Tesouro vende 3 mil milhões em dívida a 20 anos com yield de 1,2%. Procura supera os 20 mil milhões
Esta é a primeira operação de colocação de obrigações do Tesouro do país em 2022. Acontece, no entanto, numa altura de agravamento generalizado dos juros por toda a zona euro.
Portugal emitiu três mil milhões de euros em obrigações do Tesouro (OT) a 20 anos, numa venda sindicada que decorreu esta quarta-feira. Após a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP ter contratado um sindicato bancário, a operação ficou fechada com um juro próximo de 1,2%.
De acordo com dados a que a Bloomberg teve acesso, o prémio foi de 60 pontos base face à taxa mid-swap do euro a 20 anos, que negoceia esta quarta-feira nos 0,62%. Assim, a yield fixou-se em 1,22%.
Esta taxa pedida pelos investidores baixou ligeiramente (em um ponto base) em relação ao guidance das primeiras ordens com a ajuda da robustez da procura. Os livros superam os 20 mil milhões, ou seja, a procura foi 6,7 vezes superior à oferta.
Em mercado secundário, a dívida portuguesa com esta maturidade negoceia com uma yield de 0,893%, a aliviar ligeiramente, em contraciclo com os restantes prazos.
O IGCP mandatou o BNP Paribas, o Credit Agricole CIB, o Morgan Stanley, o J.P. Morgan, o Nomura e o NovoBanco enquanto "joint lead managers" para a emissão de OT com maturidade em abril de 2042. A agência liderada por Cristina Casalinho tem vindo a optar, nos últimos anos, por iniciar o ano com uma venda sindicada, ou seja, uma operação em que há um sindicato de bancos que garante a tomada. O custo é mais elevado, mas permite ao país garantir à cabeça uma maior parte do financiamento necessário para o ano. Não foi o caso em 2021, em que a agência liderada por Cristina Casalinho começou o ano com leilões mais pequenos, mas acabaria por recorrer mais tarde a este tipo de operação.
O custo é mais elevado, mas permite ao país garantir à cabeça uma maior parte do financiamento necessário para o ano. Não foi o caso em 2021, em que a agência liderada por Cristina Casalinho começou o ano com leilões mais pequenos, mas acabaria por recorrer mais tarde a este tipo de operação.
Agora volta a fazê-lo, tal como era a expectativa dos analistas consultados pelo Negócios. A procura não deverá ser um problema para o país, apesar de já ser expectável que um agravamento das "yields" face a anteriores colocações, em linha com a tendência de agravamento que se vive no mercado, devido à expectativa de retirada de estímulos pelos bancos centrais e à elevada inflação.
Portugal chegou a financiar-se a 10 anos com juros negativos, como resultado da recuperação da confiança dos mercados no país após a crise da dívida soberana, mas principalmente graças aos mega-programas de compra de dívida do Banco Central Europeu (BCE).
Em 2021, o custo médio de financiamento da nova dívida foi de 0,6% (em 2020 tinha sido 0,5%), o que fica muito abaixo do pico de 5,8% em 2011.
(Notícia atualizada às 12h20 com dados finais da operação)
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