O reflexo do passado na (des)União Europeia
O tempo de depender de exércitos alheios deve dar lugar ao tempo de confiar nas próprias forças — tal como Maquiavel advertiu — se a Europa quiser preservar a sua liberdade, respeito e protagonismo no século XXI.
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A Europa é, aos olhos do mundo ocidental, considerada um berço incontornável da civilização moderna. Desde a Antiguidade, os antigos impérios europeus, como os gregos e os romanos, deixaram marcas profundas que ainda hoje moldam as bases do nosso mundo contemporâneo. A democracia e a filosofia política, oriundas da Grécia Antiga, assim como a engenharia, a organização administrativa e o direito romano, permanecem pilares fundamentais das nossas sociedades atuais. Após um longo período de retração civilizacional durante a Idade Média, a Europa ressurgiu como catalisador global, dando origem a uma nova era de expansão e domínio que moldaria profundamente o mundo. A partir do século XVI, assistimos à proliferação de impérios europeus que, impulsionados pelo ímpeto das grandes navegações, estabeleceram vastos domínios ultramarinos. Portugal foi pioneiro neste movimento, seguido de perto por Espanha, França, Grã-Bretanha e Países Baixos. Mais tarde, já no século XIX, também a Alemanha e a Itália se aventuraram na criação de impérios coloniais. Estes impérios, ao competirem pela conquista de territórios além-mar, impulsionaram o desenvolvimento do comércio marítimo e, em consequência, robusteceram as suas marinhas para protegerem os seus interesses económicos e estratégicos. Paralelamente, no espaço continental, três grandes impérios — o russo, o austro-húngaro e o otomano — afirmaram-se como forças dominantes mais a leste, alicerçadas na continuidade geográfica e territorial, perdurando até à primeira grande guerra.
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