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Ainda não foi desta que a Grécia saiu do "lixo". Fitch opta pelo status quo

A agência de notação financeira manteve a classificação da dívida soberana helénica a apenas um nível da categoria de investimento de qualidade.

EPA
09 de Junho de 2023 às 22:52

A agência Fitch decidiu manter o "rating" da dívida soberana da Grécia em BB+, que corresponde ao primeiro nível do grau de investimento especulativo – o chamado "lixo". Se tivesse procedido a um "upgrade", hoje seria o dia em que a dívida helénica regressaria ao patamar de investimento de qualidade.

Em janeiro passado, a Fitch elevou a classificação da Grécia para o atual nível de BB+, mas desceu o "outlook" (perspetiva para a evolução da qualidade do crédito) de positivo para estável. Ainda assim, havia a possibilidade de ser hoje o dia em que recuperaria o estatudo de qualidade, perdido há mais de 12 anos.

A dívida soberana grega está classificada como "lixo" pelas quatro principais agências de "rating". A S&P e a DBRS também atribuem BB+, estando assim a apenas um nível de sair do grau especulativo também junto destas duas agências. Já a Moody’s dá uma nota de Ba3, que corresponde ao terceiro nível de "lixo".

A Moody’s tem sido a agência mais conservadora na retirada da notação de grau especulativo depois da grande crise do "subprime" (concessão de créditos hipotecários a clientes com fraca capacidade creditícia) que teve início nos EUA em 2007 e que se alastrou a todo o mundo. No caso de Portugal, foi a primeira agência a colocar a notação da dívida da República na categoria especulativa e a última a retirá-la desse patamar. 

A S&P foi a primeira das três grandes agências – as chamadas três irmãs – a recolocar a dívida portuguesa no grau de investimento de qualidade. Fê-lo em setembro de 2017, atribuindo-lhe um BBB (dois níveis acima de "lixo"). Seguiu-se em dezembro a Fitch, colocando Portugal no mesmo grau, e a Moody´s só o fez em outubro de 2018. Esperou, por isso, mais um ano até se decidir por uma melhoria.

No caso da Grécia, o facto de a Fitch ter publicado no passado dia 10 de maio um relatório otimisma sobre o Programa de Estabilidade helénico, reconhecendo a melhoria das finanças públicas do país, levou a que se acreditasse que hoje poderia ser o dia em que a sua dívida deixaria de ser considerada "lixo". No entanto, os analistas do Société Générale já apontavam para a possibilidade de hoje ficar tudo na mesma.

"Os ‘ratings’ atribuídos pelas agências à Grécia têm vindo a ser rapidamente melhorados desde 2016. O único obstáculo a um novo ‘upgrade’ parece ser a incerteza política, isto é, se a mudança das políticas públicas levar a uma suspensão das reformas estruturais e do financiamento por via do NextGenerationEU, a tendência de redução do rácio da dívida pública face ao PIB prevista para 2023-2025 poderá não se materializar", sublinharam os analistas do banco francês.

A Fitch, no seu relatório divulgado esta noite, explica que reviu em alta a estimativa de crescimento do PIB grego, para 2,3% em 2023 (contra 0,9%), mas que continua a prever que o consumo das famílias abrande consideravelmente este ano, "refletindo o impacto da inflação e da menor procura por crédito".

"Em contrapartida, o crescimento do investimento continuará sólido, devido à absorção de fundos nos termos do Programa de Recuperação e Resiliência, ao passo que setores como o turismo continuarão a sustentar as exportações", aponta.

Ainda assim, a agência refere que a robustez de alguns indicadores ainda se debate com o legado da crise da dívida, que inclui grandes volumes de dívida pública e externa, bem como um baixo potencial de crescimento no médio prazo e vulnerabilidades no setor bancário.

Por tudo isto, a Fitch decidiu optar pela prudência e ainda não foi desta que a Grécia saiu do lixo. Talvez isso aconteça na próxima data que tem agendada para se pronunciar sobre a dívida helénica, a 1 de dezembro. Mas, antes disso, há a possibilidade de a S&P ou a DBRS se decidirem por esse caminho nas suas próximas avaliações.

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