Portugal paga juro de 3,375% por 3 mil milhões em dívida a 15 anos
A agência que gere a dívida pública diz ter aproveitado uma "janela clara" no mercado para realizar a segunda venda sindicada deste ano. A procura foi 5,3 vezes superior à oferta.
Portugal esteve esta quarta-feira no mercado a emitir três mil milhões de euros em obrigações do Tesouro (OT) através de uma venda sindicada de dívida a 15 anos, ou seja, que atinge a maturidade a 15 de junho de 2040. O juro acabou por baixar face à abertura dos livros de ordens, tendo ficado nos 3,375%.
"A República Portuguesa A3 (Estável)/ A (Positivo)/ A- (Positivo)/ AH (Estável)/ A (Estável) regressou ao mercado de dívida de médio e longo prazo com uma emissão sindicada de 3 mil milhões de euros do novo benchmark a 15 anos a OT 3,375% com maturidade a 15 de junho de 2040", indica a Agência de Gestão de Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, em comunicado.
De acordo com os números da Bloomberg, na abertura dos livros de ordens o cupão rondava os 3,52%, o que representa um prémio de 93 pontos base face à taxa "mid swap" do euro a 15 anos, nos 2,59%. O prémio acabou, no entanto, por ser revisto em baixa ao longo da operação, tendo ficado em 92 pontos, o que o Tesouro atribui à procura por dívida nacional.
"Apesar de uma semana movimentada no mercado primário de dívida europeia, a transação beneficiou de uma forte procura e foi subscrita 5,3 vezes acima da oferta, com uma carteira de ordens final superior a 15,8 mil milhões de euros", indica a agência liderada por Pedro Cabeços, apontando para um total de 140 ordens.
Em termos geográficos, a distribuição contou com uma grande participação de investidores europeus (88,7%). Por tipo de investidor, a procura proveio predominantemente de gestores de fundos e de bancos, bancos centrais e instituições oficiais. O sindicato bancário incluiu o BBVA, Deutsche Bank, Goldman Sachs, JPMorgan, Novo Banco e Santander.
Mais de metade do financiamento está garantido
"Esta forte procura permitiu à República emitir confortavelmente 3.000 milhões de euros e estabelecer um novo ponto de referência de liquidez a 15 anos na curva de obrigações do Tesouro portuguesas", refere o IGCP sobre a abertura desta linha que é o novo "benchmark" para esta maturidade. Em mercado secundário, a "yield" com este prazo alivou esta quarta-feira em 0,8 pontos-base para 3,303%.
Uma venda sindicada é habitualmente mais cara do que um leilão dado o formato da operação, mas permite ao país captar montantes mais elevados de financiamento.
Esta é a segunda vez que Portugal vai ao mercado este ano com uma venda sindicada de dívida. Logo em janeiro o IGCP emitiu quatro mil milhões de euros em obrigações soberanas a 10 anos e pagou um juro de 3,08%. A procura ficou mais de seis vezes acima da oferta.
Segundo o IGCP, com esta venda sindicada, a República Portuguesa já executou cerca de 10,9 mil milhões de euros de emissões de OT, o que representa cerca de 53% do seu programa de financiamento de 20,5 mil milhões de euros para 2025. "Uma vez mais, o IGCP mostrou-se recetivo às condições de mercado prevalecentes, aproveitando uma janela de emissão clara, na sequência de um cenário estável no mercado de obrigações do Tesouro do Euro, num contexto de maior volatilidade global", acrescenta o comunicado.
(Notícia atualizada às 17:40 horas)
Mais lidas