Oceanos Digitais: a nova geopolítica marítima
A digitalização dos oceanos, potenciada pela IA, altera os equilíbrios geopolíticos com implicações profundas.
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O mar é, desde sempre, um espaço de poder. Desde as grandes navegações até à atualidade, os oceanos moldaram impérios, alimentaram economias e foram palco de disputas estratégicas. Hoje, uma nova dimensão dessa influência começa a emergir, não tanto pelas águas em si, mas pelos dados que sobre elas se recolhem, analisam e integram. Bem-vindos à era dos Oceanos Digitais. Esta expressão refere-se ao uso intensivo de tecnologias digitais para representar, monitorizar e modelar o oceano, permitindo uma compreensão sem precedentes dos seus processos físicos, biológicos e químicos. Tal como os satélites revolucionaram a meteorologia, as novas infraestruturas digitais oceânicas estão a transformar a forma como observamos, exploramos e gerimos todo o espaço marítimo, dos portos à coluna de água, do fundo marinho às regiões polares. Projetos como o Digital Twin Ocean, promovido pelo programa europeu Destination Earth, criam réplicas virtuais dos oceanos baseadas em dados de satélites, sensores submarinos e modelos preditivos. Estes “gémeos virtuais” têm aplicações que vão da gestão de recursos à resposta a catástrofes, como marés negras ou tempestades tropicais.
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