Notícia
Portugal à espera de melhor rating da Fitch
Tudo aponta para que a Fitch anuncie hoje uma melhoria da qualidade da dívida soberana portuguesa. Em maio, ao melhorar a perspetiva, deixou no ar a possibilidade de um BBB+ para esta altura. Mas até pode subir em mais do que um nível.
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"Penso que pode ser possível haver um ‘upgrade’. Os custos de financiamento estão bastante baixos e há muito mais estabilidade política em Portugal do que em Espanha e em Itália", comentou ao Negócios o analista-chefe do departamento de mercados do Danske Bank, Jens Peter Sørensen.
Desde então, essa tendência prosseguiu e os juros da dívida nacional têm estado a negociar abaixo dos juros espanhóis desde meados de outubro, o que pode significar que os investidores veem atualmente menos risco na dívida portuguesa do que na espanhola.
E para o Danske Bank, as obrigações de Portugal estão mesmo entre as preferidas. "Continuamos a gostar de recomendar aos nossos clientes a compra de dívida portuguesa, que também conta com um sólido apoio do programa de flexibilização quantitativa do Banco Cental Europeu", comentou Sørensen. Por isso, "quando a nova época de emissão de dívida arrancar, em janeiro, Portugal será um dos investimentos de eleição", acrescentou o analista.
O esperado BBB+
A Standard & Poor’s foi a primeira das três grandes agências a tirar Portugal do "lixo", em setembro de 2017. A Fitch fê-lo três meses depois e a Moody’s só tomou a mesma decisão em outubro de 2018.
Neste momento, a S&P e a Fitch têm a dívida de longo prazo de Portugal no penúltimo nível da categoria de investimento de qualidade – ou seja, dois graus acima de "junk" (categoria de investimento especulativo): BBB.
Já a Moody’s coloca Portugal no último nível de investimento de qualidade, tendo em agosto elevado o "outlook" mas mantido a notação, à espera do governo que iria sair das legislativas para avaliar se irá manter-se a trajetória de descida da dívida pública.
[da avaliação] da dívida
de Portugal por parte da Fitch.
Continuamos a gostar de recomendar
aos nossos clientes a compra de dívida portuguesa. Jens Peter Sørensen
Analista-chefe do departamento
de mercados do Danske Bank
A canadiana DBRS também tinha a classificação da dívida da República no penúltimo grau, mas no passado dia 4 de outubro, a dois dias das eleições, deu novo voto de confiança ao país, subindo o rating de Portugal para o nível mais elevado em oito anos, no terceiro nível acima de "lixo".
Agora, se a Fitch melhorar a notação de Portugal em um nível, para BBB+, passa a dar ao país a mesma classificação que a DBRS. A agência pode até optar por elevar o rating numa proporção maior.
Esta é a última avaliação calendarizada para 2019, não estando ainda disponíveis as datas do próximo ano.
Desde 2014, com a introdução de novas regras – por parte da Autoridade Europeia dos Mercados e Valores Mobiliários (ESMA, na sigla em inglês) – para as agências que atribuem notas às dívidas soberanas da Europa, passou a ser proibido lançar comentários sobre a notação de países durante o horário de funcionamento dos mercados. As agências passaram a poder fazê-lo apenas à sexta-feira, após o fecho das bolsas norte-americanas. Ou seja, esta sexta-feira só há relatório da Fitch a partir das 21:00 de Lisboa.
O que pode fazer subir ou descer a notação da dívida
Há fatores-chave que pesam na decisão de uma agência de rating na hora de dar uma nota melhor, igual ou pior à qualidade da dívida de um país.
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Consolidação orçamental
Em maio, a Fitch elogiou o processo de consolidação orçamental de Portugal, dizendo que se traduzia em excedentes primários sustentados que estavam a contribuir para a diminuição do rácio da dívida pública sobre o PIB.
Menor dívida pública
A trajetória de redução do rácio da dívida pública sobre o PIB é outro dos aspetos fundamentais aquando da avaliação das obrigações soberanas.
Melhoria do setor financeiro
A melhoria das condições no setor financeiro, nomeadamente a diminuição do crédito malparado na banca, é preponderante.
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Choques externos
A Fitch frisava, em maio, que "a economia altamente aberta de Portugal deixa o país vulnerável a choques externos". O que, em caso de forte exposição a um contexto negativo, pode retirar otimismo.
Menor Crescimento
O impacto em Portugal do fraco crescimento da Zona Euro levou as contas correntes para um défice de 0,6% do PIB em 2018, depois de 5 anos de excedentes modestos. O crescimento do PIB tem um peso relevante na nota.
Instabilidade laboral
Se o mercado de trabalho se deteriorar, haverá pressão na classificação da dívida. O mesmo acontece com uma queda das exportações.