Presidente do IGCP considera positiva futura subida das taxas de juro
Segundo Cristina Casalinho, Portugal tem capacidade para acomodar a mudança de paradigma da política monetária - que ainda demorará "dois ou três anos" a acontecer, não será imediato.
A presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) disse hoje, no parlamento, que a futura subida das taxas de juro deve ser encarada como positiva e que Portugal acomodará a mudança da política monetária.
"Devemos encarar como positiva uma subida das taxas de juro porque isso sinaliza que há uma normalização da atividade económica, significa que as economias estão a crescer de forma mais saudável. Com o que nos devemos preocupar não é tanto com a subidas das taxas de juro, nem tanto com a variação absoluta do acréscimo, mas como é que isso se conjuga com a 'equação-âncora' da sustentabilidade da dívida", disse Cristina Casalinho, perante os deputados da Comissão de Orçamento e Finanças.
A presidente do IGCP considera que o importante é que continuem a existir custos de financiamento menores do que o crescimento nominal da dívida, o "ciclo virtuoso da dívida pública", e disse que "nada faz acreditar que essa circunstância não se vai manter", até porque as autoridades monetárias estarão atentas.
Além disso, afirmou, Portugal tem capacidade para acomodar a mudança de paradigma da política monetária - que ainda demorará "dois ou três anos" a acontecer, não será imediato.
Cristina Casalinho disse ainda, perante os deputados, que as taxas de juro da dívida pública portuguesa estão a níveis semelhantes aos registados em 2019, antes da crise pandémica.
"Se compararmos hoje os níveis de taxas de juro quer em Portugal, quer na Europa, voltamos a estar em níveis de 2019. Se olharmos [os prazos da dívida] a dois anos, cinco anos, 10 anos, 30 anos, as taxas de juro - já depois da forte subida que se verificou ao longo dos últimos meses, sobretudo depois de março - verificamos que estão a níveis de 2019. Ou seja, apesar da elevação de taxas continuamos com taxas semelhantes às verificadas no mercado antes da pandemia, a níveis pré-covid", afirmou a responsável máxima do IGCP.
Já questionada sobre o excedente de liquidez do Estado, Cristina Casalinho afirmou que o IGCP considerava os 17 mil milhões de euros de depósitos do Estado no final do ano um valor "desadequado", pelo que tomou iniciativas para passar a um patamar que considera "mais razoável", de 10 mil milhões de euros.
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