Que fatores podem levar a uma alteração do “rating” da República?
A S&P vai continuar atenta a indicadores como o nível da dívida pública, o desempenho do setor do turismo, a qualidade dos ativos da banca, a robustez institucional, a prudência nas finanças públicas e o apoio monetário e orçamental proveniente da União Europeia.
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Apoios comunitários O dinheiro proveniente da bazuca europeia deverá ajudar Portugal a compensar o choque nas suas finanças públicas, dizia a S&P há um ano. Este é um fator de sustentação, no entender da agência. O país vai receber quase 64 mil milhões de euros da UE até 2029. Perspetivas de crescimento Apesar de a retoma em setores-chave mais virados para o exterior, como o turismo, estar a ser lenta, ainda longe dos níveis pré-pandemia, as perspetivas de crescimento do país têm vindo a melhorar, muito à conta do gradual regresso à “normalidade” decorrente do processo de vacinação contra a covid. A manter-se esta tendência, a S&P aplaudirá. Há um ano, a agência referiu que se a economia portuguesa recuperasse, levando a uma substancial melhoria das finanças públicas, então a notação poderia ser alvo de “upgrade”. Endividamento soberano O rácio da dívida em percentagem do PIB – que é um dos principais indicadores para aferir a sustentabilidade das finanças públicas – é uma métrica sempre em cima da mesa. No caso de se manter elevado, será um fator que pode pressionar a classificação do país. Mas se a trajetória for descendente, será mais um ponto a favor da avaliação do crédito português. De acordo com os dados mais recentes, no segundo trimestre situou-se em 132,8% do PIB, menos 4,3 pontos percentuais do que no primeiro trimestre, devido aos efeitos da reabertura gradual da economia. O Governo prevê terminar o ano com um rácio de dívida pública nos 128% do produto interno bruto, uma diminuição de 5,6 pontos percentuais face a 2020. Malparado na banca As moratórias no pagamento de crédito, concedido a empresas e famílias no âmbito das medidas de resposta à crise provocada pela pandemia de covid-19, terminam a 30 de setembro. E com isso pode dar-se um aumento do crédito malparado nos balanços dos bancos. Uma eventual deterioração da qualidade dos ativos da banca seria uma “red flag”. Mas o governador do Banco de Portugal mostra-se tranquilo. “A economia portuguesa tem demonstrado resiliência e a sinistralidade nos créditos que entretanto já deixaram de estar abrangidos pelo regime de moratórias não é particularmente gravosa”, afirmou Mário Centeno no início deste mês. Robustez Institucional Em setembro do ano passado, a S&P sublinhava que um dos fatores que contribuiriam para se decidir por uma subida da classificação de Portugal era o da melhoria da avaliação das instituições portuguesas ou da posição do país face ao exterior, incluindo das suas necessidades de financiamento externo no curto prazo.
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