa Branca pressionar Moscovo e os seus aliados para alcançar um acordo de paz com a Ucrânia.
"Se avançarmos com a duplicação das tarifas às importações indianas, o mercado vai voltar a questionar os fluxos russos e poderá assistir-se a um novo teste a curto prazo para os 70 dólares" por barril, explicou Robert Rennie, diretor de investigação da Westpac Banking Corp, à Bloomberg. O governo indiano já apelidou estas tarifas como "injustas", mas Trump continua a pressionar os aliados comerciais russos com sanções, caso não existam avanços significativos na resolução do conflito com Kiev.
Ameaças de Trump à China arrastam Ásia para o vermelho. Europa aponta para perdas
Os principais índices asiáticos encerraram a sessão desta terça-feira maioritariamente em território negativo, num dia que está a ser marcado pela reação dos investidores à decisão de Donald Trump de remover Lisa Cook, governadora da Reserva Federal (Fed) norte-americana, da sua posição e ainda por uma escalada na retórica comercial por parte do Presidente dos EUA. Pela Europa, a negociação de futuros aponta para uma abertura no vermelho, com França em destaque, depois de o primeiro-ministro, François Bayrou. ter decidido agendar um voto de confiança no atual governo.
Numa nova investida contra a China, e apesar da trégua temporária acordada entre as duas maiores economias do mundo, Trump voltou a ameaçar Pequim com "tarifas de 200% ou algo assim", caso o país decida interromper ou diminuir a exportação de ímanes de terras raras para os EUA. A intimidação do republicano acontece numa altura em que as exportações destes minerais estratégicos da China para território norte-americano dispararam 660% em junho, numa análise em cadeia, atingindo níveis que não eram vistos desde abril deste ano - mês em que Pequim decidiu colocar obstáculos às exportações de terras raras.
Neste contexto, os chineses Hang Seng, de Hong Kong, e Shanghai Composite encerraram a sessão em território negativo, com perdas de 0,50% e de 0,14%. Já o CSI 300 - "benchmark" para a negociação continental do país - enfrentou grande volatilidade, passando uma boa parte do dia no verde, mas acabou por sucumbir às ameaças de Trump e a uma tendência de desvalorização das ações mundiais. O índice encerrou a sessão com perdas de 0,08%.
No radar dos investidores esteve ainda a reunião entre o Presidente norte-americano e o seu homólogo sul-coreano, Lee Jae-myung. Os dois líderes estiveram a discutir os detalhes do acordo comercial anunciado em julho e que estipulou uma tarifa de 15% para todas as importações da Coreia do Sul por parte dos EUA. Sem grandes detalhes a nível comercial a saírem do encontro, o sul-coreano Kospi terminou a negociação a ceder 0,99%.
Entre as restantes principais praças asiáticas, os japoneses Topix e Nikkei 225 encerraram a sessão com perdas de 0,95% e de 0,91%, enquanto, pela Austrália, o S&P/ASX 200 caiu 0,41%. Já na Índia, o Nifty 50 registou um decréscimo de 0,77%.
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